Os rebeldes que derrubaram o ditador Bashar al-Assad e tomaram o poder na Síria estão promovendo uma série de rápidas mudanças no país, como a suspensão da Constituição e o anúncio da dissolução das forças de segurança que serviram ao governo anterior.
Mas a mudança mais visível até agora foi a da bandeira nacional.
O estandarte anterior, com faixas horizontais vermelha, branca e preta, com duas estrelas verdes de cinco pontas no centro, era o símbolo da ditadura da família Assad.
Ela foi arrancada pelo povo de prédios públicos, ruas e residências, sendo substituída pela bandeira adotada pelos rebeldes desde o início da guerra civil no país, em 2011.
A nova bandeira também tem faixas horizontais, mas as cores mudaram para verde, branco e preto (de cima para baixo), com três estrelas vermelhas de cinco pontas no centro.
O novo símbolo é o mesmo da época em que a Síria lutava pela independência da França, na década de 1930, e foi escolhido pelos rebeldes justamente para que eles pudessem se diferenciar do brutal regime dos Assad.
Durante a ditadura, qualquer pessoa que fosse pega com a bandeira dos rebeldes poderia ser presa sob acusação de boicote ao regime.
As cores das duas bandeiras têm significados parecidos: o vermelho representa o sangue derramado pelos sírios em busca de sua independência, o branco significa o desejo de paz e o preto simboliza a opressão contra os árabes.
O verde, usado com destaque na bandeira da independência e adotada pelos rebeldes, é a cor que simboliza o islamismo, já que muitos historiadores afirmam que essa era a tonalidade favorita do profeta Maomé.
As duas estrelas na bandeira da ditadura faziam referências à própria Síria e ao Egito, dois países que se uniram entre 1958 e 1961 na antiga República Árabe Unida.
Já as três estrelas da bandeira adotada na época da luta pela independência simbolizavam três importantes províncias do país: Aleppo, Damasco e Deir el-Zor.
Mudanças em outros países
Mudanças em bandeiras são comuns em países que passam por grandes mudanças políticas, especialmente com a derrota de regimes opressores.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o fim do regime racista do apartheid na África do Sul e também com a queda de outro ditador árabe, Muammar Ghadaffi, na Líbia.
No caso da África do Sul, a bandeira de listras horizontais laranja, branca e azul foi substituída por uma bandeira multicolorida que representa a diversidade do país.
No caso da Líbia, os grupos rebeldes que derrubaram Ghadaffi fizeram algo parecido com a tática empregada pelos sírios: voltaram a usar a bandeira adotada em 1951, ano da independência da nação.
A nova bandeira líbia tem faixas vermelha, preta e verde, além de uma lua crescente e uma estrela de cinco pontas branca no centro.
Esse estandarte substituiu o símbolo de Ghadaffi: uma bandeira totalmente verde – a cor favorita do ditador, que chegou a escrever o Livro Verde, com uma descrição de sua ideologia autoritária.
O livro, assim como a monótona bandeira de sua era, foram descartados com sua queda.