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A ascensão e queda de Vang Vieng, a cidade do Laos famosa por suas festas onde turistas morreram envenenados

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Apesar das melhorias introduzidas em anos recentes pelo governo do Laos, a cidade turística ainda carece de medidas de controle para evitar acidentes como o que vitimou seis jovens intoxicados por metanol em novembro. Laos era conhecido por suas festas regadas a drogas e álcool.
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Laos era conhecido por suas festas regadas a drogas e álcool.
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Antes famosa como uma cidade de festas hedonistas regadas a álcool e drogas, à beira do rio, Vang Vieng havia melhorado sua reputação nos últimos anos. Mas agora está voltou às manchetes por todos os motivos errados possíveis.
“Só não deixe de sair da reta quando chegar ao fim do escorregador. Alguém morreu naquelas pedras lá na semana passada.”
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Era 2010, e para o jovem eu — adolescente, bêbado e no meu primeiro mochilão pelo Sudeste Asiático — saúde e segurança estavam longe do topo da agenda de prioridades.
No entanto, segui o conselho dado pelo barman australiano de dreadlocks e, quando cheguei ao final do escorregador de azulejos, dei a mim mesmo um poderoso empurrão no ar acima do rio Nam Song, dando um grito para alertar as pessoas que estavam na água mais abaixo, da minha chegada iminente numa desajeitada e veloz trajetória como uma bala de canhão com poder letal.
Vang Vieng, uma cidade de cerca de 25 mil pessoas às margens do rio Nam Song, no centro do Laos, tem sido por décadas uma presença constante na chamada “Trilha da Panqueca de Banana”. Esse é o caminho dos mochileiros pelo Sudeste Asiático que leva esse nome em homenagem ao café da manhã de muitas pousadas e cafés ao longo da rota.
Antes, notoriamente conhecida como uma cidade de festas depravadas à beira do rio, Vang Vieng havia se recuperado nos últimos anos desse estereótipo. Mas agora está nas manchetes por todos os motivos errados mais uma vez, com vários turistas estrangeiros morrendo após ingerir bebidas com metanol, uma substância altamente tóxica.
Vang Vieng ficou famosa como um destino de festas no final dos anos 1990 por seus abundantes albergues para mochileiros e bares de madeira à beira do rio abastecidos com beerlao e lao-lao baratos, a cerveja local e o uísque de arroz local, este frequentemente vendido com uma cobra ou escorpião inteiros infundidos na garrafa.
Acredita-se que a mistura do veneno e do álcool possui benefícios medicinais a quem ingerir.
A cidade é cercada por idílicos arrozais e altas montanhas.
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Naquela época, o modo icônico de transporte turístico em Vang Vieng, conhecido simplesmente como tubing, envolvia viajantes flutuando rio abaixo numa câmara de ar inflada de um pneu de trator, desembarcando nos bares à beira do rio para disputar jogos que envolviam bebidas — beer pong era um favorito em particular.
Era comum ver também pessoas pulando no rio de bares e pousadas montadas em barracos nas margens, pendurados em cordas como se fossem cipós e deslizando em escorregadores direto para as águas.
A prática de tubing supostamente começou em 1999 com um fazendeiro local, Thanongsi Sorangkoun, que emprestou as câmaras de ar para que seus trabalhadores pudessem relaxar no rio. Rapidamente se tornou um item tão importante no itinerário de muitos mochileiros quanto as notórias festas da Lua Cheia de Koh Pha Ngan, na Tailândia.
Na época da minha visita no início da década de 2010, Vang Vieng era um lugar de moral contestada, policiamento leve e turismo no estilo Velho Oeste.
Além das atividades ribeirinhas, a cidade era famosa por seus “bares felizes”, onde ocidentais alegres e de olhos vermelhos se sentavam diante de pratos intocados de comida, olhando hipnotizados para aparelhos de TV que passavam reprises intermináveis ​​de Friends e Family Guy.
Sente-se em um desses estabelecimentos e abra o menu e, junto, com a comida habitual de mochileiros, como pizzas, macarrão, hambúrgueres e arroz frito, você encontrará uma verdadeira farmacopeia: cigarros de maconha pré-enrolados, pizzas de cogumelos aluginógenos, milk-shakes de cogumelos — tudo de cogumelos.
Nem é preciso dizer que a combinação de um rio raso, pedras afiadas e balanços de corda não regulamentados e inseguros com a disponibilidade de álcool barato e drogas psicodélicas provou ser perigosa.
Os toboáguas gigantes no rio Nam Song faziam parte da experiência de festa de Vang Vieng.
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Em 2011, o hospital da cidade registrou 27 mortes por afogamento ou traumas graves por impacto contra as pedras do rio. Esse número não inclui pacientes levados diretamente para Vientiane, capital do Laos, que fica a duas horas de distância por estrada.
Na mesma noite das minhas aventuras no “tobogã da morte”, como era conhecido localmente, tive que ajudar a levar uma colega turista ao hospital depois que ela quebrou o tornozelo após cair no rio.
Enquanto um grupo de nós a ajudava a subir a margem do rio em direção à estrada mais próxima, onde uma ambulância conseguia chegar, passamos por uma floresta que parecia estar em chamas com a luz incandescente de centenas de milhares de vaga-lumes.
Um lembrete de que, apesar de toda a loucura, a beleza natural não pode deixar de se intrometer em Vang Vieng.
O perfil dos visitantes também mudou, de acordo com Cleyet-Marrel: a balança da cidade que antes era dominada pela presença de mochileiros ocidentais, pende agora a favor dos turistas asiáticos.
“Ainda há muitos mochileiros e festas, mas também há muitas famílias viajando, casais de todas as idades e grupos chineses e coreanos, assim como pessoas do Laos vindo de Vientiane para o fim de semana”, disse Cleyet-Marrel.
A cidade também está mudando fisicamente, expandindo-se para a margem oeste do rio Nam Song, com mais acomodações rurais fora do centro urbano, em ambientes mais tranquilos.
Mantendo-se seguro em Vang Vieng
Os balões de ar quente oferecem aos viajantes uma vista panorâmica do cenário idílico.
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Embora incidentes de envenenamento por metanol sejam muito raros, eles tendem a envolver bebidas alcoólicas contaminadas, então fique com a cerveja para estar numa posição segura;
Leve bastante água e protetor solar com você em caminhadas solo e diga às pessoas para onde você está indo antes de partir;
Não misture álcool com atividades ao ar livre de qualquer tipo;
Evite drogas. Embora ainda disponíveis, elas continuam ilegais no Laos e operações envolvendo policiais à paisana são comuns;
Alugue uma motocicleta ou scooter somente se você estiver confiante que pode pilotá-la. Acidentes envolvendo turistas são comuns. Se você alugar uma, certifique-se de verificar e documentar danos pré-existentes — golpes envolvendo taxas inesperadas de conserto e reparo são comuns.
Novas ligações de transporte foram tão transformadoras quanto a repressão do governo. Em 2021, a tão esperada ferrovia Boten-Vientiane foi inaugurada, unindo Laos à China e conectando Vang Vieng a outras grandes cidades do Laos em tempo recorde.
“O trem conecta Vang Vieng a Luang Prabang em menos de uma hora — costumava ser cinco horas numa estrada muito desconfortável”, disse Cleyet-Marrel.
“Há também uma nova rodovia que conecta Vang Vieng a Vientane em 90 minutos. Essas coisas impactaram muito o turismo em Vang Vieng, pois trazem pessoas aqui por dois ou três dias que talvez não tivessem vindo antes. Isso está contribuindo para a mudança do clima geral.”
Embora o fluxo de visitantes chineses seja em grande parte explicado pela nova linha ferroviária internacional, o aumento do interesse dos turistas coreanos por Vang Vieng tem a ver com o reality show sul-coreano Youth Over Flowers, que filmou um episódio aqui em 2014.
Seis turistas morrem no Laos por ingestão de bebida alcoólica adulterada
De acordo com Vigié, as mudanças vistas em Vang Vieng devido à repressão do governo de 2012 e às novas ligações de transporte foram inicialmente quase extremas demais — tanto que acabaram precisando de um salvador improvável.
“De certa forma, a crise da Covid proporcionou uma pausa útil no rápido desenvolvimento de Vang Vieng”, disse ele. “Forçou muitas empresas a fechar e restaurou um nível de tranquilidade que era necessário para receber as novas ondas de visitantes trazidas pelo trem de alta velocidade.”
No entanto, esse alívio não está mais disponível agora, e as recentes mortes de turistas mostram que, apesar de todas as mudanças ocorridas em Vang Vieng, pode não demorar muito para que a cidade saia dos trilhos novamente.
Um dos principais fatores determinantes, disse Vigié, será se o governo central permanecer envolvido o suficiente para manter algum controle sobre a cidade. “Os eventos trágicos da semana passada são um lembrete dramático da importância crítica dos mecanismos de controle do governo”, disse ele.
“É muito difícil prever como Vang Vieng se desenvolverá no futuro. É um lugar muito pequeno e não é preciso muito para desequilibrá-lo. Mas estou pessoalmente otimista.”

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Postado em: 07:00

Internacional

Erro de cálculo de presidente sul-coreano deverá lhe custar o cargo

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Yoon Suk Yeol tem minoria no Parlamento e enfrenta oposição dentro do próprio partido, agravada por tentativa fracassada de impor lei marcial no país. Manifestantes em frente ao parlamento na Coreia do Sul
AP Photo/Ahn Young-joon
A desastrada tentativa do presidente Yoon Suk Yeol de impor, pela primeira vez em 44 anos, uma lei marcial aos sul-coreanos pôs seriamente em risco o seu futuro político. A reação furiosa e incisiva da população e da Assembleia Nacional forçou o rápido recuo do presidente, mas o seu erro de cálculo deverá lhe custar o cargo.
Seis partidos de oposição apresentaram uma moção de impeachment do presidente, que, se for aceita, será votada em 72 horas e poderá remover o político conservador do comando da Coreia do Sul.
Eleito em 2002 com uma diferença de menos de 1% dos votos, Yoon, de 63 anos, reúne requisitos para ser afastado: é extremamente impopular, com aprovação em torno de 17%, tem minoria no Parlamento sul-coreano e enfrenta oposição dentro de sua própria legenda.
O Partido do Poder Popular controla apenas 108 das 300 cadeiras. Para que o impeachment do presidente seja aprovado, é necessário o apoio de dois terços dos deputados. Pelo menos oito votos teriam que vir do PPP, o que não parece ser um desafio. Dos 190 legisladores que conseguiram furar, na terça-feira, o forte bloqueio de militares na Assembleia Nacional para derrubar a lei marcial, 18 pertenciam ao partido do presidente.
A curta empreitada de Yoon para impelir a lei marcial reavivou a memória do autoritarismo no país, enterrada em 1987 com o fim do regime militar. O presidente invocou supostas forças aliadas da Coreia do Norte para justificar a lei de emergência, mas seus argumentos soaram como uma manobra desesperada de aferrar-se ao cargo.
“Essa tentativa de anular instituições democráticas sugere um exagero desesperado ou impulsos antidemocráticos graves”, analisou a cientista política Darcie Draudt-Véjares, especialista do Programa da Ásia no Carnegie Endowment for International Peace.
Em abril passado, as urnas castigaram duramente a legenda de Yoon, e a Assembleia Nacional passou a ser controlada pelo opositor Partido Democrata. O presidente conseguiu aprovar apenas um terço dos projetos de lei submetidos ao Parlamento e passou a responder com o poder de veto para derrubar leis apresentadas pela oposição.
O confronto persistente entre Executivo e Legislativo faz dele um presidente pato-manco. Este é, portanto, o pano de fundo para a manobra política frustrada nesta terça-feira. Mas há mais: escândalos de corrupção e tráfico de influência abalam a sua reputação e a da família. A primeira-dama Kim Keon Hee foi flagrada, ao receber uma valiosa bolsa Dior de presente de um pastor coreano-americano.
Em contraste com o desgastado cenário interno, Yoon desfruta de certo prestígio no exterior. Foi o primeiro presidente sul-coreano a participar de uma reunião da Otan, promoveu a ajuda militar do país à Ucrânia e ampliou os laços de cooperação com os EUA e o Japão. Pode-se dizer que ele arriscou suas credenciais e que o arroubo autoritário causou, no mínimo, o desconforto entre seus aliados.
Presidente da Coreia do Sul decreta lei marcial; entenda o termo

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Postado em: 09:01

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Mattel é processada nos EUA por colocar link de site pornô em caixas de bonecas acidentalmente

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Processo movido nesta terça-feira (3) exige pelo menos US$ 5 milhões em danos para qualquer pessoa que tenha comprado as bonecas ‘Wicked’ com endereço eletrônico errado na embalagem. Embalagem de boneca Wicked, da Mattel, tem registrado o link de um site de filmes adultos.
Reprodução/X
A Mattel foi processada nesta terça-feira (3) por uma mulher da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, após a empresa ter colocado acidentalmente um link para um site pornô na embalagem de bonecas relacionadas ao filme de sucesso “Wicked”.
Em uma ação coletiva apresentada no Tribunal Federal de Los Angeles, Holly Ricketson afirmou que comprou uma boneca “Wicked” para sua filha, que então visitou um site de entretenimento adulto através do link fornecido pela fabricante de brinquedos.
Ricketson disse que sua filha mostrou a ela fotografias explícitas do site e que ambas ficaram “horrorizadas” com o que viram — o que, segundo ela, causou uma angústia emocional.
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A autora da ação afirmou que não teria comprado a boneca se soubesse do erro, e a Mattel não ofereceu reembolsos, apesar de ter retirado as bonecas do mercado em 11 de novembro.
A empresa se recusou a comentar sobre o processo, mas disse em um comunicado que as vendas das bonecas “Wicked” com embalagem correta foram retomadas nas lojas e online. A Mattel manifestou pesar pelo erro.
A fabricante de brinquedos com sede em El Segundo, na Califórnia, tinha a intenção de vincular os compradores ao site WickedMovie.com, e não a um site de nome semelhante destinado a pessoas com 18 anos ou mais.
A Mattel recomenda as bonecas para crianças de 4 anos ou mais. O processo movido nesta terça-feira exige pelo menos US$ 5 milhões em danos para qualquer pessoa nos Estados Unidos que tenha comprado as bonecas “Wicked” com endereço eletrônico errado na embalagem.
A ação acusa a Mattel de negligência, venda de produtos impróprios para venda e violação das leis de proteção ao consumidor da Califórnia.
“Wicked”, da Universal Pictures, estrelado por Cynthia Erivo e Ariana Grande, arrecadou US$ 263,2 milhões nos Estados Unidos e US$ 360,3 milhões pelo mundo desde o lançamento, em 22 de novembro, segundo o Box Office Mojo.
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Postado em: 06:05

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Internacional

Em comissão da Câmara, María Corina Machado pede que Brasil reconheça Edmundo González como presidente da Venezuela

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A líder da oposição na Venezuela e o candidato, que está exilado na Espanha, participaram de sessão da Comissão de Política Exterior e Defesa na terça-feira (3) por videoconferência. María Corina Machado e Edmundo González Urrutia.
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A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, pediu para que o Brasil reconheça Edmundo González como presidente eleito do país vizinho durante participação em sessão da Comissão de Política Exterior e Defesa da Câmara dos Deputados do Brasil, na terça-feira (3). González, que disputou as eleições com Nicolás Maduro, também participou do encontro.
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“O que esperamos é que o Brasil reconheça Edmundo González como presidente eleito para que se possa pressionar Maduro e que se dê conta de que sua melhor opção é uma transição ordenada e pacífica”, disse Machado por videoconferência, segundo a Agência France-Presse (AFP).
González, que está exilado na Espanha, alega ser o legítimo presidente eleito da Venezuela. A autoridade eleitoral venezuelana proclamou Maduro eleito para um terceiro mandato de seis anos após as eleições presidenciais de 28 de julho, sem apresentar os detalhes da apuração, como determina a lei.
No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu Maduro com honras em Brasília, mas as tensões entre os dois governos escalaram semanas após as eleições venezuelanas. Lula pediu a publicação das atas eleitorais que comprovassem a vitória de Maduro, o que não ocorreu, e o Brasil vetou a entrada da Venezuela ao bloco do Brics.
Mas, em novembro, Lula disse em uma entrevista à TV que Maduro era um “problema” da Venezuela e não do Brasil, uma declaração que o presidente venezuelano recebeu positivamente.
A dirigente opositora disse que Maduro “está isolado, nacional e internacionalmente, fragilizado, sem recursos”. “Seguiremos firmes nesta posição para avançar junto de vocês para essa transição ordenada e para que Edmundo González assuma a Presidência”, acrescentou.
María Corina falou ao g1
Há uma semana, em entrevista ao g1, a líder da oposição venezuelana afirmou que Nicolás Maduro tentou enganar o presidente Lula e o povo brasileiro sobre o resultado das eleições presidenciais da Venezuela e cobrou pressão de líderes internacionais para que Maduro deixe o poder.
Líder da oposição da Venezuela diz que Maduro tentou enganar Lula
Milhões de venezuelanos foram às urnas no dia 28 de julho para eleger o presidente do país para o período entre 2025 e 2031. Edmundo González foi o candidato da oposição após outros políticos — incluindo María Corina Machado — terem sido barrados de disputar o pleito.
Sem apresentar provas, o Conselho Nacional Eleitoral, alinhado a Maduro, afirmou que o atual presidente da Venezuela venceu as eleições com pouco mais de 50% dos votos.
A oposição, por outro lado, garante que González derrotou o atual presidente com ampla vantagem com base nos documentos impressos pelas urnas de votação. O Centro Carter, ONG americana que atuou como observador das eleições, também aponta González como vencedor.
Um membro da oposição venezuelana viajou para Brasília nesta semana para mostrar os documentos das urnas a autoridades. Reuniões foram marcadas com membros da diplomacia brasileira e do Congresso Nacional.
Maria Corina Machado, 57 anos, afirmou ao g1 que Maduro acreditava que poderia enganar Lula, vendo no presidente brasileiro um aliado internacional. No entanto, segundo ela, o petista tem adotado uma postura firme para apontar que houve fraude nas eleições venezuelanas.
“O Brasil é inquestionavelmente um líder na região. É um país que durante todos esses anos insistiu na validade das instituições democráticas. Maduro acreditou que poderia enganar Lula ou enganar o povo brasileiro, mas isso não aconteceu”, afirmou.
“É um momento em que, com muita clareza e nitidez, todos os chefes de Estado, os governos, os líderes da América Latina de todas as posições ideológicas devem assumir uma posição única e unida.”
Ainda durante a entrevista, a líder da oposição venezuelana afirmou que:
acredita que Edmundo González assumirá o governo em janeiro;
a oposição ofereceu uma transição negociada ao atual presidente;
há setores das Forças Armadas insatisfeitos com Maduro;
existem diferenças entre a situação atual e a de quando Juan Guaidó se autoproclamou presidente.
Maria Corina Machado em discursos durante manifestação contra Maduro neste sábado (3)
Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
Acusada de uma série de crimes pelo Ministério Público da Venezuela, Maria Corina Machado disse que continua no país e sofre perseguições, assim como outros membros da oposição.
Por questões de segurança, ela preferiu não dizer se está asilada em uma embaixada. Em agosto, em um artigo no “The Wall Street Journal”, Corina Machado afirmou que estava escondida por temer pela própria vida.
Troca de governo
Nicolás Maduro e Edmundo González
Federico PARRA/AFP
No dia 10 de janeiro de 2025, a Venezuela terá uma cerimônia para anunciar quem ficará pelos próximos seis anos no poder. Maduro, que controla a Justiça e o Congresso, se prepara para assumir o terceiro mandato.
Na oposição, ainda há esperanças de que Edmundo González assuma o poder. Em entrevistas recentes, o oposicionista que está exilado na Espanha garante que vai voltar ao país para ser empossado.
Maria Corina Machado também acredita que há possibilidades de que o regime de Maduro termine em janeiro de 2025. Ela argumenta que tem provas de que González recebeu o maior número de votos. Sendo assim, pela Constituição, é ele quem deve governar o país.
“Evidentemente Maduro, até agora, resistiu e tentou aterrorizar um país e nos prender através da repressão, da intimidação. Mas a Constituição é a Constituição, e é isso que tem que acontecer”, disse.
A líder venezuelana disse que a chapa de Edmundo González já conseguiu derrubar outras barreiras que pareciam difíceis de superar. Entre elas, vencer as eleições e conseguir reunir provas disso.
“Eu estou focada em conseguir um mandato para fazer cumprir a Constituição. Quando Maduro vai reconhecer isso? Pode ser antes de 10 de janeiro. Pode ser no dia 10 de janeiro ou até depois do mês de janeiro. Mas Maduro terá de reconhecer a verdade porque nós, venezuelanos, não vamos desistir.”
Transição negociada
Maduro comparece à Suprema Corte venezuelana
Federico PARRA / AFP
Em agosto, a oposição da Venezuela anunciou que ofereceria “garantias, salvo-conduto e incentivos” para que Nicolás Maduro faça uma transição de poder. A ideia seria uma negociação com o atual presidente, que inclusive já recebeu uma oferta de asilo político no exterior.
No mesmo mês, Maduro descartou negociar com a oposição e disse que Corina Machado tinha que se entregar à Justiça para responder “pelos crimes que cometeu”.
Agora, a líder da oposição venezuelana afirma que Maduro deveria aceitar os termos de uma transição negociada “para o seu próprio bem” e evitar um cenário devastador na Venezuela.
“Dissemos que estamos dispostos a dar garantias nesta transição, com base no reconhecimento da soberania popular expressada em 28 de julho. O que nós venezuelanos queremos é o que é bom para o nosso país, o que é bom para os países vizinhos, o que é bom para todas as nações democráticas e também o que é bom para aqueles que hoje apoiam Nicolás Maduro”, afirmou.
A líder da oposição destacou que o apoio internacional para a troca de poder na Venezuela é fundamental para pressionar o regime atual. Segundo ela, Maduro acredita que os crimes cometidos durante seu governo serão esquecidos, mas o mundo não virará a página tão facilmente.
Quando questionada sobre o que pode acontecer caso Maduro continue no poder, Corina Machado disse: “Acredite, será mais difícil para Maduro do que para nós”.
“Ele tornaria realidade o golpe de Estado mais cruel da história deste país e ficará absolutamente isolado e sozinho em condições cada vez mais difíceis ou impossíveis de sustentar. Ele não tem mais nada, ele não tem mais ninguém. Ninguém acredita nele”, afirmou.
Militares insatisfeitos
Maduro fala com seu comando militar em um evento em Caracas no dia 5 de julho.
Leonardo Fernández Viloria/ Reuters
A líder da oposição venezuelana afirmou que o regime de Nicolás Maduro só continua de pé por causa da atuação das Forças Armadas, que têm forte influência chavista.
“Vemos como em todos os cargos governamentais há algumas figuras das Forças Armadas porque Maduro sabe que isso é a única coisa que lhe resta.”
Por outro lado, Corina Machado disse que existe um descontentamento crescente nas bases militares. Nas eleições de 28 de julho, por exemplo, membros das Forças Armadas tiveram papeis decisivos para que a oposição conseguisse reunir as atas das urnas eleitorais, segundo ela.
“Essas pressões dentro das Forças Armadas crescem porque eles entendem que com Maduro não há futuro. Nós estamos oferecendo um governo democrático no qual todos os venezuelanos poderão se encontrar e fortalecer nossas instituições, começando por uma força armada profissional e bem treinada”, concluiu.
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Postado em: 03:05

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