Escritor colecionou prêmios ao longo da carreira, como Machado de Assis – o mais importante da ABL -, quatro Jabutis e o Camões, o maior da língua portuguesa. Morre, aos 99 anos, o escritor Dalton Trevisan
O corpo de Dalton Trevisan foi cremado nesta terça-feira (10) em Curitiba. O escritor morreu na segunda-feira (9) aos 99 anos.
Dalton Trevisan evitava a todo custo aparições públicas. Os registros, em fotos, são poucos e antigos. Sua voz ficou gravada em um áudio no qual elogiou, na metade de 2024, o talento que tinha o amigo Poty Lazarotto, artista que ilustrou parte de seus livros.
“Ele sempre… Sempre se… Se antecipava. Nós fazíamos, falávamos alguma coisa, quando eu via ele tinha feito”.
Dalton Trevisan levava uma vida tão distante de holofotes que um de seus livros mais famosos acabou virando apelido: “O Vampiro de Curitiba” foi publicado em 1965.
“Eu caminhava muito com o Dalton, eu sabia que as pessoas tinham consciência de que era o escritor que elas gostavam, elas dificilmente incomodavam”, conta Fabiana Faversani, representante literária.
O escritor paranaense morreu na noite de segunda-feira (9) em Curitiba – cidade onde nasceu, viveu e fez, em quantidade e qualidade admiráveis, o que mais amava. As causas da morte não foram reveladas pela família.
Dalton Trevisan chegou a se formar em Direito, mas desembarcou rapidamente da carreira de advogado. Seu voo foi mesmo a ficção. Publicou mais de 50 livros ao longo da carreira, textos que fizeram dele um dos mais celebrados contistas do país. Colecionou prêmios, como Machado de Assis – o mais importante da Academia Brasileira de Letras -, quatro Jabutis e o Camões, o maior da língua portuguesa.
Além da discrição, Trevisan tinha outra obsessão: o texto enxuto, que forjou o estilo inconfundível.
“Foi uma obsessão dele ao longo de muito tempo cada vez dizer com menos palavras. Então, as obras dos anos 1990 a 2000 se tornam até um pouco mais enigmáticas. Para um leitor que não conheça a obra anterior dele, às vezes se perde em frases truncadas, aparentemente truncadas, mas isso foi feito com muita maestria”, afirma Raquel Bueno, pesquisadora UFPR.
Os contos descrevem o cotidiano de pessoas comuns e retratam angústias, incertezas, paixões, relações conflituosas, machismo. Embora “O Vampiro de Curitiba” tenha dado origem ao apelido definitivo, a primeira obra de destaque nacional veio antes: a coletânea de contos “Novelas Nada Exemplares” (1959).
Em 2024, perto do seu aniversário de 99 anos, Dalton Trevisan lançou seus dois primeiros títulos destinados ao público infantil e sempre trabalhou na reedição de contos antigos.
“Talvez ele não aguentasse muito essas homenagens que viriam do seu 100 anos de Dalton Trevisan, então, ele foi saindo um pouco nesse silêncio, nessa maneira muito própria, muito Dalton de ser”, afirma o ator, Luís Melo.
Na sua página na internet, a Academia Brasileira de Letras expressou pesar pela morte de Dalton Trevisan, um dos maiores narradores da ficção brasileira. Afirmou que, por mais de oito décadas, ele fascinou seus leitores com uma linguagem peculiar e minimalista; e que trata-se de um cronista personalíssimo navegando contra a corrente institucional do conto.
A Prefeitura de Curitiba disse que a cidade acordou triste; que Trevisan dedicou sua vida às palavras e às histórias da cidade. Descanse em paz, Dalton.
Dalton Trevisan morre aos 99 anos
Reprodução/TV Globo
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Por que Dalton Trevisan era conhecido como o ‘Vampiro de Curitiba’?
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“Ele sempre… Sempre se… Se antecipava. Nós fazíamos, falávamos alguma coisa, quando eu via ele tinha feito”.
Dalton Trevisan levava uma vida tão distante de holofotes que um de seus livros mais famosos acabou virando apelido: “O Vampiro de Curitiba” foi publicado em 1965.
“Eu caminhava muito com o Dalton, eu sabia que as pessoas tinham consciência de que era o escritor que elas gostavam, elas dificilmente incomodavam”, conta Fabiana Faversani, representante literária.
O escritor paranaense morreu na noite de segunda-feira (9) em Curitiba – cidade onde nasceu, viveu e fez, em quantidade e qualidade admiráveis, o que mais amava. As causas da morte não foram reveladas pela família.
Dalton Trevisan chegou a se formar em Direito, mas desembarcou rapidamente da carreira de advogado. Seu voo foi mesmo a ficção. Publicou mais de 50 livros ao longo da carreira, textos que fizeram dele um dos mais celebrados contistas do país. Colecionou prêmios, como Machado de Assis – o mais importante da Academia Brasileira de Letras -, quatro Jabutis e o Camões, o maior da língua portuguesa.
Além da discrição, Trevisan tinha outra obsessão: o texto enxuto, que forjou o estilo inconfundível.
“Foi uma obsessão dele ao longo de muito tempo cada vez dizer com menos palavras. Então, as obras dos anos 1990 a 2000 se tornam até um pouco mais enigmáticas. Para um leitor que não conheça a obra anterior dele, às vezes se perde em frases truncadas, aparentemente truncadas, mas isso foi feito com muita maestria”, afirma Raquel Bueno, pesquisadora UFPR.
Os contos descrevem o cotidiano de pessoas comuns e retratam angústias, incertezas, paixões, relações conflituosas, machismo. Embora “O Vampiro de Curitiba” tenha dado origem ao apelido definitivo, a primeira obra de destaque nacional veio antes: a coletânea de contos “Novelas Nada Exemplares” (1959).
Em 2024, perto do seu aniversário de 99 anos, Dalton Trevisan lançou seus dois primeiros títulos destinados ao público infantil e sempre trabalhou na reedição de contos antigos.
“Talvez ele não aguentasse muito essas homenagens que viriam do seu 100 anos de Dalton Trevisan, então, ele foi saindo um pouco nesse silêncio, nessa maneira muito própria, muito Dalton de ser”, afirma o ator, Luís Melo.
Na sua página na internet, a Academia Brasileira de Letras expressou pesar pela morte de Dalton Trevisan, um dos maiores narradores da ficção brasileira. Afirmou que, por mais de oito décadas, ele fascinou seus leitores com uma linguagem peculiar e minimalista; e que trata-se de um cronista personalíssimo navegando contra a corrente institucional do conto.
A Prefeitura de Curitiba disse que a cidade acordou triste; que Trevisan dedicou sua vida às palavras e às histórias da cidade. Descanse em paz, Dalton.
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Reprodução/TV Globo
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Postado em: 22:02