As balas nas colunas do Hospital Naval Marcílio Dias revelam a realidade da vida em uma unidade militar de saúde incrustrada numa comunidade que vive em guerra. Geriatra, mãe, filha, diretora e capitão do mar e guerra, Gisele Mendes de Souza e Mello tinha carreira promissora na Marinha, e poderia ser promovida a Almirante, sendo a quarta mulher na história da força militar a ocupar o cargo, conforme revelaram à CNN oficiais superiores. Foi, no entanto, vítima de uma bala perdida nessa terça-feira (10).
Desde 1995 na Marinha, Gisele estava trabalhando quando foi atingida. No momento, ocorria uma operação do Comando da Coordenadoria da Polícia Pacificadora (UPP) no Complexo do Lins.
Justamente pela carreira, a Marinha cogita oferecer à família de Gisele o protocolo de honras fúnebres, que inclui escolta e guarda especiais com homens armados, tiros de festim e pavilhão (bandeira) sobre o caixão.
Em nota, a Marinha do Brasil lamentou informar a morte e disse que “se solidariza com familiares e amigos e informa que está prestando todo o apoio nesse momento de grande dor e tristeza”.
“Uma das melhores comandantes com quem eu convivi! Dedicou a sua vida à Marinha, extremamente preocupada com o serviço e uma pessoa bastante gentil e compreensiva. Dava o sangue pela força e, ironicamente, morreu em serviço na instituição”, comentou uma pessoa na postagem da Marinha no Instagram.
“Sempre atenciosa e de caráter exemplar, ela foi uma profissional que marcou a vida de todos ao seu redor”, acrescentou outra. “Tristeza imensa em perder nossa chefe. Mas era Tragédia anunciada dentro do Lins! Vivemos dias difíceis todos os dias no HNMD. Operações no horário de entrada, tiros na madrugada, impedidos de entrar e sair por confrontos na comunidade. Essa é nossa rotina diária”, dizia outro comentário.
Fonte: CNN Brasil