A equipe da série ‘O Sonho Americano’ esteve no estado do Michigan, para visitar Dearborn, a cidade mais árabe dos Estados Unidos. O Sonho Americano: série especial investiga o peso do eleitorado árabe
O episódio deste sábado (2) da viagem especial do Jornal Nacional pelos Estados Unidos investiga o peso e as inclinações políticas dos eleitores de origem árabe. Um grupo que pode decidir quem será o próximo presidente americano.
Uma cidade se tornou muito importante para as eleições americanas: Dearborn, no estado do Michigan. O que acontece nos Estados Unidos é que a cada ciclo eleitoral, um grupo – muitas vezes pequeno de pessoas – ganha uma importância muito grande para as eleições. É por causa da forma como funcionam as eleições americanas. Não é quem tem mais voto pelo país inteiro que ganha, mas é por estado.
Então, às vezes, pode ser que sejam importantes um grupo dos cubanos na Flórida ou dos mórmons em Nevada. Em 2024, são os árabes de Dearborn, no Michigan. Aí os candidatos gastam muito tempo e muito dinheiro para cortejar esses eleitores. Esses árabes do Michigan não estão nada felizes com o apoio americano a Israel nas guerras em Gaza e no Líbano. Por isso, eles não sabem como vão votar em 2024, como mostra o sexto episódio da série “O Sonho Americano”.
Nas salas eram montados carros que eram exportados para o mundo inteiro. A região já foi muito prospera. Hoje, as montadoras se mudaram para longe. Mas as pessoas que trabalhavam nessas fábricas continuam por lá, e gerações após gerações elas continuam atrás do sonho americano.
A lua é o símbolo que guia a fé islâmica. A equipe do Jornal Nacional esteve em Dearborn, no estado do Michigan. Um lugar único, onde fica a maior mesquita dos Estados Unidos.
Na cozinha da mesquita, a primeira prova que temos por lá de que nada une tanto quanto a comida. A Lubna levou o filho para fazer pão e biscoitos. Mas todo mundo que entra na cozinha acaba trabalhando.
“Eu tenho muito orgulho da minha origem libanesa. E gosto muito de morar aqui em Dearborn. Eu posso praticar minha religião. Falo árabe fluentemente”, conta.
Dearborn, no estado do Michigan: onde fica a maior mesquita dos Estados Unidos
Jornal Nacional/ Reprodução
As mesmas fábricas que hoje estão abandonadas impulsionaram a imigração para Dearborn, de gente principalmente do Líbano, mas de todo o Oriente Médio. Por isso, em Dearborn, no estado do Michigan, fica o único museu árabe do país.
“A comunidade árabe está aqui há décadas. Muitos vieram trabalhar nas montadoras de carros. E, uma vez que estavam aqui, as famílias começaram a vir também”, diz.
Hoje, o estado tem 300 mil descendentes de imigrantes do Oriente Médio. Alguns são muçulmanos, outros, cristãos. Mas todos unidos pela origem e pela comida.
“Essa receita é do meu avô, como ele fazia em Nablus”, conta Khaldon Masri.
Foi o pai do Khaldon que levou a iguaria para os Estados Unidos. É muito difícil de encontrar em outro lugar que não em Dearborn.
Felipe Santana, repórter: Olha só como estica o queijo. Olha só que honra provar saindo do forno. Mas fresco que isso não pode ser. É um queijo doce, que eles comem em qualquer momento: café da manhã, almoço, jantar, sobremesa. Muito bom.
“Meu coração é palestino e bate forte”, afirma Khaldon.
Os dois são americanos, mas se sentem libanesa e palestino. Em um momento trágico para esses dois povos. Os Estados Unidos são os maiores aliados de Israel; apoiaram a criação do Estado em 1948. Aos poucos, se tornaram aliados militares na região. Hoje, são responsáveis por 16% do orçamento da defesa israelense e cooperam em desenvolvimento de tecnologia militar. É uma questão histórica, de política de Estado, que depende pouco do presidente em exercício.
Série do Jornal Nacional investiga o peso e as inclinações políticas dos eleitores de origem árabe nos EUA
Jornal Nacional/ Reprodução
O atentado terrorista do Hamas de 7 de outubro de 2023 foi para Israel como o 11 de setembro para os Estados Unidos. O governo israelense prometeu continuar a guerra até aniquilar completamente o Hamas e até o grupo extremista Hezbollah parar de ameaçar israelenses perto da fronteira libanesa.
Antes da guerra, o presidente Joe Biden tinha receio da ascensão da extrema-direita em Israel. Mas quando o assunto é guerra, nunca há dúvida: Estados Unidos e Israel estão lado a lado. Um terço do eleitorado americano aprova o apoio americano aos israelenses, tanto na Faixa de Gaza quanto no Líbano.
“Nesse momento, sua nacionalidade não importa. O que importa é se você é humano ou não”, diz.
“É difícil viver em um país que é claramente contra as pessoas que você ama”, afirma Khaldon.
Esse pensamento pode decidir a eleição de 2024, se olharmos de perto para Dearborn. Porque a eleição americana é por estado, e cada um vale um número de pontos. Para vencer, o candidato tem que somar 270. Só que, na maior parte desses estados, já se sabe quem vai ganhar, porque têm tradição de votar ou republicano ou democrata. É sempre assim.
Só que tem alguns estados que não têm essa tradição. Isso muda a cada eleição, a população está dividida. Um desses estados é Michigan. Donald Trump venceu lá em 2016 por apenas 10 mil votos de diferença. Em 2020, Joe Biden venceu com apenas 150 mil votos de diferença. Só que apenas os eleitores registrados como muçulmanos são 200 mil votos. A maior parte desses votos foi para Biden na última eleição.
“Nós sempre fomos eleitores democratas muito fiéis, mas é óbvio que agora não somos mais. Nós nos tornamos eleitores que têm apenas uma prioridade: acabar com o sofrimento. É questão de humanidade”, diz.
Muitos desses eleitores pretendem votar na candidata do Partido Verde, que você provavelmente não conhece, mas se chama Jill Stein. Ela tem só 1% de intenção de votos nas pesquisas.
“É uma tentativa de colocar alguém a mais no jogo, porque as eleições sempre são com as mesmas pessoas”, afirma Khaldon.
“É um jeito de dar uma voz aos independentes. Hoje, mais do que nunca, é hora de dar voz aos que não têm”, opina.
Série do Jornal Nacional investiga o peso e as inclinações políticas dos eleitores de origem árabe nos EUA
Jornal Nacional/ Reprodução
A decepção dos eleitores árabes americanos com o apoio de Biden a Israel pode custar a eleição para os democratas. Porque, na prática, os votos na candidata independente não vão ser suficientes para elegê-la, mas vão enfraquecer o Partido Democrata no Michigan e aumentar a probabilidade de uma vitória de Donald Trump no estado e, consequentemente, no país.
Na mesquita, a vigília é pelo Líbano. Os biscoitos e os pães da cozinha são para juntar dinheiro para os refugiados libaneses. É o jeito de não perder a conexão com as origens e passar para frente o sonho americano, que só se vive em Dearborn.
“Meu sonho é que meu filho se sinta bem sendo quem ele é, com o que quiser aprender e com a religião que queira. Aqui nos Estados Unidos é importante que a gente continue seguindo em frente e nunca volte atrás”, afirma.
No g1, você encontra reportagens e análises que ajudam a entender a eleição americana, bem diferente da nossa. O g1 está preparando uma página especial que vai mostrar a contagem dos votos em tempo real e vai tratar do impacto que o resultado pode ter para o Brasil. Ao longo de toda a cobertura, você pode entrar no g1 a qualquer momento para ver os números atualizados.
O SONHO AMERICANO
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O episódio deste sábado (2) da viagem especial do Jornal Nacional pelos Estados Unidos investiga o peso e as inclinações políticas dos eleitores de origem árabe. Um grupo que pode decidir quem será o próximo presidente americano.
Uma cidade se tornou muito importante para as eleições americanas: Dearborn, no estado do Michigan. O que acontece nos Estados Unidos é que a cada ciclo eleitoral, um grupo – muitas vezes pequeno de pessoas – ganha uma importância muito grande para as eleições. É por causa da forma como funcionam as eleições americanas. Não é quem tem mais voto pelo país inteiro que ganha, mas é por estado.
Então, às vezes, pode ser que sejam importantes um grupo dos cubanos na Flórida ou dos mórmons em Nevada. Em 2024, são os árabes de Dearborn, no Michigan. Aí os candidatos gastam muito tempo e muito dinheiro para cortejar esses eleitores. Esses árabes do Michigan não estão nada felizes com o apoio americano a Israel nas guerras em Gaza e no Líbano. Por isso, eles não sabem como vão votar em 2024, como mostra o sexto episódio da série “O Sonho Americano”.
Nas salas eram montados carros que eram exportados para o mundo inteiro. A região já foi muito prospera. Hoje, as montadoras se mudaram para longe. Mas as pessoas que trabalhavam nessas fábricas continuam por lá, e gerações após gerações elas continuam atrás do sonho americano.
A lua é o símbolo que guia a fé islâmica. A equipe do Jornal Nacional esteve em Dearborn, no estado do Michigan. Um lugar único, onde fica a maior mesquita dos Estados Unidos.
Na cozinha da mesquita, a primeira prova que temos por lá de que nada une tanto quanto a comida. A Lubna levou o filho para fazer pão e biscoitos. Mas todo mundo que entra na cozinha acaba trabalhando.
“Eu tenho muito orgulho da minha origem libanesa. E gosto muito de morar aqui em Dearborn. Eu posso praticar minha religião. Falo árabe fluentemente”, conta.
Dearborn, no estado do Michigan: onde fica a maior mesquita dos Estados Unidos
Jornal Nacional/ Reprodução
As mesmas fábricas que hoje estão abandonadas impulsionaram a imigração para Dearborn, de gente principalmente do Líbano, mas de todo o Oriente Médio. Por isso, em Dearborn, no estado do Michigan, fica o único museu árabe do país.
“A comunidade árabe está aqui há décadas. Muitos vieram trabalhar nas montadoras de carros. E, uma vez que estavam aqui, as famílias começaram a vir também”, diz.
Hoje, o estado tem 300 mil descendentes de imigrantes do Oriente Médio. Alguns são muçulmanos, outros, cristãos. Mas todos unidos pela origem e pela comida.
“Essa receita é do meu avô, como ele fazia em Nablus”, conta Khaldon Masri.
Foi o pai do Khaldon que levou a iguaria para os Estados Unidos. É muito difícil de encontrar em outro lugar que não em Dearborn.
Felipe Santana, repórter: Olha só como estica o queijo. Olha só que honra provar saindo do forno. Mas fresco que isso não pode ser. É um queijo doce, que eles comem em qualquer momento: café da manhã, almoço, jantar, sobremesa. Muito bom.
“Meu coração é palestino e bate forte”, afirma Khaldon.
Os dois são americanos, mas se sentem libanesa e palestino. Em um momento trágico para esses dois povos. Os Estados Unidos são os maiores aliados de Israel; apoiaram a criação do Estado em 1948. Aos poucos, se tornaram aliados militares na região. Hoje, são responsáveis por 16% do orçamento da defesa israelense e cooperam em desenvolvimento de tecnologia militar. É uma questão histórica, de política de Estado, que depende pouco do presidente em exercício.
Série do Jornal Nacional investiga o peso e as inclinações políticas dos eleitores de origem árabe nos EUA
Jornal Nacional/ Reprodução
O atentado terrorista do Hamas de 7 de outubro de 2023 foi para Israel como o 11 de setembro para os Estados Unidos. O governo israelense prometeu continuar a guerra até aniquilar completamente o Hamas e até o grupo extremista Hezbollah parar de ameaçar israelenses perto da fronteira libanesa.
Antes da guerra, o presidente Joe Biden tinha receio da ascensão da extrema-direita em Israel. Mas quando o assunto é guerra, nunca há dúvida: Estados Unidos e Israel estão lado a lado. Um terço do eleitorado americano aprova o apoio americano aos israelenses, tanto na Faixa de Gaza quanto no Líbano.
“Nesse momento, sua nacionalidade não importa. O que importa é se você é humano ou não”, diz.
“É difícil viver em um país que é claramente contra as pessoas que você ama”, afirma Khaldon.
Esse pensamento pode decidir a eleição de 2024, se olharmos de perto para Dearborn. Porque a eleição americana é por estado, e cada um vale um número de pontos. Para vencer, o candidato tem que somar 270. Só que, na maior parte desses estados, já se sabe quem vai ganhar, porque têm tradição de votar ou republicano ou democrata. É sempre assim.
Só que tem alguns estados que não têm essa tradição. Isso muda a cada eleição, a população está dividida. Um desses estados é Michigan. Donald Trump venceu lá em 2016 por apenas 10 mil votos de diferença. Em 2020, Joe Biden venceu com apenas 150 mil votos de diferença. Só que apenas os eleitores registrados como muçulmanos são 200 mil votos. A maior parte desses votos foi para Biden na última eleição.
“Nós sempre fomos eleitores democratas muito fiéis, mas é óbvio que agora não somos mais. Nós nos tornamos eleitores que têm apenas uma prioridade: acabar com o sofrimento. É questão de humanidade”, diz.
Muitos desses eleitores pretendem votar na candidata do Partido Verde, que você provavelmente não conhece, mas se chama Jill Stein. Ela tem só 1% de intenção de votos nas pesquisas.
“É uma tentativa de colocar alguém a mais no jogo, porque as eleições sempre são com as mesmas pessoas”, afirma Khaldon.
“É um jeito de dar uma voz aos independentes. Hoje, mais do que nunca, é hora de dar voz aos que não têm”, opina.
Série do Jornal Nacional investiga o peso e as inclinações políticas dos eleitores de origem árabe nos EUA
Jornal Nacional/ Reprodução
A decepção dos eleitores árabes americanos com o apoio de Biden a Israel pode custar a eleição para os democratas. Porque, na prática, os votos na candidata independente não vão ser suficientes para elegê-la, mas vão enfraquecer o Partido Democrata no Michigan e aumentar a probabilidade de uma vitória de Donald Trump no estado e, consequentemente, no país.
Na mesquita, a vigília é pelo Líbano. Os biscoitos e os pães da cozinha são para juntar dinheiro para os refugiados libaneses. É o jeito de não perder a conexão com as origens e passar para frente o sonho americano, que só se vive em Dearborn.
“Meu sonho é que meu filho se sinta bem sendo quem ele é, com o que quiser aprender e com a religião que queira. Aqui nos Estados Unidos é importante que a gente continue seguindo em frente e nunca volte atrás”, afirma.
No g1, você encontra reportagens e análises que ajudam a entender a eleição americana, bem diferente da nossa. O g1 está preparando uma página especial que vai mostrar a contagem dos votos em tempo real e vai tratar do impacto que o resultado pode ter para o Brasil. Ao longo de toda a cobertura, você pode entrar no g1 a qualquer momento para ver os números atualizados.
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Postado em: 22:00