A investigação foi realizada pela Corregedoria da PM e teve início depois de uma denúncia anônima. A partir daí, os policiais começaram a ser monitorados. Vinte e um policiais militares foram presos, acusados de extorquir dinheiro e produtos de comerciantes na Baixada Fluminense, no Rio.
Sexta-feira era o dia mais esperado da semana. Dia de patrulhamento especial para uma tropa de 22 policiais militares do batalhão de Mesquita, na Baixada Fluminense. O “sextou” desse grupo é chamado de “Tour da Propina” pelos investigadores. A quadrilha fardada é acusada de percorrer lojas e extorquir dinheiro de 54 comerciantes da região. Quem se recusava a colaborar com a “caixinha” da corrupção sofria ameaças.
A investigação foi realizada pela Corregedoria da PM e teve início depois de uma denúncia anônima. A partir daí, os policiais começaram a ser monitorados.
Cada um dos envolvidos no caso tinha uma câmera corporal presa ao uniforme. No Rio de Janeiro, o uso desse equipamento é obrigatório, e a não utilização é considerada falta grave. Na hora da extorsão, os PMs achavam que eram espertos o suficiente para evitar o flagrante das câmeras, mas não foi bem assim que aconteceu.
Tour da Propina: polícia prende 21 PMs acusados de extorquir dinheiro e até cerveja de comerciantes no RJ
Jornal Nacional/ Reprodução
Segundo os investigadores, eles retiravam a câmera do uniforme ou obstruíam a lente do equipamento. Mesmo assim, as câmeras continuavam registrando os diálogos. A denúncia do Ministério Público transcreve áudios das câmeras corporais. Em uma conversa entre dois PMs durante um deslocamento, eles mostram que não tinham pudor e falavam abertamente sobre a prática de corrupção.
“Eu não vou usar a câmera, eu vou filmar o meu próprio crime. Idiotice, cara, não tem coerência. O dia que eu for cometer um crime, eu não vou usar câmera. É para eles que eu estou falando, que a gente não é idiota. Acham que o policial é idiota. Eu não vou cometer crime com eles me olhando. Isso aí, esse negócio aí, que ficam olhando lá no monitor, olham por amostragem, não tem como olhar 10 mil policiais”.
“Extorsão é uma coisa muito séria. Denunciem de forma anônima para que a Polícia Militar possa chegar nessas pessoas que não refletem a maioria da nossa corporação. Isso é muito importante”, diz a tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da Polícia Militar do RJ.
Dos 22 PMs que tiveram mandados de prisão expedidos pela Auditoria de Justiça Militar, 21 foram cumpridos. Um deles não foi encontrado porque está de férias, fora do Rio. Segundo a corporação, o sargento disse que vai se entregar.
Polícia prende 21 PMs acusados de extorquir dinheiro e até cerveja de comerciantes no RJ
Jornal Nacional/ Reprodução
Os envolvidos são acusados de corrupção e associação criminosa: um subtenente; 11 sargentos; seis cabos; e quatro soldados que, de acordo com a investigação, eles não extorquiam apenas dinheiro dos comerciantes. Em outra transcrição de câmera corporal, um dos sargentos presos nesta quinta-feira (7) escolhe o que vai levar. A vítima pergunta:
Vítima: Vai levar um “packzinho”?
PM: Pode ser aquela.
E o PM diz o nome da marca da cerveja. Outro policial usa a seguinte expressão para definir o trabalho de mais uma sexta-feira:
“Vou aqui no meu arrêgo”, diz.
“Arrêgo” é uma palavra muito usada por bandidos, que significa propina.
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Sexta-feira era o dia mais esperado da semana. Dia de patrulhamento especial para uma tropa de 22 policiais militares do batalhão de Mesquita, na Baixada Fluminense. O “sextou” desse grupo é chamado de “Tour da Propina” pelos investigadores. A quadrilha fardada é acusada de percorrer lojas e extorquir dinheiro de 54 comerciantes da região. Quem se recusava a colaborar com a “caixinha” da corrupção sofria ameaças.
A investigação foi realizada pela Corregedoria da PM e teve início depois de uma denúncia anônima. A partir daí, os policiais começaram a ser monitorados.
Cada um dos envolvidos no caso tinha uma câmera corporal presa ao uniforme. No Rio de Janeiro, o uso desse equipamento é obrigatório, e a não utilização é considerada falta grave. Na hora da extorsão, os PMs achavam que eram espertos o suficiente para evitar o flagrante das câmeras, mas não foi bem assim que aconteceu.
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Jornal Nacional/ Reprodução
Segundo os investigadores, eles retiravam a câmera do uniforme ou obstruíam a lente do equipamento. Mesmo assim, as câmeras continuavam registrando os diálogos. A denúncia do Ministério Público transcreve áudios das câmeras corporais. Em uma conversa entre dois PMs durante um deslocamento, eles mostram que não tinham pudor e falavam abertamente sobre a prática de corrupção.
“Eu não vou usar a câmera, eu vou filmar o meu próprio crime. Idiotice, cara, não tem coerência. O dia que eu for cometer um crime, eu não vou usar câmera. É para eles que eu estou falando, que a gente não é idiota. Acham que o policial é idiota. Eu não vou cometer crime com eles me olhando. Isso aí, esse negócio aí, que ficam olhando lá no monitor, olham por amostragem, não tem como olhar 10 mil policiais”.
“Extorsão é uma coisa muito séria. Denunciem de forma anônima para que a Polícia Militar possa chegar nessas pessoas que não refletem a maioria da nossa corporação. Isso é muito importante”, diz a tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da Polícia Militar do RJ.
Dos 22 PMs que tiveram mandados de prisão expedidos pela Auditoria de Justiça Militar, 21 foram cumpridos. Um deles não foi encontrado porque está de férias, fora do Rio. Segundo a corporação, o sargento disse que vai se entregar.
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Jornal Nacional/ Reprodução
Os envolvidos são acusados de corrupção e associação criminosa: um subtenente; 11 sargentos; seis cabos; e quatro soldados que, de acordo com a investigação, eles não extorquiam apenas dinheiro dos comerciantes. Em outra transcrição de câmera corporal, um dos sargentos presos nesta quinta-feira (7) escolhe o que vai levar. A vítima pergunta:
Vítima: Vai levar um “packzinho”?
PM: Pode ser aquela.
E o PM diz o nome da marca da cerveja. Outro policial usa a seguinte expressão para definir o trabalho de mais uma sexta-feira:
“Vou aqui no meu arrêgo”, diz.
“Arrêgo” é uma palavra muito usada por bandidos, que significa propina.
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Postado em: 21:05