Internacional
Ampliação do Brics aumenta influência de Rússia e China e contrapõe G7; especialistas divergem sobre efeito econômico
Eles divergem, porém, sobre os efeitos econômicos das medidas.
O Brics se reuniu pela primeira vez em 2006, incluindo Brasil, Rússia, Índia e China, e foi criado oficialmente em 2009. Posteriormente, foi aprovada a entrada da África do Sul.
Em 2023, na cúpula de Joanesburgo, o bloco aprovou a entrada de mais seis países (quatro já entraram; um ainda não respondeu; e a Argentina desistiu) e este ano, na Rússia, discute a criação da categoria de parceiros, que pode levar mais 13 países ao Brics.
Representantes dos países integrantes dos Brics
Hamad AL-KAABI / UAE PRESIDENTIAL COURT / AFP
Para o professor José Luís da Costa Oreiro, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), a ampliação do bloco representa uma “briga de hegemonia” entre, de um lado, China e Rússia, e, de outro, Estados Unidos e Europa.
🌍Na prática, acrescenta o professor, a disputa é por áreas de influência ao redor do mundo, a exemplo do que motivou a criação de grupos como o G7.
“O G7 é um grupo que tem muita influencia dos Estados Unidos, da Europa e do Japão. Com isso, o Brics se torna um clube favorável à China e à Rússia. Veja esses países que estão entrando. Cuba, por exemplo. Qual a vantagem para o Brics? Nenhuma. Mas, no fundo, você cria mais uma área de influência. É interesse geopolítico, não é de caráter econômico. Ou seja, disputa de influência”, afirmou.
Para o professor, a ampliação do Brics aprovada em 2023 e a discussão sobre os países parceiros dão status “secundário” aos países, mantendo o protagonismo do que ele chama de “núcleo duro” do grupo, isto é, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — este último, em menor intensidade, segundo Oreiro.
“[A ampliação e a criação da nova categoria] são para fazer público. Quem realmente tem peso nos Brics são os próprios Brics, os outros entram para aumentar plateia. Podem até divergir em um ponto ou outro, mas vão seguir o que quiser o núcleo duro, os cinco principais com mais peso político e mais expressão econômica”, acrescentou o professor.
Brics discute expansão do grupo
À GloboNews o professor Pio Penna Filho, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), disse concordar com a análise de que os recentes movimentos do Brics visam fazer um contraponto ao G7, mas “tem tudo para dar errado” por ser “muito heterogêneo” e representar interesses distintos.
“Aquela perspectiva original, ainda como Bric, já era heterogênea e com pouca convergência. A Rússia defende os interesses dela, a China defende os interesses dela, a Índia defende os interesses dela, a África do Sul fica meio deslocada. E vai ampliando, ampliando, e o que a gente percebe? Que é um pouco difícil coordenar interesses tão diversos de países tão diferentes”, acrescentou.
Pio Penna Filho acrescenta que a “tendência” é se avaliar que a ampliação e a criação da nova categoria representam “recado claro para o Ocidente, Estados Unidos e Europa.”
Efeitos econômicos
CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng vai na mesma linha do professor Oreiro sobre o G7, afirmando que a entrada de novos países cria um “alinhamento que rivalize” com o grupo do qual os Estados Unidos fazem parte. Em razão disso, diz Eyng, é preciso ter “bastante cautela” em relação aos novos membros.
A respeito dos efeitos econômicos, Eyng avalia que a ampliação do Brics pode diminuir a dependência brasileira do mercado americano.
“A ampliação pode influenciar as políticas monetárias brasileiras, caso o Brics incentive medidas econômicas conjuntas, como mudanças nas taxas de câmbio e reservas internacionais, visando menos dependência do dólar. A diversificação de parcerias comerciais dentro do Brics poderia diminuir a dependência brasileira do mercado americano, promovendo maior estabilidade nas exportações, atraindo investimentos e fortalecendo cadeias produtivas com países como China e Índia”, afirmou.
Para Pio Pena Filho, a entrada de mais países no Brics, neste momento, não deve representar “nenhuma” vantagem econômica para o Brasil.
“Em termos econômicos, é uma tentativa de forçar uma coisa exagerada. Há interesses econômicos, mas que se diluem na ampliação. Por exemplo, no caso da China, é interesse econômico, para a Rússia, interesse geopolítico. Agora, para o Brasil, eu não vejo vantagem nenhuma nessa ampliação”, afirmou o professor.
Lista extraoficial dos BRICS deixa Venezuela de fora da lista de países parceiros do bloco
Diplomata vê medida ‘para somar’
Um diplomata a par das conversas em torno da criação da nova categoria afirmou à GloboNews, na condição de anonimato, acreditar que a nova categoria vem para “somar” e não desconfigura o bloco, uma vez que o número de membros efetivos não vai mudar.
Para ele, a quantidade é “administrável” e que a tendência, na avaliação dele, é haver “reuniões curtas e conversas, objetivas”.
Acrescenta esse diplomata, é “artificial” separar áreas de influência do Brics e do G7 porque “um grupo que tenha Brasil, Índia e África do Sul não pode ser nenhuma dessas duas coisas”.
Conselho de Segurança da ONU
O Brasil assumirá a presidência do Brics a partir de janeiro de 2025. Entre os temas que o país quer pautar, estão combate à fome e à pobreza, desenvolvimento sustentável e reforma das instituições da chamada governança global, principalmente o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Para José Luís Oreiro, o grupo pode até pautar as discussões, mas, enquanto não houver uma decisão nesse sentido por parte de Estados Unidos, Reino Unido e França, não haverá mudança.
“Pautar a discussão, pode. Mas, no Conselho de Segurança da ONU, os cinco com assento permanente têm poder de veto, basta que Estados Unidos, França ou Reino Unido vetem que essa ampliação não acontece. Esse é o tipo de discussão que se faz, mas que, efetivamente, ninguém quer que vá para frente”, afirmou Oreiro.
Para Pio Penna Filho, pautar a discussão sobre a reforma do conselho é “mais discurso, nada efetivo”.
“Essa é uma coisa vazia. Veja a questão do clima, não se chega a um consenso, nos direitos humanos também. Então, a reforma do Conselho de Segurança da ONU, até mesmo no Brics não há consenso sobre o Brasil entrar. A Rússia, com certeza, não abre mão do assento permanente e não sei se apoiaria a entrada do Brasil”, afirmou.
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Postado em: 02:05
Internacional
Eleições nos EUA: corrida eleitoral foi ‘montanha-russa’ com altos e baixos de Kamala, Biden e Trump
A disputa eleitoral nos EUA chega na reta final com um resultado imprevisível. Ao longo dos meses de campanha, as candidaturas republicana e democrata tiveram diversos altos e baixos, com momentos determinantes para o desfecho do confronto.
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A corrida deste ano foi marcado por tribunais, acusações, atentados e reveses nas chapas eleitorais, marcando a eleição de 2024 como uma das mais fora do comum da história do país.
Confirma momentos determinantes das campanhas que levaram a uma votação acirrada no 5 de novembro.
A montanha-russa na corrida eleitoral dos EUA.
Jacqueline Santiago/GloboNews
Condenação de Trump
A montanha-russa na corrida eleitoral dos EUA. Condenação de Trump.
Jacqueline Santiago/GloboNews
No dia 30 de maio, nos primeiros passos da campanha do país, o então pré-candidato republicano, Donald Trump, foi condenado em 34 acusações por comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels. Foi a primeira vez na história que um ex-presidente dos EUA foi condenado criminalmente.
As investigações apontaram que Trump falsificou registros comerciais para esconder um pagamento em dinheiro a Daniels na véspera das eleições de 2016, para que ela não divulgasse o encontro sexual.
A lei americana não prevê nada que impedisse Trump, que ainda enfrenta outros três processos criminais, de concorrer à Casa Branca após o veredito de culpado.
A condenação tomou a imprensa mundial, mas teve pouco impacto entre os apoiadores. Os republicanos dobraram o apoio inabalável ao candidato do partido.
Debate Trump x Biden
A montanha-russa na corrida eleitoral dos EUA. Debate Trump x Biden.
Jacqueline Santiago/GloboNews
Um mês mais tarde, o debate entre Trump e o então também pré-candidato Joe Biden mudou o rumo da campanha democrata. As esperanças do partido em uma candidatura de Biden foram destruídas depois que o presidente teve um desempenho desastroso no confronto contra Donald Trump.
Biden, de 81 anos, se atrapalhou com as palavras e muitas vezes pareceu esquecer o que estava dizendo, reforçando temores já existentes de que o democrata não estaria apto a concorrer novamente à presidência
O presidente tentou minimizar a má repercussão do debate, classificando-o como uma “noite ruim”, mas eleitores e doadores pressionaram Biden, ameaçando retirar o apoio financeiro se ele não se afastasse da corrida. As pesquisas pós-debate mostraram Trump ganhando distância de Biden na corrida, mas a Casa Branca insistia que Biden não abandonaria a disputa.
Atentado contra Trump
A montanha-russa na corrida eleitoral dos EUA. Atentado contra Trump.
Jacqueline Santiago/GloboNews
No dia 13 de julho, outro episódio chocou o mundo na corrida à presidência nos EUA. O republicano Donald Trump foi vítima de um atentado no estado da Pensilvânia. O ex-presidente ficou ferido após ser atingido por disparos. Logo após o ataque, Trump se abaixou e pôs as mãos na orelha.
Em segundos, o republicano foi ajudado a se levantar, já ensanguentado. Num gesto midiático, Trump ergueu o punho no ar e gesticulou com a boca a palavra “lute” para uma plateia enlouquecida, criando uma das imagens mais icônicas da história política americana.
Um homem que assistia o comício morreu e outros dois foram socorridos em estado grave. O atirador foi morto.
“Eu levei um tiro pela democracia”, disse o candidato a apoiadores em um comício após o ataque. Nesse momento, muita gente achou que a vitória de Trump era certa.
Biden desiste da corrida eleitoral
A montanha-russa na corrida eleitoral dos EUA. Biden desiste da corrida.
Jacqueline Santiago/GloboNews
Pouco tempo depois, no domingo de 21 de julho, Biden — que estava extremamente pressionado dentro e fora do partido — finalmente desistiu de continuar na corrida.
Biden anunciou pelas redes sociais que não buscaria a reeleição, se tornando o primeiro presidente em exercício desde 1968 a não buscar um segundo mandato.
Logo após deixar a disputa, Biden anunciou apoio à vice-presidente Kamala Harris, pedindo aos democratas que doassem para a campanha.
Kamala Harris é oficializada pelo partido democrata
A montanha-russa na corrida eleitoral dos EUA. Kamala Harris oficializada como candidata do partido democrata.
Jacqueline Santiago/GloboNews
A campanha democrata ganhou fôlego ao oficializar a vice-presidente Kamala Harris como candidata pelo partido.
Duas semanas após a desistência de Biden, Kamala garantiu a indicação democrata formalmente, tornando-se a primeira mulher negra a liderar uma chapa de um grande partido.
A entrada da democrata na corrida reenergizou o partido e trouxe resultados imediatos nas pesquisas de opinião, recuperando os ganhos que Trump havia feito durante a crise de Biden, inclusive nos estados decisivos para a votação.
Debate Kamala x Trump
A montanha-russa na corrida eleitoral dos EUA. Debate entre Kamala Harris e Trump.
Jacqueline Santiago/GloboNews
No dia 10 de setembro, foi a vez de Kamala Harris enfrentar Trump no debate de 90 minutos transmitido ao vivo pela ABC News.
Kamala usou o espaço para se apresentar aos eleitores e adotou uma postura inabalável no confronto, provocando o oponente em diversas oportunidades.
A democrata partiu para a ofensiva desde o início e passou a maior parte do debate olhando diretamente para Trump, muitas vezes sorrindo, rindo alto ou balançando a cabeça incrédula enquanto ele respondia às perguntas.
A candidata chamou Trump de “fraco” e “errado e afirmou que Trump foi demitido por 81 milhões de eleitores, número de americanos que votaram no presidente Joe Biden em 2020. “Claramente, ele está tendo muita dificuldade em processar isso”, disse Kamala.
A democrata continuou em alta na corrida ao sair como vitoriosa do confronto.
E agora?
A montanha-russa na corrida eleitoral dos EUA. E agora?
Jacqueline Santiago/GloboNews
Após sofrer o revés na corrida com a chegada de Kamala Harris, Trump chegou a ganhar certo fôlego na disputa, chegando a superar a democrata em algumas pesquisas de intenção de voto.
O republicano, no entanto, deu declarações polêmicas no comício do ex-presidente realizado em Nova York. O evento foi marcado por falas de piadas consideradas preconceituosas e misóginas, além de ofensas direcionadas a diversos grupos étnicos, como porto-riquenhos. O país foi chamado de “ilha flutuante de lixo” pelo comediante Tony Hinchcliffe
Neste momento, a disputa segue imprevisível. O resultado será conhecido pelo mundo esta semana, após a votação no dia 5 de novembro.
VÍDEO: Eleições nos EUA 2024
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Postado em: 12:04
Internacional
Rainha consorte Camilla está com infecção pulmonar, diz Palácio de Buckingham
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Postado em: 11:01
Internacional
O que esperar de um 2º mandato de Trump, se for eleito
O candidato republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, gesticula para a multidão na conclusão de seu comício final da campanha na Van Andel Arena em Grand Rapids, Michigan.
Getty Images via BBC
Se Donald Trump vencer as eleições de 5 de novembro nos Estados Unidos, será apenas o segundo presidente na história daquele país a governar por dois mandatos não consecutivos.
O anterior foi Grover Cleveland, que ocupou a Casa Branca entre 1885 e 1889, fracassou ao tentar ser reeleito e quatro anos depois conseguiu um novo mandato, que cumpriu entre 1893 e 1897.
Mas, caso volte à presidência, é pouco provável que Trump seja lembrado por esta curiosidade histórica.
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A sua figura destaca-se, antes, por ter passado de estranho a líder indiscutível dos republicanos e um líder que, para o bem ou para o mal, teve um grande impacto na principal potência mundial.
Quando Trump concorreu à presidência em 2015, poucos dentro e fora do Partido Republicano – ao qual ele aderiu três anos antes – pensavam que ele chegaria à Casa Branca.
O empresário não controlava a máquina partidária, não tinha plataforma política própria e administrava um orçamento limitado.
“Ele tinha um lema: ‘Tornar a América grande novamente’. Ele tinha algumas políticas fundamentais, como a construção de um muro fronteiriço e a proibição temporária de entrada de muçulmanos nos Estados Unidos. E ele tinha uma atitude anti-establishment e de “drenar o pântano” [luta contra a corrupção]. Após a sua surpreendente vitória, ele começou a transformar a sua ampla visão política em ação, mas com resultados mistos”, diz Anthony Zurcher, correspondente da BBC na América do Norte.
Grande parte dessa agenda política que apresentou para o seu primeiro mandato reaparece nos seus planos para uma possível segunda presidência que começaria em 2025 e culminaria em 2029, quando Trump completará 83 anos e meio, o que o tornaria – outra curiosidade histórica – o presidente em exercício mais antigo da história dos EUA.
Mas vejamos o que se pode esperar de um eventual segundo mandato sob a ótica de alguns dos temas mais relevantes da campanha.
A imigração e a fronteira têm sido temas centrais na agenda de Trump durante esta campanha eleitoral.
O republicano intensificou o seu discurso anti-imigrantes, afirmando que estes “envenenam o sangue do país” e responsabilizando-os tanto por um alegado aumento da criminalidade – algo que não tem fundamento, segundo especialistas e números oficiais – como pelo aumento nos preços de moradia.
Além disso, afirmou sem provas que há países como a Venezuela que supostamente estão esvaziando suas prisões e instituições para doentes mentais enviando essas pessoas para os Estados Unidos.
Estas declarações lembram as que fez em 2015, quando lançou a sua primeira candidatura à Casa Branca e acusou o México de enviar “pessoas com muitos problemas” para os Estados Unidos.
Antecipando um novo mandato, Trump prometeu expulsar milhões de estrangeiros indocumentados do país, no que ele afirma ser a “maior deportação” da história dos Estados Unidos.
De acordo com estimativas do centro de estudos Pew, até 2022 haverá cerca de 11 milhões de migrantes sem documentos nos Estados Unidos, embora Trump e a sua campanha afirmem que há muitos milhões mais.
Numerosos especialistas alertaram que uma deportação em massa de migrantes seria dispendiosa e difícil de realizar, além de ter potencialmente efeitos negativos em certas áreas da economia nas quais o trabalho sem documentos desempenha um papel fundamental.
Segundo estimativas da organização FWD.US, havia nos EUA 5,2 milhões de pessoas sem documentos em empregos essenciais durante a pandemia. Isto inclui cerca de 1,7 milhão de pessoas que trabalharam em toda a cadeia de produção e comercialização de alimentos.
Os indocumentados representam cerca de 17% dos trabalhadores agrícolas e 13% do setor da construção, de acordo com um estudo da Pew de 2016.
Trump também prometeu selar a fronteira com o México e disse que continuará a construir o muro entre os dois países, uma das promessas centrais do seu primeiro mandato, durante o qual aproximadamente 129 quilômetros (muitos deles substituindo cercas deterioradas) dos 727 quilômetros totais dessa barreira estavam construídos quando ele deixou a presidência.
O candidato republicano propõe também tomar outras medidas como o restabelecimento da política que obrigava os requerentes de asilo a permanecer no México até que os seus pedidos fossem aprovados, e o fim do direito à cidadania dos filhos de imigrantes indocumentados nascidos nos Estados Unidos.
Economia: menos impostos, mais tarifas
O bom desempenho da economia americana durante o governo Trump – antes da chegada da pandemia de covid-19 – é um dos aspectos que mais favoreceram a sua candidatura em 2024.
De acordo com um estudo do instituto de pesquisas Gallup publicado em 9 de outubro, 54% dos eleitores acreditam que Trump pode administrar a economia melhor do que Harris.
O que se pode esperar para um segundo mandato?
Trump promete novos cortes de impostos para prolongar os que já fez durante o seu primeiro mandato, quando reduziu a taxa de imposto de renda sobre os lucros das empreas para 21% e também cortou os impostos sobre pessoas físicas, embora estes apenas temporariamente, até 2025.
O republicano disse agora que quer reduzir ainda mais o imposto sobre lucros das empresas para 15% e que eliminará os impostos sobre gorjetas e sobre os pagamentos de Seguro Social que os pensionistas recebem.
Propõe também aumentar a produção de energia nos EUA – aumentando a exploração de combustíveis fósseis – pois acredita que o elevado custo desses produtos contribuiu para a inflação.
Ele também afirma que reduzirá o custo da habitação iniciando um programa de construção de casas em terras federais, bem como reduzirá a procura através da deportação de imigrantes indocumentados, a quem culpa pelo aumento dos preços no setor imobiliário.
Ele também disse que irá impor um sistema de tarifas de 10% a 20% sobre a importação da maioria dos produtos estrangeiros. Muitos economistas alertaram, no entanto, que tais medidas acabarão por ser pagas pelos consumidores americanos sob a forma de preços mais elevados.
Nestas políticas de aumento de tarifas, a China ocupará um lugar central, já que depois de ter iniciado uma guerra comercial com Pequim durante o seu primeiro governo, Trump contempla agora estabelecer tarifas de 60% sobre todos os bens importados daquele país.
Trump também prometeu adotar um plano de quatro anos para eliminar a importação de bens essenciais da China e estabelecer novos regulamentos para as empresas americanas investirem na China “apenas quando esses investimentos favorecerem os Estados Unidos”.
Em 2023, os Estados Unidos importaram bens avaliados em cerca de US$ 426,9 bilhões de dólares da China.
É previsível que se Trump adotar estas medidas, a guerra comercial com Pequim se intensifique, o que poderá ter consequências não só para a relação bilateral, mas também para a economia global.
As incógnitas sobre o aborto
A revogação do direito ao aborto nos Estados Unidos é uma das maiores conquistas políticas da agenda republicana executada por Donald Trump durante o seu primeiro governo, mas durante a campanha de 2024 tornou-se uma espécie de campo minado eleitoral para ele.
Na sua primeira administração, Trump estabeleceu uma maioria absoluta conservadora no Supremo Tribunal com a nomeação de três novos juízes.
Esta nova maioria revogou em 2022 o direito ao aborto a nível federal (em vigor desde 1973), que era precisamente um dos objetivos que o político republicano tinha proposto com estas nomeações.
Esta mudança teve consequências. Atualmente, existem 14 Estados em que há proibição total ou quase total do aborto e há outros três Estados, em que só é permitido antes da sexta semana de gravidez, altura em que é comum que as mulheres nem sequer descobriram que estão grávidas.
Devido a estas proibições, houve casos de mulheres que morreram porque os médicos não lhes prestaram os cuidados de saúde necessários, por medo de serem processados criminalmente.
Estas medidas levaram a reveses políticos para os republicanos que perderam várias eleições desde 2022, mesmo em Estados tradicionalmente conservadores, onde a maioria dos eleitores considerou que as restrições impostas ao aborto foram longe demais.
Isto obrigou Trump a desempenhar uma espécie de equilíbrio durante a campanha em que, ao mesmo tempo que reivindicou como sucesso pessoal a revogação deste direito pelo Supremo Tribunal, evitou estabelecer uma posição firme, dizendo que cada Estado deve decidir sobre a regulamentação desta matéria.
O que ele planeja fazer a respeito se ganhar um novo mandato?
Durante a campanha, Trump negou que se chegar à Casa Branca assinará uma proibição nacional ao aborto e criticou a legislação da Flórida que proíbe esta prática após a sexta semana de gravidez, mas também disse que se opõe a uma iniciativa eleitoral para estabelecer o direito ao aborto naquele Estado.
Uma política externa isolacionista
A proposta isolacionista chamada “América Primeiro” foi fonte de inúmeras polêmicas durante a administração Trump e voltará a nortear sua política externa caso ele retorne à Casa Branca.
A Agenda 47, programa de governo de Trump, estabelece entre os seus objetivos prevenir a Terceira Guerra Mundial e restaurar a paz na Europa e no Oriente Médio.
Os parceiros europeus dos EUA estão preocupados com o regresso de Trump à Casa Branca.
“Não posso amenizar esses avisos. Donald Trump é o pesadelo da Europa e a sua ameaça de retirada da Otan ressoa nos ouvidos de todo o mundo”, disse Rose Gottemoeller, antiga secretária-geral adjunta da Otan, à BBC.
Uma das maiores preocupações dos europeus está relacionada com a guerra na Ucrânia.
O candidato republicano afirmou que Kiev deveria ter feito concessões a Moscou antes da guerra para evitar conflitos e criticou o apoio econômico e militar que o seu país deu à Ucrânia após a invasão da Rússia, considerando que foi excessivo e que serviu mais para prolongar o conflito do que para resolvê-lo.
Trump disse que se estivesse na Casa Branca essa guerra não teria acontecido e afirma que se regressar ao poder acabará com esse conflito dentro de 24 horas, por meio de um acordo negociado com a Rússia.
Os seus críticos, porém, acreditam que desta forma a única coisa que conseguirá será dar maior força a Vladimir Putin.
Em relação à guerra em Gaza, Trump declarou-se o “protetor de Israel”, embora tenha criticado a forma como aquele país tem conduzido o conflito e tenha apelado ao governo de Benjamin Netanyahu para alcançar a vitória em breve e regressar à normalidade. .
“Conquistarei a paz no Oriente Médio e em breve”, disse recentemente numa entrevista à estação de televisão saudita Al Arabiya.
Trump também prometeu expandir os chamados Acordos de Abraham, que ajudou a estabelecer em 2020 e pelos quais quatro países árabes concordaram em normalizar as relações diplomáticas com Israel: Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Bahrein e Sudão.
Estes acordos têm sido criticados por terem deixado de lado a causa palestina, que tem sido historicamente o principal obstáculo ao estabelecimento de laços entre Israel e os países árabes.
O próximo país que iria aderir aos acordos seria a Arábia Saudita, mas depois da guerra em Gaza, a monarquia saudita disse que não assinará até que esteja na mesa de negociações uma alternativa para a criação de um Estado palestino, uma possibilidade à qual o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem resistido até agora.
Desta forma, não está claro como Trump conseguiria reavivar os Acordos de Abraham.
Salvador ou destruidor da democracia americana?
A democracia nos Estados Unidos é uma das questões que têm estado no centro da campanha presidencial de 2024. Mas é uma questão sobre a qual existem opiniões divergentes.
Os republicanos dizem que uma segunda administração Trump serviria para “restaurar o governo do povo, para e pelo povo”, bem como defender a Constituição e defender a integridade das eleições.
Os democratas, por outro lado, acreditam que a recusa de Trump em reconhecer a sua derrota nas eleições presidenciais de 2020, bem como os seus esforços para anular esses resultados e impedir a certificação da vitória de Joe Biden (incluindo o ataque ao Capitólio – prédio do Congresso americano – em 6 de Janeiro de 2021), são a prova de que o ex-presidente é uma ameaça à democracia.
Em qualquer caso, o que parece claro é que os republicanos procurarão garantir que o eventual segundo mandato de Trump seja mais eficaz e que a realização dos seus objetivos não seja prejudicada por funcionários de carreira que não concordam com as ideias do republicano.
Certamente, durante o governo Trump houve funcionários de diferentes níveis que moderaram ou impediram as iniciativas do presidente por diferentes razões, incluindo considerá-las prejudiciais ao país ou ilegais.
Por outro lado, os republicanos acreditam que o governo Trump foi afetado negativamente pela falta de preparação da sua própria equipe.
Na verdade, o antigo presidente disse recentemente que o seu maior erro no poder foi escolher “pessoas más ou desleais”.
Para superar estes dois problemas, a Agenda 47 prevê que no primeiro dia de mandato, Trump assine uma ordem executiva que lhe permita colocar pessoas em quem confia em cargos executivos chave que tradicionalmente têm sido ocupados por funcionários de carreira.
Isto é algo que entusiasma os trumpistas e, de fato, é algo que ele tentou quando assinou uma ordem executiva semelhante em agosto de 2020, cujos frutos não colheu porque pouco depois teve que deixar a presidência após perder as eleições.
“Essa regra permitiria, com efeito, que um presidente despedisse milhares de funcionários públicos e os substituísse pelos seus apoiadores”, explica Anthony Zurcher.
“Para os apoiadores do antigo presidente, ter uma equipe de funcionários e assistentes mais disposta significará uma presidência de Trump menos caótica e mais eficaz no que diz respeito à promoção de políticas”, acrescenta.
No entanto, é uma possibilidade que preocupa os críticos de Trump.
Barbara Perry, professora de estudos presidenciais no Miller Center da Universidade da Virgínia, alerta que a substituição de funcionários privaria a administração pública do conhecimento e da experiência que estas pessoas acumularam trabalhando durante décadas de forma apartidária.
“Nos Estados Unidos, a reforma do serviço público foi empreendida no século XIX, justamente para se livrar das pessoas que ocupavam esses cargos por motivos políticos”, indica.
“Se isso acontecer, não haverá travas ou qualquer elemento de contenção para limitar a agenda e o extremismo de Trump”, acrescenta.
Esta situação seria agravada, segundo a especialista, pelo fato de Trump já ter uma maioria absoluta conservadora no Supremo Tribunal. Se os republicanos ganharem a Casa Branca e o Congresso, será muito difícil colocar limites ao governo.
A Agenda 47, no entanto, afirma que estas medidas para assumir o Executivo com funcionários relacionados a Trump servirão para desmantelar o chamado “Estado Profundo”, uma suposta rede secreta de funcionários não eleitos que controlariam o Estado, bem como lutar contra a corrupção dentro do governo.
Se Donald Trump ganhar a presidência em 5 de novembro, os americanos poderão verificar qual destas duas leituras está correta.
VÍDEOS: Eleições nos EUA 2024
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Postado em: 10:00
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