Nesta quinta-feira (10), as forças israelenses fizeram o bombardeio mais mortal à capital do Líbano desde o começo da guerra; 22 pessoas morreram e 117 ficaram feridas, segundo o governo libanês. “A batalha com Israel ainda está no começo”, diz oficial do Hezbollah em discurso televisionado
REUTERS/ AL MANAR
A prioridade do Hezbollah agora é derrotar Israel militarmente, mas o grupo está aberto a qualquer esforço para impedir “a agressão”, disse o chefe do gabinete de mídia do grupo libanês, Mohammad Afif, nesta sexta-feira (10).
“Tel Aviv é apenas o começo, Israel viu muito pouco. Nossa prioridade absoluta agora é derrotar o inimigo e forçá-lo a parar a agressão. No entanto, qualquer esforço político interno ou externo para alcançar uma cessação da agressão é apreciado, desde que seja consistente com nossa visão abrangente da batalha, suas circunstâncias e seus resultados”, disse Afif em uma entrevista coletiva televisionada nos subúrbios ao sul de Beirute, com os escombros dos prédios destruídos atrás dele.
Afif também negou que houvesse armas armazenadas nos subúrbios ao sul de Beirute e disse que Israel usou bombas-relógio para fazer parecer que havia, prometendo aos moradores do bairro e aos deslocados do sul do Líbano e Bekaa que eles retornariam em breve.
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Também nesta sexta, o Exército libanês informou a morte de dois soldados em um bombardeio israelense no sul do país: “O inimigo israelense bombardeou um posto militar em Kafra, matando duas pessoas e ferindo três”.
A força da ONU no Líbano (UNIFIL) anunciou que dois soldados de paz do Sri Lanka foram feridos perto da fronteira com Israel e que os bombardeios do Exército israelense representam “um risco muito grande” para suas tropas.
Dois outros soldados da paz indonésios foram feridos nesta quinta após um bombardeio israelense contra a sede da Unifil. O ataque provocou uma onda de indignação internacional.
Em comunicado oficial, nesta sexta, as Forças de Defesa de Israel se defenderam:
“Horas antes do incidente, a IDF instruiu o pessoal da UNIFIL a entrar em espaços protegidos e permanecer lá.(…) A IDF está em contato com a UNIFIL para fins de coordenação e continuará a fazê-lo. A IDF continua a examinar as circunstâncias do incidente. A organização terrorista Hezbollah opera deliberadamente com a intenção de prejudicar civis israelenses de áreas civis e perto de postos da UNIFIL, colocando assim em perigo o pessoal da UNIFIL”.
Sofrimento de moradores
Mulheres choram em frente ao seu apartamento destruído no local do ataque aéreo israelense
AP/Hassan Ammar
Um dia após o ataque mais mortal de Israel a Beirute desde o começo da guerra, há um ano, no bairro Burj Abi Haidar, onde dois bombardeios mataram 22 pessoas e deixaram 117 feridos nesta quinta-feira (10), o cenário é de luto e sofrimento.
Enquanto membros da Defesa Civil libanesa trabalhavam nos escombros do prédio de três andares que caiu e encerravam a busca por corpos, moradores do local e prédios vizinhos atingidos voltaram para tentar resgatar alguns pertences e se emocionaram ao ver tudo destruído.
Em um prédio adjacente ao destruído pelo ataque, que foi seriamente danificado, o libanês Ahmad al-Khatib buscava salvar o que restou. Ele estava no apartamento de seus sogros com a esposa, Marwa Hamdan, e sua filha de 2 anos e meio, Ayla. As duas sofreram ferimentos.
Um morador de um prédio danificado em um ataque aéreo israelense retorna para recolher os pertences de sua família no local
AP/Hassan Ammar
Ele conta que tinha acabado de pegar sua esposa no trabalho e ela estava realizando as orações muçulmanas noturnas em casa quando a explosão aconteceu, e que a força dela jogou sua esposa contra uma parede e um pedaço de metal a atingiu na cabeça.
“O mundo de repente virou de cabeça para baixo e a escuridão prevaleceu. Olhei para o rosto dela e gritei: ‘Diga alguma coisa!’”, relembra o homem, de 42 anos, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Marwa, mulher de Ahmad, está internada na UTI de um hospital de Beirute. A filha do casal sofreu apenas ferimentos leves, mas ele conta que teve que tirar a menina de debaixo dos escombros de uma parede que desabou em um quarto.
Mohammed Tarhani, outro dos afetados pelo bombardeio, disse que se mudou para a casa do irmão depois de fugir pelo sul do Líbano para escapar dos ataques aéreos das últimas semanas. Seus filhos estavam na varanda, e ele estava na sala de estar quando o ataque aconteceu.
“Nós corremos para procurar as crianças… Para onde é que se deve ir agora?”, lamenta.
Uma moradora de um prédio danificado em um ataque aéreo israelense retorna para recolher os pertences de sua família no local do ataque aéreo israelense de quinta-feira em Beirute, Líbano
AP/Hassan Ammar
Ataque tinha membro do Hezbollah como alvo
O ataque teve como alvo pelo menos um membro sênior do Hezbollah, de acordo com fontes de segurança ouvidas pela agência de notícias Reuters.
Além do prédio em Burj Abi Haidar, um dos locais atingidos nesta quinta foi um edifício de oito andares no bairro de Ras al-Nabaa. O ataque atingiu a parte inferior do local e explosões continuavam ocorrendo dentro do edifício.
Após o ataque, três fontes de segurança disseram à Reuters que Wafiq Safa, um membro sênior do grupo extremista, sobreviveu à tentativa de assassinato israelense.
Fumaça e chamas em bairro central de Beirute, no Líbano, após bombardeio israelense em 10 de outubro de 2024.
REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Nas últimas semanas, Israel tem lançado ataques aéreos quase diários nos subúrbios do sul de Beirute, onde fica o QG do Hezbollah, mas ataques no centro de Beirute são raros. O bairros centrais bombardeados nesta quinta foram atingidos pela primeira vez por Israel.
Israel justifica seus ataques dizendo que tem como alvo estruturas militares do grupo extremista, e geralmente emite ordens de evacuação para a população dos locais visados minutos antes de realizar bombardeios.
Os bombardeios no centro de Beirute ocorrem enquanto o Exército israelense continua a atacar alvos do Hezbollah em todo o Líbano. Mais cedo, o Exército israelense emitiu novos avisos de evacuação para o sul da cidade, incluindo prédios específicos, e havia alertado os civis libaneses para não retornarem às suas casas no sul, a fim de evitar danos decorrentes dos combates.
Membros da Cruz Vermelha e equipes de resgate no local de bombardeio israelense em Ras Al-Nabaa, bairro central de Beirute, capital do Líbano, em 10 de outubro de 2024.
REUTERS/Louisa Gouliamaki
REUTERS/ AL MANAR
A prioridade do Hezbollah agora é derrotar Israel militarmente, mas o grupo está aberto a qualquer esforço para impedir “a agressão”, disse o chefe do gabinete de mídia do grupo libanês, Mohammad Afif, nesta sexta-feira (10).
“Tel Aviv é apenas o começo, Israel viu muito pouco. Nossa prioridade absoluta agora é derrotar o inimigo e forçá-lo a parar a agressão. No entanto, qualquer esforço político interno ou externo para alcançar uma cessação da agressão é apreciado, desde que seja consistente com nossa visão abrangente da batalha, suas circunstâncias e seus resultados”, disse Afif em uma entrevista coletiva televisionada nos subúrbios ao sul de Beirute, com os escombros dos prédios destruídos atrás dele.
Afif também negou que houvesse armas armazenadas nos subúrbios ao sul de Beirute e disse que Israel usou bombas-relógio para fazer parecer que havia, prometendo aos moradores do bairro e aos deslocados do sul do Líbano e Bekaa que eles retornariam em breve.
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Também nesta sexta, o Exército libanês informou a morte de dois soldados em um bombardeio israelense no sul do país: “O inimigo israelense bombardeou um posto militar em Kafra, matando duas pessoas e ferindo três”.
A força da ONU no Líbano (UNIFIL) anunciou que dois soldados de paz do Sri Lanka foram feridos perto da fronteira com Israel e que os bombardeios do Exército israelense representam “um risco muito grande” para suas tropas.
Dois outros soldados da paz indonésios foram feridos nesta quinta após um bombardeio israelense contra a sede da Unifil. O ataque provocou uma onda de indignação internacional.
Em comunicado oficial, nesta sexta, as Forças de Defesa de Israel se defenderam:
“Horas antes do incidente, a IDF instruiu o pessoal da UNIFIL a entrar em espaços protegidos e permanecer lá.(…) A IDF está em contato com a UNIFIL para fins de coordenação e continuará a fazê-lo. A IDF continua a examinar as circunstâncias do incidente. A organização terrorista Hezbollah opera deliberadamente com a intenção de prejudicar civis israelenses de áreas civis e perto de postos da UNIFIL, colocando assim em perigo o pessoal da UNIFIL”.
Sofrimento de moradores
Mulheres choram em frente ao seu apartamento destruído no local do ataque aéreo israelense
AP/Hassan Ammar
Um dia após o ataque mais mortal de Israel a Beirute desde o começo da guerra, há um ano, no bairro Burj Abi Haidar, onde dois bombardeios mataram 22 pessoas e deixaram 117 feridos nesta quinta-feira (10), o cenário é de luto e sofrimento.
Enquanto membros da Defesa Civil libanesa trabalhavam nos escombros do prédio de três andares que caiu e encerravam a busca por corpos, moradores do local e prédios vizinhos atingidos voltaram para tentar resgatar alguns pertences e se emocionaram ao ver tudo destruído.
Em um prédio adjacente ao destruído pelo ataque, que foi seriamente danificado, o libanês Ahmad al-Khatib buscava salvar o que restou. Ele estava no apartamento de seus sogros com a esposa, Marwa Hamdan, e sua filha de 2 anos e meio, Ayla. As duas sofreram ferimentos.
Um morador de um prédio danificado em um ataque aéreo israelense retorna para recolher os pertences de sua família no local
AP/Hassan Ammar
Ele conta que tinha acabado de pegar sua esposa no trabalho e ela estava realizando as orações muçulmanas noturnas em casa quando a explosão aconteceu, e que a força dela jogou sua esposa contra uma parede e um pedaço de metal a atingiu na cabeça.
“O mundo de repente virou de cabeça para baixo e a escuridão prevaleceu. Olhei para o rosto dela e gritei: ‘Diga alguma coisa!’”, relembra o homem, de 42 anos, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Marwa, mulher de Ahmad, está internada na UTI de um hospital de Beirute. A filha do casal sofreu apenas ferimentos leves, mas ele conta que teve que tirar a menina de debaixo dos escombros de uma parede que desabou em um quarto.
Mohammed Tarhani, outro dos afetados pelo bombardeio, disse que se mudou para a casa do irmão depois de fugir pelo sul do Líbano para escapar dos ataques aéreos das últimas semanas. Seus filhos estavam na varanda, e ele estava na sala de estar quando o ataque aconteceu.
“Nós corremos para procurar as crianças… Para onde é que se deve ir agora?”, lamenta.
Uma moradora de um prédio danificado em um ataque aéreo israelense retorna para recolher os pertences de sua família no local do ataque aéreo israelense de quinta-feira em Beirute, Líbano
AP/Hassan Ammar
Ataque tinha membro do Hezbollah como alvo
O ataque teve como alvo pelo menos um membro sênior do Hezbollah, de acordo com fontes de segurança ouvidas pela agência de notícias Reuters.
Além do prédio em Burj Abi Haidar, um dos locais atingidos nesta quinta foi um edifício de oito andares no bairro de Ras al-Nabaa. O ataque atingiu a parte inferior do local e explosões continuavam ocorrendo dentro do edifício.
Após o ataque, três fontes de segurança disseram à Reuters que Wafiq Safa, um membro sênior do grupo extremista, sobreviveu à tentativa de assassinato israelense.
Fumaça e chamas em bairro central de Beirute, no Líbano, após bombardeio israelense em 10 de outubro de 2024.
REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Nas últimas semanas, Israel tem lançado ataques aéreos quase diários nos subúrbios do sul de Beirute, onde fica o QG do Hezbollah, mas ataques no centro de Beirute são raros. O bairros centrais bombardeados nesta quinta foram atingidos pela primeira vez por Israel.
Israel justifica seus ataques dizendo que tem como alvo estruturas militares do grupo extremista, e geralmente emite ordens de evacuação para a população dos locais visados minutos antes de realizar bombardeios.
Os bombardeios no centro de Beirute ocorrem enquanto o Exército israelense continua a atacar alvos do Hezbollah em todo o Líbano. Mais cedo, o Exército israelense emitiu novos avisos de evacuação para o sul da cidade, incluindo prédios específicos, e havia alertado os civis libaneses para não retornarem às suas casas no sul, a fim de evitar danos decorrentes dos combates.
Membros da Cruz Vermelha e equipes de resgate no local de bombardeio israelense em Ras Al-Nabaa, bairro central de Beirute, capital do Líbano, em 10 de outubro de 2024.
REUTERS/Louisa Gouliamaki
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Postado em: 13:02