O general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice de Jair Bolsonaro em 2022, foi preso pela Polícia Federal na manhã deste sábado (14), no Rio de Janeiro. Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no inquérito que apurou a suposta tentativa de golpe para impedir a posse do governo Lula.
O motivo da prisão seria obstrução da Justiça. De acordo com a PF, em nota à imprensa, estão sendo cumpridos um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e “uma cautelar diversa da prisão contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal”. As medidas estão sendo cumpridas no Rio de Janeiro e em Brasília. O comunicado também informa que a operação têm como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas.
Braga Netto foi detido em Copacabana, com o apoio do Exército. Ele será entregue ao Comando Militar do Leste, onde fica sob custódia das Forças Armadas.
A defesa de Braga Netto ainda não se manifestou sobre a prisão preventiva. No último dia 6, em nota à imprensa, os advogados do general rechaçaram as suspeitas lançadas contra ele pela PF no inquérito que apurou a suposta tentativa de golpe de Estado.
“A Defesa técnica do General Walter Braga Netto reitera que o cliente não tomou conhecimento de documento que tratou de suposto golpe e muito menos do planejamento para assassinar alguém. Dessa forma, o General não coordenou e não aprovou plano qualquer nem forneceu recursos para tal”, diz a nota da defesa.
PF diz que Braga Netto obteve informações da delação de Mauro Cid
Braga Netto foi indiciado no fim de novembro pela PF por suspeita de participar do plano para um golpe que impedisse a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para a PF, ele cometeu os crimes de organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo as investigações, em 12 de novembro de 2022, ele teria aprovado, durante uma reunião em sua casa, um planejamento que incluía prender ou matar o ministro Alexandre de Moraes, bem como executar Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A prisão preventiva é baseada na suspeita de que ele teria obtido informações sigilosas sobre a investigação, o que poderia prejudicar o inquérito. Em busca e apreensão na sede do Partido Liberal (PL), a PF diz ter encontrado documento que descreve perguntas e respostas relacionadas ao acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que colaborou com o caso.
“O conteúdo indica se tratar de respostas dadas por Mauro Cid a questionamentos feitos por alguém, possivelmente relacionado ao general Braga Netto, que aparenta preocupação sobre temas identificados pela Polícia Federal relacionados à tentativa de golpe de Estado, evidenciando que o grupo criminoso praticou atos concretos para ter acesso ao conteúdo do Acordo de colaboração firmado por Mauro Cesar Cid com a Polícia Federal”, diz o relatório.
Ainda segundo a PF, ele teria obtido informações sobre a delação com os pais de Cid.
“Os elementos probatórios obtidos ao longo da investigação evidenciam a sua participação concreta nos atos relacionados a tentativa de Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, inclusive na tentativa de embaraçamento e obstrução do presente procedimento”, diz ainda o relatório final da investigação.
Defesa de Braga Netto criticou divulgação de indiciamento à imprensa
A defesa do general Walter Braga Netto repudiou “veementemente” o vazamento de informações de inquéritos à imprensa “em detrimento do devido acesso às partes diretamente envolvidas e interessadas”.
No dia da divulgação do relatório final, os advogados criticaram a “indevida difusão de informações” para a imprensa “em detrimento do devido acesso às partes diretamente envolvidas e interessadas”.
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