Governo anunciou que não irá adotar o horário de verão este ano. Sem a medida, contratação de reserva pode ajudar a atender aos horários de pico. Temporal provocou queda de postes de energia
Reprodução/RBS TV
Ao anunciar que o país não deve ter horário de verão em 2024, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou que o governo contrate todos os anos novas usinas no modelo de “reserva de capacidade”.
A medida, segundo o operador, é uma forma de assegurar o atendimento de energia quando o aumento do consumo e a redução da geração solar coincidem, no início da noite.
“Identificamos a necessidade de contratação de recursos para o atendimento da ponta [de demanda] noturna. Ou seja, os leilões de reserva de capacidade. Então, o ONS recomendou ao ministério que faça esses leilões […] todo ano para contratar potência para o sistema”, declarou o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, em entrevista na última quarta-feira (16).
Governo descarta volta do horário de verão neste ano
Esse cenário de oscilação das fontes renováveis ao longo do dia ao mesmo tempo em que há maior demanda por energia é um dos fatores que levam o governo a avaliar a adoção do horário de verão —em estudo para 2025.
Além do adiantamento dos relógios, a contratação de reserva pode ajudar a atender aos horários de pico.
Ainda em 2024, o governo pretende realizar um leilão para contratar usinas no modelo de “reserva de capacidade” — que servem como um “seguro” para o sistema elétrico, em momentos de pico de demanda e secas, por exemplo.
Leia nesta reportagem:
O que é “reserva de capacidade”?
Que tipo de usina pode ser contratada?
Quem paga pelas usinas?
O que é “reserva de capacidade”?
O superintendente de Geração de Energia da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Bernardo Folly Aguiar, explica que o leilão de reserva é um certame de “ajuste”, focado na segurança do suprimento de energia.
As usinas são contratadas para atender ao sistema em casos de necessidade, ajustando o equilíbrio do sistema quando há muita demanda ou pouca geração de energia.
Há duas formas de se contratar capacidade:
na forma de energia. Ou seja, se estiver faltando energia no sistema, se as usinas contratadas diretamente pelas distribuidoras não conseguirem suprir a demanda;
na forma de potência. Quando é preciso suprir energia de forma instantânea, em momentos determinados. Ou seja, as usinas contratadas precisam estar disponíveis para entregar uma quantidade de energia em um determinado momento.
“Estamos falando de um suprimento instantâneo. Então, é alguém que vai entregar naquele momento específico que o sistema precisa. Por exemplo, no momento de máximo consumo ou no instante em que a renovável gerou menos, entrou uma nuvem e o sol gerou menos, parou o vento”, explica Renato Haddad Machado, superintendente adjunto de Geração de Energia da EPE.
Vista aérea, Usina Termelétrica Termopernambuco (PE)
Divulgação/Neoenergia
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Que tipo de usina pode ser contratada?
Como a contratação serve para dar segurança ao sistema, as usinas devem gerar energia de forma constante.
Por isso, usinas solares e eólicas não podem ser contratadas nessa modalidade, uma vez que geram a depender da incidência de sol e vento.
Para o leilão de 2024, o governo deve contratar termelétricas e hidrelétricas. Embora a seca histórica no país coloque a disponibilidade das hidrelétricas em dúvida, a EPE ressalta que a diversidade de fontes é benéfica para o sistema.
“Ela [a hidrelétrica] tem incertezas em relação à geração? Tem, muito em função da hidrologia e tal, mas outras fontes também têm incertezas”, disse Aguiar.
A Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage) conta 14 usinas hidrelétricas existentes que poderiam ser ampliadas para fornecer energia de reserva no leilão de 2024.
“Parte dessas hidrelétricas que foram planejadas e executadas no passado já tem parte dos ativos construídos para fazer esse serviço. A gente entende, pelos estudos dos planos decenais passados, que elas são altamente competitivas, ou seja, podem fornecer esse serviço de potência com custo reduzido”, continuou o superintendente da EPE.
O governo também aventou a contratação de baterias nesse leilão, para possibilitar o aproveitamento das fontes solar e eólica. No entanto, a tecnologia será contratada separadamente, em um leilão de baterias planejado para junho de 2025.
Torres de energia eólica no litoral Norte do RN
Augusto César Gomes
Quem paga pelas usinas?
Para remunerar as usinas de reserva, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou um encargo, chamado de Encargo de Potência para Reserva de Capacidade (ERCAP).
O ERCAP vai cobrir os custos de contratação das usinas e será rateado entre todos os usuários do serviço, inclusive o consumidor residencial.
O custo do encargo vai ser dividido de acordo com o consumo líquido medido em um mês. Dessa forma, o valor será proporcional ao maior consumo horário do mês.
Como a Aneel antecipou a entrada em operação da usina termelétrica Termopernambuco, por causa da escassez hídrica, o ERCAP já vai ser cobrado a partir de novembro deste ano.
A usina, como as demais contratadas em 2021, só entraria em operação em 2026.
Reprodução/RBS TV
Ao anunciar que o país não deve ter horário de verão em 2024, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou que o governo contrate todos os anos novas usinas no modelo de “reserva de capacidade”.
A medida, segundo o operador, é uma forma de assegurar o atendimento de energia quando o aumento do consumo e a redução da geração solar coincidem, no início da noite.
“Identificamos a necessidade de contratação de recursos para o atendimento da ponta [de demanda] noturna. Ou seja, os leilões de reserva de capacidade. Então, o ONS recomendou ao ministério que faça esses leilões […] todo ano para contratar potência para o sistema”, declarou o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, em entrevista na última quarta-feira (16).
Governo descarta volta do horário de verão neste ano
Esse cenário de oscilação das fontes renováveis ao longo do dia ao mesmo tempo em que há maior demanda por energia é um dos fatores que levam o governo a avaliar a adoção do horário de verão —em estudo para 2025.
Além do adiantamento dos relógios, a contratação de reserva pode ajudar a atender aos horários de pico.
Ainda em 2024, o governo pretende realizar um leilão para contratar usinas no modelo de “reserva de capacidade” — que servem como um “seguro” para o sistema elétrico, em momentos de pico de demanda e secas, por exemplo.
Leia nesta reportagem:
O que é “reserva de capacidade”?
Que tipo de usina pode ser contratada?
Quem paga pelas usinas?
O que é “reserva de capacidade”?
O superintendente de Geração de Energia da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Bernardo Folly Aguiar, explica que o leilão de reserva é um certame de “ajuste”, focado na segurança do suprimento de energia.
As usinas são contratadas para atender ao sistema em casos de necessidade, ajustando o equilíbrio do sistema quando há muita demanda ou pouca geração de energia.
Há duas formas de se contratar capacidade:
na forma de energia. Ou seja, se estiver faltando energia no sistema, se as usinas contratadas diretamente pelas distribuidoras não conseguirem suprir a demanda;
na forma de potência. Quando é preciso suprir energia de forma instantânea, em momentos determinados. Ou seja, as usinas contratadas precisam estar disponíveis para entregar uma quantidade de energia em um determinado momento.
“Estamos falando de um suprimento instantâneo. Então, é alguém que vai entregar naquele momento específico que o sistema precisa. Por exemplo, no momento de máximo consumo ou no instante em que a renovável gerou menos, entrou uma nuvem e o sol gerou menos, parou o vento”, explica Renato Haddad Machado, superintendente adjunto de Geração de Energia da EPE.
Vista aérea, Usina Termelétrica Termopernambuco (PE)
Divulgação/Neoenergia
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Que tipo de usina pode ser contratada?
Como a contratação serve para dar segurança ao sistema, as usinas devem gerar energia de forma constante.
Por isso, usinas solares e eólicas não podem ser contratadas nessa modalidade, uma vez que geram a depender da incidência de sol e vento.
Para o leilão de 2024, o governo deve contratar termelétricas e hidrelétricas. Embora a seca histórica no país coloque a disponibilidade das hidrelétricas em dúvida, a EPE ressalta que a diversidade de fontes é benéfica para o sistema.
“Ela [a hidrelétrica] tem incertezas em relação à geração? Tem, muito em função da hidrologia e tal, mas outras fontes também têm incertezas”, disse Aguiar.
A Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage) conta 14 usinas hidrelétricas existentes que poderiam ser ampliadas para fornecer energia de reserva no leilão de 2024.
“Parte dessas hidrelétricas que foram planejadas e executadas no passado já tem parte dos ativos construídos para fazer esse serviço. A gente entende, pelos estudos dos planos decenais passados, que elas são altamente competitivas, ou seja, podem fornecer esse serviço de potência com custo reduzido”, continuou o superintendente da EPE.
O governo também aventou a contratação de baterias nesse leilão, para possibilitar o aproveitamento das fontes solar e eólica. No entanto, a tecnologia será contratada separadamente, em um leilão de baterias planejado para junho de 2025.
Torres de energia eólica no litoral Norte do RN
Augusto César Gomes
Quem paga pelas usinas?
Para remunerar as usinas de reserva, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou um encargo, chamado de Encargo de Potência para Reserva de Capacidade (ERCAP).
O ERCAP vai cobrir os custos de contratação das usinas e será rateado entre todos os usuários do serviço, inclusive o consumidor residencial.
O custo do encargo vai ser dividido de acordo com o consumo líquido medido em um mês. Dessa forma, o valor será proporcional ao maior consumo horário do mês.
Como a Aneel antecipou a entrada em operação da usina termelétrica Termopernambuco, por causa da escassez hídrica, o ERCAP já vai ser cobrado a partir de novembro deste ano.
A usina, como as demais contratadas em 2021, só entraria em operação em 2026.
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Postado em: 03:04