Internacional
‘O Sonho Americano’: série especial do JN investiga o que motiva os eleitores nos EUA
Equipe faz viagem de motorhome por estados decisivos para a eleição presidencial de 5 de novembro. Reportagens vão investigar o que seria, hoje, o sonho americano. O Sonho Americano: série especial do JN investiga o que motiva os eleitores nos EUA
Uma viagem para descobrir o que seria hoje o famoso “sonho americano”. Quais são os ideais que tocam os corações dos cidadãos nos Estados Unidos – e que vão ser decisivos na escolha que eles vão fazer nas urnas?
A expressão “sonho americano” é muito comum nos Estados Unidos. A gente ouve filmes, livros, na TV o tempo todo. É basicamente para definir uma terra de oportunidades, que se você trabalhar, você faz a sua vida. Mas o que se tem notado nos últimos anos, é que os americanos estão questionando muito esse conceito. Eles se perguntam: o sonho americano ainda existe?
Por isso, o Jornal Nacional escolheu fazer essa viagem de investigação a uma semana das eleições americanas, porque eles vão tomar uma decisão política importante para eles e para o mundo.
O motorhome do JN vai passar por seis estados do chamado Cinturão da Ferrugem. Esses estados são chamados assim porque lá, antigamente, havia muitas fábricas. Só que, com o passar do tempo, elas fecharam ou se mudaram para outros lugares. E aí, o pessoal dessa região está vivendo uma espécie de crise de esperança.
Você se lembra do frio na barriga que sentia ao descer de um escorregador? Para os alunos de uma escola, o recreio é um momento de muitas emoções. Mas não para todo mundo. O chão é feito de serragem. Algumas crianças não conseguem nem chegar perto de onde a ação acontece, quanto mais brincar. Sempre foi assim. Alguns ficam de fora. Parecia normal. Até que o Rhys olhou para a cena com outros olhos.
“Eles simplesmente ficavam sentados ali do lado. Era triste”, diz Rhys.
Betsy, a professora da turma da quinta série, acompanhou o momento.
“Meus alunos tiveram um momento eureka. Eles disseram: ‘Isso não está certo’”, conta.
Muitas das crianças em cadeiras de rodas têm dificuldades até para expressar o que sentem. O Felix se comunica através de um tablet em que digita as palavras. Mas ele é tímido com estranhos, e a mãe dele ajudou.
“É muito triste vê-lo separado dos outros. Ele já é separado de tantas formas”, lamenta a mãe.
“A gente decidiu fazer alguma coisa”, conta Rhys.
Só que eles não sabiam que seria tão difícil.
“A gente começou a pesquisar e viu que só um balanço custava US$ 150 mil”, lembra Betsy.
A escola não tinha dinheiro para isso.
“Eles fizeram uma lista de pessoas para ligar para pedir dinheiro. Lá tinha, por exemplo, ligar para o presidente. Eu mantive a boca fechada e disse: ‘Tentem’. Eles ouviram muito não”, conta Betsy.
Mas continuaram. Saíram de porta em porta batendo na vizinhança de Hopkins, no estado de Minnesota. E é nessa cidade que o Jornal Nacional começou nesta segunda-feira (28) uma viagem pelos Estados Unidos. Vamos percorrer estados-chave para as eleições americanas em 2024. O objetivo é chegar na terça-feira (5), dia da eleição, chegar até a capital, Washington.
Vamos conhecer os americanos de verdade, no momento em que escolhem quem será o próximo presidente. E, assim, entender do que é formado esse país hoje. Donald Trump ou Kamala Harris: qual deles representa mais hoje o sonho americano – se é que ele existe?
A primeira vez em que esse termo apareceu por escrito foi em 1931. O escritor James Adams definiu o sonho americano como:
“O sonho de uma terra em que a vida poderia ser melhor e mais rica para qualquer pessoa, com oportunidades para todos”.
Mas o que é esse sonho hoje? Essa investigação começou na feira estadual de Minnesota. Um dos melhores lugares para tomar um banho de gente. Uma demonstração de tudo o que há de melhor no coração dos Estados Unidos.
“Eu estou vivendo o sonho americano, que para mim é encontrar sua paixão e poder fazer isso todo dia”, afirma uma moradora.
Minnesota é um dos maiores produtores de laticínios do país.
“Para mim, é o sonho americano: você poder escolher se quer fazer manteiga, ou ser um piloto, ou esculpir manteiga”, diz um americano.
Em ano eleitoral, nem o concurso de arte feita com sementes escapa da questão: Kamala ou Trump? Afinal, nos Estados Unidos, todo mundo tem a liberdade de votar em quem quiser.
Quem aparece muito por lá também é o candidato a vice democrata, Tim Walz, que é, por acaso, governador do estado de Minnesota. Por isso, ganhou até barraquinha própria na feira gigante. A placa diz: “Nunca Walz!”. Na roleta, críticas de todos os tipos ao governador.
“Ele não é da minha inclinação política. Eu acho que é muito importante o direito de você manifestar sua opinião sem ter medo de repressão”, afirma um morador.
“Democracia é deixarem a gente votar em quem quiser. Se você quiser votar na Kamala e no Tim Walz o problema é seu, mas você é burro”, diz uma moradora.
“Eu sou de uma era em que a gente respeita uma regra: se você perdeu, você perdeu. Se você ganhou, todos os louros”, afirma um outro morador.
A transição pacífica de poder é quase um milagre da democracia americana. Desde 1801, um presidente passava a faixa para o outro de boa. Em 2020, pela primeira vez, o candidato derrotado não reconheceu a derrota e pediu para que seus apoiadores não deixassem o vencedor assumir. Foi um dos pontos mais baixos da história da democracia americana. 81% dos americanos acreditam hoje que a democracia esteja ameaçada – um recorde. Mas na feira de Minnesota, todos a defendem.
“A democracia é um bom jeito de alcançarmos nossos objetivos e trabalharmos juntos”, afirma um morador.
“A gente vê ali o pessoal que é contra o Tim Walz, mas você não vê brigas e todos estão comendo da mesma comida”, diz uma moradora.
“Nosso sistema é um trabalho em andamento. Tem que melhorar, mas é um bom modelo”, afirma opina um morador.
O documento fundador dos Estados Unidos é de 1788 e começa dizendo: “We the people,” ou “Nós, o povo”. É a Constituição que deixa, logo de cara, claro que o poder vem do povo unido. No começo, esse “povo unido” eram só os homens brancos. Mas depois, cada vez mais gente foi entendendo que a democracia de verdade depende de considerar todas as vozes. E houve revoltas de todos os tipos para incluir mais gente na famosa frase “nós, o povo”.
A mais recente começou mesmo em Minnesota, quando George Floyd foi brutalmente assassinado por um policial. Depois disso, começou e se espalhou por todo o país um movimento que dizia que as vidas negras importam.
Esse fortalecimento da democracia vem da liderança de gente com sensibilidade, que entende que, trabalhando junto, o povo é mais forte. Não importa a idade.
“Foi tudo muito pessoal para mim, porque eu sabia que estava fazendo para crianças como meu irmão”, afirma Rhys.
Foi por isso que o Rhys começou a mobilizar a turma na escola em Minnesota. Foram de porta em porta, os “nãos”, aos poucos, se transformaram em “sins.” Eles venderam doces, organizaram eventos, chamaram atenção… E, um dia, o primeiro grande cheque chegou. Depois mais um e mais outro.
“Eu me lembro muito bem. Eles levantaram e começaram a dançar, a gritar. Mas eu acho que o que os inspirou a continuar foi que eles entenderam que a voz de cada um importa”, conta Betsy.
Com todas as vozes juntas, por um bem comum, o cofrinho explodiu. E juntaram, juntos, quase US$ 1 milhão. E o sonho de uma turma unida, sem barreiras, se materializou. No dia da abertura, o Felix foi correndo até uma lojinha de faz-de-conta e saiu pelas estradas que foram feitas só para ele. E aí ele até falou com a equipe do Jornal Nacional. Disse que essas estradas são a coisa que ele mais gostou. E todo mundo pôde brincar no balanço e girar juntos.
É difícil para a professora Betsy não se comover porque ela é mãe do Luke, que também não podia brincar.
“Isso tudo me ensinou que, de verdade, não importa seu gênero ou sua raça, etnia ou religião. Todas as pessoas têm uma voz que conta”, diz Betsy.
Foi também o primeiro dia que o Felix usou uma palavra grande que surpreendeu até seus pais:
“Meu parque é extraordinário”.
Em torno de um bem comum, esses jovens se organizaram para dar a chance para todo mundo ser o que quiser. Por isso, o capítulo um do sonho americano não é ficar rico. O capítulo um do sonho americano é a democracia.
O SONHO AMERICANO
Crianças arrecadam US$ 1 milhão para construir parquinho e incluir alunos com deficiência em escola dos EUA: ‘Sonho americano’
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A expressão “sonho americano” é muito comum nos Estados Unidos. A gente ouve filmes, livros, na TV o tempo todo. É basicamente para definir uma terra de oportunidades, que se você trabalhar, você faz a sua vida. Mas o que se tem notado nos últimos anos, é que os americanos estão questionando muito esse conceito. Eles se perguntam: o sonho americano ainda existe?
Por isso, o Jornal Nacional escolheu fazer essa viagem de investigação a uma semana das eleições americanas, porque eles vão tomar uma decisão política importante para eles e para o mundo.
O motorhome do JN vai passar por seis estados do chamado Cinturão da Ferrugem. Esses estados são chamados assim porque lá, antigamente, havia muitas fábricas. Só que, com o passar do tempo, elas fecharam ou se mudaram para outros lugares. E aí, o pessoal dessa região está vivendo uma espécie de crise de esperança.
Você se lembra do frio na barriga que sentia ao descer de um escorregador? Para os alunos de uma escola, o recreio é um momento de muitas emoções. Mas não para todo mundo. O chão é feito de serragem. Algumas crianças não conseguem nem chegar perto de onde a ação acontece, quanto mais brincar. Sempre foi assim. Alguns ficam de fora. Parecia normal. Até que o Rhys olhou para a cena com outros olhos.
“Eles simplesmente ficavam sentados ali do lado. Era triste”, diz Rhys.
Betsy, a professora da turma da quinta série, acompanhou o momento.
“Meus alunos tiveram um momento eureka. Eles disseram: ‘Isso não está certo’”, conta.
Muitas das crianças em cadeiras de rodas têm dificuldades até para expressar o que sentem. O Felix se comunica através de um tablet em que digita as palavras. Mas ele é tímido com estranhos, e a mãe dele ajudou.
“É muito triste vê-lo separado dos outros. Ele já é separado de tantas formas”, lamenta a mãe.
“A gente decidiu fazer alguma coisa”, conta Rhys.
Só que eles não sabiam que seria tão difícil.
“A gente começou a pesquisar e viu que só um balanço custava US$ 150 mil”, lembra Betsy.
A escola não tinha dinheiro para isso.
“Eles fizeram uma lista de pessoas para ligar para pedir dinheiro. Lá tinha, por exemplo, ligar para o presidente. Eu mantive a boca fechada e disse: ‘Tentem’. Eles ouviram muito não”, conta Betsy.
Mas continuaram. Saíram de porta em porta batendo na vizinhança de Hopkins, no estado de Minnesota. E é nessa cidade que o Jornal Nacional começou nesta segunda-feira (28) uma viagem pelos Estados Unidos. Vamos percorrer estados-chave para as eleições americanas em 2024. O objetivo é chegar na terça-feira (5), dia da eleição, chegar até a capital, Washington.
Vamos conhecer os americanos de verdade, no momento em que escolhem quem será o próximo presidente. E, assim, entender do que é formado esse país hoje. Donald Trump ou Kamala Harris: qual deles representa mais hoje o sonho americano – se é que ele existe?
A primeira vez em que esse termo apareceu por escrito foi em 1931. O escritor James Adams definiu o sonho americano como:
“O sonho de uma terra em que a vida poderia ser melhor e mais rica para qualquer pessoa, com oportunidades para todos”.
Mas o que é esse sonho hoje? Essa investigação começou na feira estadual de Minnesota. Um dos melhores lugares para tomar um banho de gente. Uma demonstração de tudo o que há de melhor no coração dos Estados Unidos.
“Eu estou vivendo o sonho americano, que para mim é encontrar sua paixão e poder fazer isso todo dia”, afirma uma moradora.
Minnesota é um dos maiores produtores de laticínios do país.
“Para mim, é o sonho americano: você poder escolher se quer fazer manteiga, ou ser um piloto, ou esculpir manteiga”, diz um americano.
Em ano eleitoral, nem o concurso de arte feita com sementes escapa da questão: Kamala ou Trump? Afinal, nos Estados Unidos, todo mundo tem a liberdade de votar em quem quiser.
Quem aparece muito por lá também é o candidato a vice democrata, Tim Walz, que é, por acaso, governador do estado de Minnesota. Por isso, ganhou até barraquinha própria na feira gigante. A placa diz: “Nunca Walz!”. Na roleta, críticas de todos os tipos ao governador.
“Ele não é da minha inclinação política. Eu acho que é muito importante o direito de você manifestar sua opinião sem ter medo de repressão”, afirma um morador.
“Democracia é deixarem a gente votar em quem quiser. Se você quiser votar na Kamala e no Tim Walz o problema é seu, mas você é burro”, diz uma moradora.
“Eu sou de uma era em que a gente respeita uma regra: se você perdeu, você perdeu. Se você ganhou, todos os louros”, afirma um outro morador.
A transição pacífica de poder é quase um milagre da democracia americana. Desde 1801, um presidente passava a faixa para o outro de boa. Em 2020, pela primeira vez, o candidato derrotado não reconheceu a derrota e pediu para que seus apoiadores não deixassem o vencedor assumir. Foi um dos pontos mais baixos da história da democracia americana. 81% dos americanos acreditam hoje que a democracia esteja ameaçada – um recorde. Mas na feira de Minnesota, todos a defendem.
“A democracia é um bom jeito de alcançarmos nossos objetivos e trabalharmos juntos”, afirma um morador.
“A gente vê ali o pessoal que é contra o Tim Walz, mas você não vê brigas e todos estão comendo da mesma comida”, diz uma moradora.
“Nosso sistema é um trabalho em andamento. Tem que melhorar, mas é um bom modelo”, afirma opina um morador.
O documento fundador dos Estados Unidos é de 1788 e começa dizendo: “We the people,” ou “Nós, o povo”. É a Constituição que deixa, logo de cara, claro que o poder vem do povo unido. No começo, esse “povo unido” eram só os homens brancos. Mas depois, cada vez mais gente foi entendendo que a democracia de verdade depende de considerar todas as vozes. E houve revoltas de todos os tipos para incluir mais gente na famosa frase “nós, o povo”.
A mais recente começou mesmo em Minnesota, quando George Floyd foi brutalmente assassinado por um policial. Depois disso, começou e se espalhou por todo o país um movimento que dizia que as vidas negras importam.
Esse fortalecimento da democracia vem da liderança de gente com sensibilidade, que entende que, trabalhando junto, o povo é mais forte. Não importa a idade.
“Foi tudo muito pessoal para mim, porque eu sabia que estava fazendo para crianças como meu irmão”, afirma Rhys.
Foi por isso que o Rhys começou a mobilizar a turma na escola em Minnesota. Foram de porta em porta, os “nãos”, aos poucos, se transformaram em “sins.” Eles venderam doces, organizaram eventos, chamaram atenção… E, um dia, o primeiro grande cheque chegou. Depois mais um e mais outro.
“Eu me lembro muito bem. Eles levantaram e começaram a dançar, a gritar. Mas eu acho que o que os inspirou a continuar foi que eles entenderam que a voz de cada um importa”, conta Betsy.
Com todas as vozes juntas, por um bem comum, o cofrinho explodiu. E juntaram, juntos, quase US$ 1 milhão. E o sonho de uma turma unida, sem barreiras, se materializou. No dia da abertura, o Felix foi correndo até uma lojinha de faz-de-conta e saiu pelas estradas que foram feitas só para ele. E aí ele até falou com a equipe do Jornal Nacional. Disse que essas estradas são a coisa que ele mais gostou. E todo mundo pôde brincar no balanço e girar juntos.
É difícil para a professora Betsy não se comover porque ela é mãe do Luke, que também não podia brincar.
“Isso tudo me ensinou que, de verdade, não importa seu gênero ou sua raça, etnia ou religião. Todas as pessoas têm uma voz que conta”, diz Betsy.
Foi também o primeiro dia que o Felix usou uma palavra grande que surpreendeu até seus pais:
“Meu parque é extraordinário”.
Em torno de um bem comum, esses jovens se organizaram para dar a chance para todo mundo ser o que quiser. Por isso, o capítulo um do sonho americano não é ficar rico. O capítulo um do sonho americano é a democracia.
O SONHO AMERICANO
Crianças arrecadam US$ 1 milhão para construir parquinho e incluir alunos com deficiência em escola dos EUA: ‘Sonho americano’
‘Cheeseheads’: Como o queijo virou símbolo de Wisconsin e o que isso revela sobre a economia atual dos EUA
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Postado em: 22:00
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Internacional
Hezbollah ataca cidade israelense com foguetes e deixa 11 feridos
Ataque foi lançado a partir do Líbano neste sábado (2); casa foi atingida. Moradores e autoridades policiais se reúnem perto de uma casa que foi atingida, após um ataque de projéteis do Líbano em direção a Israel, em Tira
Rami Amichay/Reuters
Um ataque a partir do Líbano deixou 11 pessoas feridas em uma cidade da região central de Israel neste sábado (2), informou a agência de notícias Reuters. A informação foi confirmada pelos serviços de emergência israelenses.
Segundo a agência, uma casa foi atingida no ataque. Os combates entre as forças de Israel e o grupo extremista Hezbollah escalaram nas últimas semanas. Conforme a Reuters, as esperanças por um cessar-fogo diminuíram nos últimos dias.
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“Saímos e vimos poeira, crianças gritando, mulheres gritando, e todos correram para a casa que foi atingida,” disse Qasim Mohab, um residente de Tira, onde o foguete caiu. “Conseguimos evacuar e resgatar aqueles que estavam dentro da casa, e graças a Deus não houve mortes.”
O serviço de ambulâncias de Israel informou que as 11 pessoas foram feridas por estilhaços. As sirenes de alerta continuaram soando no norte de Israel enquanto o fogo de foguetes do Líbano persistia, segundo o exército.
Também foram registrados bombardeios de Israel ao território do Líbano, mas não havia informações sobre vítimas até a última atualização desta reportagem.
Conflito
Na sexta-feira (1º), o Ministério da Saúde do Líbano anunciou que 52 pessoas foram mortas em ataques israelenses em mais de uma dezena de cidades na região de Baalbek, que possui ruínas romanas listadas pela Unesco.
Leia também:
Líbano acusa Israel de rejeitar cessar-fogo após bombardeios em Beirute
Coordenadora da ONU no Líbano teme ‘sério risco’ para cidades históricas alvos de bombardeios israelenses
O Hezbollah, apoiado pelo Irã, começou a disparar foguetes contra Israel em apoio ao seu aliado palestino Hamas um dia após os ataques do grupo terrorista em Israel, em 7 de outubro de 2023. Na ocasião, 1,2 mil pessoas foram mortas e outras 251 feitas reféns, segundo os registros israelenses.
Mais de 43 mil palestinos foram mortos desde o início da ofensiva israelense em Gaza, de acordo com o ministério da saúde do território administrado pelo Hamas, e pelo menos 2,8 mil pessoas foram mortas no Líbano, conforme atualização do ministério na sexta-feira.
Em Israel e em territórios ocupados pelo país, 71 pessoas foram mortas em ataques do Hezbollah, de acordo com as autoridades israelenses.
Rami Amichay/Reuters
Um ataque a partir do Líbano deixou 11 pessoas feridas em uma cidade da região central de Israel neste sábado (2), informou a agência de notícias Reuters. A informação foi confirmada pelos serviços de emergência israelenses.
Segundo a agência, uma casa foi atingida no ataque. Os combates entre as forças de Israel e o grupo extremista Hezbollah escalaram nas últimas semanas. Conforme a Reuters, as esperanças por um cessar-fogo diminuíram nos últimos dias.
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“Saímos e vimos poeira, crianças gritando, mulheres gritando, e todos correram para a casa que foi atingida,” disse Qasim Mohab, um residente de Tira, onde o foguete caiu. “Conseguimos evacuar e resgatar aqueles que estavam dentro da casa, e graças a Deus não houve mortes.”
O serviço de ambulâncias de Israel informou que as 11 pessoas foram feridas por estilhaços. As sirenes de alerta continuaram soando no norte de Israel enquanto o fogo de foguetes do Líbano persistia, segundo o exército.
Também foram registrados bombardeios de Israel ao território do Líbano, mas não havia informações sobre vítimas até a última atualização desta reportagem.
Conflito
Na sexta-feira (1º), o Ministério da Saúde do Líbano anunciou que 52 pessoas foram mortas em ataques israelenses em mais de uma dezena de cidades na região de Baalbek, que possui ruínas romanas listadas pela Unesco.
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Coordenadora da ONU no Líbano teme ‘sério risco’ para cidades históricas alvos de bombardeios israelenses
O Hezbollah, apoiado pelo Irã, começou a disparar foguetes contra Israel em apoio ao seu aliado palestino Hamas um dia após os ataques do grupo terrorista em Israel, em 7 de outubro de 2023. Na ocasião, 1,2 mil pessoas foram mortas e outras 251 feitas reféns, segundo os registros israelenses.
Mais de 43 mil palestinos foram mortos desde o início da ofensiva israelense em Gaza, de acordo com o ministério da saúde do território administrado pelo Hamas, e pelo menos 2,8 mil pessoas foram mortas no Líbano, conforme atualização do ministério na sexta-feira.
Em Israel e em territórios ocupados pelo país, 71 pessoas foram mortas em ataques do Hezbollah, de acordo com as autoridades israelenses.
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Postado em: 05:04
Internacional
Como os astronautas da Nasa votam a bordo da Estação Espacial Internacional
Votação é feita eletronicamente e o voto é criptografado antes de ser enviado à Terra. Os astronautas da NASA Loral O’Hara e Jasmin Moghbeli votam como residentes do Texas na Estação Espacial Internacional
NASA
👨🚀 A mais de 332 km de distância da Terra, os astronautas americanos da Nasa podem participar das eleições dos Estados Unidos diretamente da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês).
Graças a uma lei aprovada no estado do Texas em 1997, criou-se um procedimento técnico (entenda mais abaixo) que possibilita astronautas a votarem do espaço. De acordo com a NASA, há 27 anos, David Wolf foi o primeiro americano a votar em órbita a bordo da Estação Espacial Mir.
Assim como moradores de alguns estados podem votar pela internet ou via correio de forma antecipada, os astronautas também podem preencher um formulário de Cartão Postal Federal para solicitar voto ausente.
No dia 5 de março, a astronauta Jasmin Moghbeli postou uma foto em suas redes sociais compartilhando o momento do voto diretamente da ISS (imagem mais acima). Os astronautas em órbita mostram uma espécie de cabine com um papel escrito “cabine de votação ISS”. Na legenda da postagem, Moghbeli escreveu: “Estar no espaço não impediu que Loral O’Hara e eu votássemos. Vá votar hoje”.
A Nasa afirma que a participação dos astronautas no pleito a partir do espaço “não é apenas um fato histórico, mas também inspira muitas pessoas a se envolverem no processo eleitoral, independentemente das circunstâncias”.
Como é feita a votação em órbita
A votação é feita através do Programa de Comunicação e Navegação Espacial da NASA, e a agência garante que o processo de votação do ISS é segura e bem estruturada.
Como astronautas da NASA votam diretamente do espaço
Dhara Assis e Bianca Batista/ g1
🛰️ Etapas da votação:
Uma cédula-teste é enviada por e-mail para cada astronauta com uma senha exclusiva que permite o acesso ao sistema de votação. Depois de verificar se tudo funciona corretamente, eles recebem o documento eletrônico oficial.
A cédula é um arquivo criptografado que só pode ser aberto com a senha. Após a votação, o documento é enviado de volta à Terra por meio de um sistema de comunicação que usa satélites para transmitir dados da ISS para antenas no solo.
Assim que o voto é transmitido, ele é enviado ao Controle da Missão em Houston, no Texas, e, em seguida, ao secretário do condado apropriado para processamento.
Segundo a Nasa, a rede liga missões em um raio de 1,9 milhões de quilômetros da Terra com serviços de comunicações e navegação – incluindo a estação espacial.
A agência espacial diz que astronautas renunciam de muitos confortos ao embarcarem em viagens ao espaço. “Embora estejam longe de casa, as redes da NASA os conectam aos seus amigos e familiares e lhes dão a oportunidade de participar na democracia e na sociedade enquanto estão em órbita”.
NASA
👨🚀 A mais de 332 km de distância da Terra, os astronautas americanos da Nasa podem participar das eleições dos Estados Unidos diretamente da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês).
Graças a uma lei aprovada no estado do Texas em 1997, criou-se um procedimento técnico (entenda mais abaixo) que possibilita astronautas a votarem do espaço. De acordo com a NASA, há 27 anos, David Wolf foi o primeiro americano a votar em órbita a bordo da Estação Espacial Mir.
Assim como moradores de alguns estados podem votar pela internet ou via correio de forma antecipada, os astronautas também podem preencher um formulário de Cartão Postal Federal para solicitar voto ausente.
No dia 5 de março, a astronauta Jasmin Moghbeli postou uma foto em suas redes sociais compartilhando o momento do voto diretamente da ISS (imagem mais acima). Os astronautas em órbita mostram uma espécie de cabine com um papel escrito “cabine de votação ISS”. Na legenda da postagem, Moghbeli escreveu: “Estar no espaço não impediu que Loral O’Hara e eu votássemos. Vá votar hoje”.
A Nasa afirma que a participação dos astronautas no pleito a partir do espaço “não é apenas um fato histórico, mas também inspira muitas pessoas a se envolverem no processo eleitoral, independentemente das circunstâncias”.
Como é feita a votação em órbita
A votação é feita através do Programa de Comunicação e Navegação Espacial da NASA, e a agência garante que o processo de votação do ISS é segura e bem estruturada.
Como astronautas da NASA votam diretamente do espaço
Dhara Assis e Bianca Batista/ g1
🛰️ Etapas da votação:
Uma cédula-teste é enviada por e-mail para cada astronauta com uma senha exclusiva que permite o acesso ao sistema de votação. Depois de verificar se tudo funciona corretamente, eles recebem o documento eletrônico oficial.
A cédula é um arquivo criptografado que só pode ser aberto com a senha. Após a votação, o documento é enviado de volta à Terra por meio de um sistema de comunicação que usa satélites para transmitir dados da ISS para antenas no solo.
Assim que o voto é transmitido, ele é enviado ao Controle da Missão em Houston, no Texas, e, em seguida, ao secretário do condado apropriado para processamento.
Segundo a Nasa, a rede liga missões em um raio de 1,9 milhões de quilômetros da Terra com serviços de comunicações e navegação – incluindo a estação espacial.
A agência espacial diz que astronautas renunciam de muitos confortos ao embarcarem em viagens ao espaço. “Embora estejam longe de casa, as redes da NASA os conectam aos seus amigos e familiares e lhes dão a oportunidade de participar na democracia e na sociedade enquanto estão em órbita”.
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Postado em: 03:00
Internacional
Conheça a história de um homem que teve o sonho americano interrompido por causa do racismo
‘O Sonho Americano’: Jornal Nacional desembarca em Detroit, no Michigan, um dos berços da cultura e da música negra nos Estados Unidos. O Sonho Americano: JN conta histórias de racismo e resistência da população negra nos EUA
A viagem especial do Jornal Nacional pelos Estados Unidos desembarca em Detroit, no Michigan – um dos berços da cultura e da música negra no país. Uma cidade marcada pelo racismo, um tema que mobiliza os eleitores americanos. O Felipe Santana vai contar essa história nesta sexta-feira (1º).
O discurso mais famoso de Martin Luther King foi na capital, Washington, em que ele diz: “Eu tenho um sonho”. O sonho dele era que uma pessoa não fosse julgada pela cor da sua pele. Mas a primeira vez que ele proferiu esse discurso foi em Detroit, o grande centro do movimento pelos direitos civis.
Na época em que ele fez o discurso, um hotel poderia simplesmente não receber uma pessoa negra. Um restaurante poderia fechar as portas para uma pessoa negra. Um negro não podia entrar no mesmo banheiro que entrava um branco.
Depois de 246 de escravidão nos Estados Unidos, foram mais 100 anos de segregação racial legitimada pelo Estado, através de leis. Como as fotos dessa época são em preto e branco, parece que faz muito tempo. Mas não faz. Só acabou um ano depois do discurso de Martin Luther King, em 1964. Muita gente que conversou com a equipe do Jornal Nacional viveu essa época. E para muita gente, a segregação nos Estados Unidos nunca terminou. Como mostra o episódio desta sexta-feira (1º) da série “O Sonho Americano”.
O que você consegue fazer em 46 anos de vida? Foi o tempo que Richard Phillips ficou preso.
“De repente, você não vê mais seus filhos e sua mulher por quase meio século. É muito tempo”, diz.
Richard Phillips ficou preso injustamente por 46 anos
Jornal Nacional/ Reprodução
Ele foi preso por causa de um Mustang laranja. A história do crime a gente vai conhecer neste episódio da série “O Sonho Americano”.
Detroit, Michigan. Richard Phillips voltou com o Jornal Nacional ao bairro em que viveu quando criança. A casa não está mais ali.
“Minha mãe alugava um quarto em uma pensão. Mas a proprietária deixava meu irmão e eu dormirmos no sótão. Ela ganhava US$ 8 por dia. Era difícil sustentar dois filhos assim”, conta Richard.
Richard Phillips largou a escola antes de completar o ensino médio. Mas, enquanto estudava, descobriu que tinha um talento.
“Eu conseguia digitar 80 palavras por minuto”, lembra.
Foi assim que ele conseguiu o emprego na grande indústria de Detroit daquele tempo. Virou auxiliar administrativo em uma montadora de carros.
“Eles pagavam bem. Eu nunca pensei que eu, um menino do gueto, poderia viver com o dinheiro do meu trabalho”, diz.
Richard Phillips ficou preso injustamente por 46 anos
Jornal Nacional/ Reprodução
Richard Phillips casou, teve dois filhos e, aos 22 anos, gostava de festa. Era um momento em que Detroit fervia, alimentada com o dinheiro das montadoras de carro e o calor da luta pelos direitos civis.
O prédio que foi demolido em 2023 era um lugar histórico para Detroit, principalmente para a cultura negra americana. No andar de baixo, tinha um restaurante, um bar, uma pista de dança e um palco para shows. No andar de cima, quartos que você alugava por hora – um motel. Foi lá, no 20 Grand Motel, que os Estados Unidos viram nascer um dos maiores movimentos da música do século XX: Motown.
Temptations, Marvin Gaye, Stevie Wonder… Todas essas estrelas começaram tocando lá. Esses artistas depois ganharam a TV e viraram ícones do movimento civil contra o racismo. Mas, para Richard Phillips, a festa terminou ali, no 20 Grand Motel.
“Eu estava com um amigo que tinha roubado uma loja em um Mustang laranja. A polícia apareceu e me levou preso com ele”, conta.
Na delegacia, o dono da loja tinha que reconhecer o ladrão.
“Ele disse: ‘É o número quatro’. Adivinha quem era o número quatro? Eu. E eu nunca tinha visto aquele cara na minha vida”, afirma.
Richard sabia que não poderia entregar o amigo ou morreria na hora em que saísse dali. Mas nunca deixou de dizer que era inocente. Quando já cumpria a pena, o mesmo amigo botou a culpa nele por um assassinato que tinha cometido. Richard pegou prisão perpétua.
Na cadeia, trabalhava fazendo placas de carros para o Estado. Ganhava US$ 4 por dia, o suficiente apenas para comprar seus produtos de higiene.
Nos Estados Unidos, os presos trabalham, e muitas cadeias são privadas. Elas funcionam como negócios, em que os donos vendem o trabalho dos presos, pagando muito pouco. Isso foi legalizado pela 13ª Emenda da Constituição americana. A mesma que proíbe a escravidão. É porque ela diz assim:
“A escravidão e o trabalho involuntário estão proibidos, a não ser pelo pagamento de um crime”.
A probabilidade de um afro-americano ser preso é cinco vezes maior do que a de um branco nos Estados Unidos. E para oito a cada dez negros, o sonho americano simplesmente não existe. Porque, para eles, o sonho de igualdade – como dizia Martin Luther King – não se mostra no dia a dia. Por isso, também, a população negra é a que menos sai de casa para votar, já que o voto nos Estados Unidos não é obrigatório. Apenas 42% votaram nas últimas eleições para deputado e senador.
Nas últimas eleições presidenciais, em 2020, 92% dos eleitores negros votaram no candidato democrata Joe Biden. Foram essenciais para a vitória dele em estados importantes – como Geórgia, Pensilvânia e no Michigan.
Com uma candidata negra, o Partido Democrata pretende energizar esses eleitores. Muitos dizem que vão sair e votar por causa dela. Mas ela não tem tanto apoio quanto o primeiro presidente negro da história, Barack Obama. Porque alguns eleitores pensam que, por ser filha de imigrantes, não teve a experiência negra americana como tiveram George Floyd ou Richard Phillips – que viu 46 anos de vida passarem atrás das grades.
Na cadeia, Richard Phillips descobriu um novo talento: ele pintou tudo o que sentia lá dentro
Jornal Nacional/ Reprodução
Só que na cadeia, ele descobriu um novo talento: ele pintou tudo o que sentia lá dentro. Até que, em 2017, um grupo de defensores públicos resolveu investigar o caso dele e comprovaram o que ele vinha dizendo por 46 anos: que Richard Phillips não matou ninguém; que era inocente.
“Preferiria morrer na prisão a confessar um crime que não cometi”, afirma.
Richard Phillips ganhou uma indenização milionária do Estado e hoje vive da arte. Os 46 anos de vida não voltarão, mas Richard não se tornou amargo.
“Eu tento não viver no passado”, diz.
Ele se junta ao rol dos artistas negros americanos que, apesar de viverem diariamente o racismo, há décadas repetem a mensagem de esperança e de fé no futuro.
O SONHO AMERICANO
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A viagem especial do Jornal Nacional pelos Estados Unidos desembarca em Detroit, no Michigan – um dos berços da cultura e da música negra no país. Uma cidade marcada pelo racismo, um tema que mobiliza os eleitores americanos. O Felipe Santana vai contar essa história nesta sexta-feira (1º).
O discurso mais famoso de Martin Luther King foi na capital, Washington, em que ele diz: “Eu tenho um sonho”. O sonho dele era que uma pessoa não fosse julgada pela cor da sua pele. Mas a primeira vez que ele proferiu esse discurso foi em Detroit, o grande centro do movimento pelos direitos civis.
Na época em que ele fez o discurso, um hotel poderia simplesmente não receber uma pessoa negra. Um restaurante poderia fechar as portas para uma pessoa negra. Um negro não podia entrar no mesmo banheiro que entrava um branco.
Depois de 246 de escravidão nos Estados Unidos, foram mais 100 anos de segregação racial legitimada pelo Estado, através de leis. Como as fotos dessa época são em preto e branco, parece que faz muito tempo. Mas não faz. Só acabou um ano depois do discurso de Martin Luther King, em 1964. Muita gente que conversou com a equipe do Jornal Nacional viveu essa época. E para muita gente, a segregação nos Estados Unidos nunca terminou. Como mostra o episódio desta sexta-feira (1º) da série “O Sonho Americano”.
O que você consegue fazer em 46 anos de vida? Foi o tempo que Richard Phillips ficou preso.
“De repente, você não vê mais seus filhos e sua mulher por quase meio século. É muito tempo”, diz.
Richard Phillips ficou preso injustamente por 46 anos
Jornal Nacional/ Reprodução
Ele foi preso por causa de um Mustang laranja. A história do crime a gente vai conhecer neste episódio da série “O Sonho Americano”.
Detroit, Michigan. Richard Phillips voltou com o Jornal Nacional ao bairro em que viveu quando criança. A casa não está mais ali.
“Minha mãe alugava um quarto em uma pensão. Mas a proprietária deixava meu irmão e eu dormirmos no sótão. Ela ganhava US$ 8 por dia. Era difícil sustentar dois filhos assim”, conta Richard.
Richard Phillips largou a escola antes de completar o ensino médio. Mas, enquanto estudava, descobriu que tinha um talento.
“Eu conseguia digitar 80 palavras por minuto”, lembra.
Foi assim que ele conseguiu o emprego na grande indústria de Detroit daquele tempo. Virou auxiliar administrativo em uma montadora de carros.
“Eles pagavam bem. Eu nunca pensei que eu, um menino do gueto, poderia viver com o dinheiro do meu trabalho”, diz.
Richard Phillips ficou preso injustamente por 46 anos
Jornal Nacional/ Reprodução
Richard Phillips casou, teve dois filhos e, aos 22 anos, gostava de festa. Era um momento em que Detroit fervia, alimentada com o dinheiro das montadoras de carro e o calor da luta pelos direitos civis.
O prédio que foi demolido em 2023 era um lugar histórico para Detroit, principalmente para a cultura negra americana. No andar de baixo, tinha um restaurante, um bar, uma pista de dança e um palco para shows. No andar de cima, quartos que você alugava por hora – um motel. Foi lá, no 20 Grand Motel, que os Estados Unidos viram nascer um dos maiores movimentos da música do século XX: Motown.
Temptations, Marvin Gaye, Stevie Wonder… Todas essas estrelas começaram tocando lá. Esses artistas depois ganharam a TV e viraram ícones do movimento civil contra o racismo. Mas, para Richard Phillips, a festa terminou ali, no 20 Grand Motel.
“Eu estava com um amigo que tinha roubado uma loja em um Mustang laranja. A polícia apareceu e me levou preso com ele”, conta.
Na delegacia, o dono da loja tinha que reconhecer o ladrão.
“Ele disse: ‘É o número quatro’. Adivinha quem era o número quatro? Eu. E eu nunca tinha visto aquele cara na minha vida”, afirma.
Richard sabia que não poderia entregar o amigo ou morreria na hora em que saísse dali. Mas nunca deixou de dizer que era inocente. Quando já cumpria a pena, o mesmo amigo botou a culpa nele por um assassinato que tinha cometido. Richard pegou prisão perpétua.
Na cadeia, trabalhava fazendo placas de carros para o Estado. Ganhava US$ 4 por dia, o suficiente apenas para comprar seus produtos de higiene.
Nos Estados Unidos, os presos trabalham, e muitas cadeias são privadas. Elas funcionam como negócios, em que os donos vendem o trabalho dos presos, pagando muito pouco. Isso foi legalizado pela 13ª Emenda da Constituição americana. A mesma que proíbe a escravidão. É porque ela diz assim:
“A escravidão e o trabalho involuntário estão proibidos, a não ser pelo pagamento de um crime”.
A probabilidade de um afro-americano ser preso é cinco vezes maior do que a de um branco nos Estados Unidos. E para oito a cada dez negros, o sonho americano simplesmente não existe. Porque, para eles, o sonho de igualdade – como dizia Martin Luther King – não se mostra no dia a dia. Por isso, também, a população negra é a que menos sai de casa para votar, já que o voto nos Estados Unidos não é obrigatório. Apenas 42% votaram nas últimas eleições para deputado e senador.
Nas últimas eleições presidenciais, em 2020, 92% dos eleitores negros votaram no candidato democrata Joe Biden. Foram essenciais para a vitória dele em estados importantes – como Geórgia, Pensilvânia e no Michigan.
Com uma candidata negra, o Partido Democrata pretende energizar esses eleitores. Muitos dizem que vão sair e votar por causa dela. Mas ela não tem tanto apoio quanto o primeiro presidente negro da história, Barack Obama. Porque alguns eleitores pensam que, por ser filha de imigrantes, não teve a experiência negra americana como tiveram George Floyd ou Richard Phillips – que viu 46 anos de vida passarem atrás das grades.
Na cadeia, Richard Phillips descobriu um novo talento: ele pintou tudo o que sentia lá dentro
Jornal Nacional/ Reprodução
Só que na cadeia, ele descobriu um novo talento: ele pintou tudo o que sentia lá dentro. Até que, em 2017, um grupo de defensores públicos resolveu investigar o caso dele e comprovaram o que ele vinha dizendo por 46 anos: que Richard Phillips não matou ninguém; que era inocente.
“Preferiria morrer na prisão a confessar um crime que não cometi”, afirma.
Richard Phillips ganhou uma indenização milionária do Estado e hoje vive da arte. Os 46 anos de vida não voltarão, mas Richard não se tornou amargo.
“Eu tento não viver no passado”, diz.
Ele se junta ao rol dos artistas negros americanos que, apesar de viverem diariamente o racismo, há décadas repetem a mensagem de esperança e de fé no futuro.
O SONHO AMERICANO
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Postado em: 22:01
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