Internacional
Como foi operação de 6 dias até encontrar o suspeito pela morte de CEO em Nova York
Reuters via BBC
Não foi o DNA ou a tecnologia de reconhecimento facial que desvendou o caso. Nem os detetives amadores na internet fizeram a descoberta.
No final, foi um funcionário do McDonald’s, a horas de distância da cena do crime, que avistou um homem que parecia com a imagem de um suspeito pelo assassinato do CEO (diretor-executivo) da UnitedHealth Care, Brian Thompson, em Nova York.
O suspeito teve o cuidado de usar uma máscara enquanto andava pela cidade de Nova York, onde ocorreu o assassinato, mas a abaixou por um segundo para flertar com uma mulher em um albergue e novamente para comer no McDonald’s.
Isso pode ter sido o suficiente.
A polícia de Altoona, Pensilvânia, invadiu a lanchonete e prendeu Luigi Mangione, um jovem de 26 anos de uma família rica da região de Baltimore que estudou em uma escola particular e em uma universidade da Ivy League (grupo das universidades de mais prestígio dos EUA).
Após seis dias dramáticos, a busca pelo suspeito de matar Brian Thompson acabou.
Ligação vinda do McDonald’s
Funcionário do McDonald’s acionou polícia ao ver homem semelhante a imagem de suspeito pela morte de CEO.
Reuters via BBC
Segundo contou um cliente frequente do McDonald’s em Altoona, na manhã de segunda-feira (09/12), um de seus amigos viu Mangione entrando na lanchonete e comentou: “Ali aquele atirador de Nova York”.
“Achei que ele estava brincando”, contou o cliente.
A polícia foi chamada por um funcionário. Quando os policiais abordaram Mangione pela primeira vez e perguntaram se ele esteva em Nova York, o suspeito ficou “visivelmente nervoso, meio tremendo”, segundo relato do vice-chefe de polícia de Altoona, Derick Swope.
Enquanto era levado para uma audiência no tribunal nesta terça-feira (10/12), Mangione gritou em direção a repórteres as palavras “completamente injusto” e “insulto à inteligência do povo americano”.
Ele agora enfrenta acusações de assassinato em segundo grau, além de crimes relativos a armas.
A polícia de Nova York diz que o suspeito chegou à cidade em 24 de novembro, na movimentada preparação para o feriado de Ação de Graças. Ele visitou o Hotel Hilton, onde o assassinato aconteceria mais tarde.
Seu encontro com um funcionário do albergue onde ele se hospedou foi capturado por uma câmera.
Dez dias depois, em 4 de dezembro, Thompson foi morto a tiros a caminho de uma reunião, por volta das 6h45 no horário local.
O suspeito fugiu a pé, de bicicleta e de táxi para uma estação de ônibus perto da Ponte George Washington. De lá, saiu da cidade.
Desde o início da investigação, o assassinato foi tratado como um ataque direcionado. Vídeos mostram o assassino ignorando pedestres na movimentada calçada de Manhattan e mirando em Thompson.
Os cartuchos de bala usados no crime tinham palavras inscritas — acredita-se que referências a práticas da indústria de seguros: “negar”, “defender” e “destituir”.
Veja principais momentos em que Luigi Mangione foi capturado por câmeras de segurança.
BBC
Fuga da polícia por seis dias
A prisão de segunda-feira encerrou seis dias dramáticos em que o suposto assassino parecia desaparecer, deixando poucas pistas para trás.
Ele não só conseguiu deixar uma das cidades mais movimentadas do mundo usando transporte público, como antes de segunda-feira seu nome não era conhecido publicamente.
Também não está claro exatamente onde ele estava se escondendo nos dias após deixar Nova York.
Juliette Kayyem, ex-secretária assistente do Departamento de Segurança Interna dos EUA, disse ao programa Today, da BBC Radio 4, que a formação de Mangione em tecnologia pode tê-lo ajudado a escapar da polícia por quase uma semana.
“Era alguém que estava estudando como a polícia e como essas cidades tentam se proteger, que é basicamente ter muitas câmeras por perto”, disse ela.
“Agora que sabemos um pouco sobre ele — que é uma pessoa inteligente, estudou em ótimas escolas, tinha diplomas superiores, estudou tecnologia, gostava de apetrechos eletrônicos… —, algumas coisas estão começando a fazer sentido”, disse Kayyem.
O suspeito também usava uma máscara facial quase constantemente e foi encontrado com uma carteira de motorista falsa, além de uma “arma fantasma” não rastreável — uma arma de fogo que pode ser montada em casa e que, segundo a polícia, pode ter sido impressa em 3D.
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De acordo com as autoridades, Mangione usou dinheiro vivo para compras em Nova York e fugiu da cena do crime para o Central Park, onde há poucas câmeras.
Mas ele também pareceu cometer alguns erros elementares — como revelar rapidamente seu rosto no albergue e segurar a arma e o documento de identidade falso.
A família do suspeito divulgou uma declaração na segunda-feira à noite por meio do primo de Mangione, um parlamentar do Estado de Maryland.
“Nossa família está chocada e devastada pela prisão de Luigi”, disse Nino Mangione.
“Oferecemos orações à família de Brian Thompson e pedimos que as pessoas orem por todos os envolvidos.”
Tudo dando certo para Mangione — até o ‘desaparecimento’
Mangione vem de uma família grande e rica em Baltimore, Maryland, com negócios envolvendo casas de repouso, mercado imobiliário, um clube de campo e uma estação de rádio, de acordo com o jornal local Baltimore Banner.
Ele frequentou a Gilman School, uma escola particular só para homens, onde se formou como orador da turma — um destaque em sua classe.
Um antigo colega dele, Freddie Leatherbury, disse à agência de notícias Associated Press que Mangione veio de uma família rica, mesmo para os padrões daquela escola particular.
“Sinceramente, ele tinha tudo a seu favor”, disse Leatherbury.
Mangione foi para a Universidade da Pensilvânia. Lá, recebeu diplomas de bacharel e mestre em ciência da computação e fundou um clube de desenvolvimento de videogames.
Um amigo que frequentou a universidade na mesma época descreveu Mangione como uma “pessoa supernormal” e “inteligente”.
Ele trabalhou como engenheiro de dados e desenvolvedor de videogames e, mais recentemente, estava morando no Havaí.
Postagens nas redes sociais mostram que amigos e familiares tentaram contatá-lo recentemente e perguntaram sobre seu paradeiro.
Em uma postagem na rede social X em outubro, uma pessoa enviou mensagem para Mangione dizendo: “Ei, você está bem? Ninguém ouve falar de você há meses e parece que sua família está procurando por você.”
Luigi Mangione teve uma educação e origem familiar privilegiada.
Reprodução/Instagram via BBC
Pistas de manifesto e resenhas de livros
O rastro digital de Mangione mostra poucas mensagens sobre assistência médica ou sobre o setor de seguros.
Em vez disso, há comentários sobre inteligência artificial e tecnologia, ciência e filosofia pop, e resenhas de uma série de livros, incluindo 1984 e a série Harry Potter.
Mas uma série de contas em redes sociais que correspondem ao seu nome e rosto dão algumas possíveis pistas sobre a motivação para o crime.
RJ Martin, um ex-colega de quarto de Mangione no Havaí, disse que o suspeito tinha uma lesão nas costas, mas “nunca” reclamou sobre isso.
“Sua lesão nas costas o impedia, às vezes, de fazer muitas coisas normais”, disse Martin.
Uma imagem no plano de fundo da conta de Mangione no X mostra um exame de coluna.
Martin, que posteriormente perdeu o contato com Mangione, disse que, antes das notícias sobre o antigo amigo, seria difícil imaginá-lo machucando outra pessoa.
Redes sociais de Mangione não trazem muitas referências diretas ao sistema de saúde.
Reprodução/X
Uma pessoa com o nome e a foto dele tinha uma conta no Goodreads, um site de resenhas de livros.
Mangione teria lido dois livros sobre dor nas costas em 2022, sendo um deles chamado Crooked: Outwitting the Back Pain Industry (“Tortos: Superando a indústria da dor nas costas”, em tradução livre).
Ele também deu quatro estrelas para um texto chamado Industrial Society and Its Future (“Sociedade Industrial e Seu Futuro”), de Theodore Kaczynski — também conhecido como o “Manifesto Unabomber”.
O documento critica a vida moderna e afirma que a tecnologia estava levando os americanos a sofrer de uma sensação de alienação e impotência.
A partir de 1978, Kaczynski iniciou uma série de atentados que matou três pessoas e feriu dezenas, até ser preso em 1996.
Em sua resenha, Mangione reconheceu que Kaczynski era um indivíduo violento que matou pessoas inocentes, mas argumentou que o livro não deveria ser descartado como o manifesto de um lunático, mas sim como o trabalho de um revolucionário político extremo.
Segundo a polícia, quando o suspeito pela morte do CEO foi preso, ele tinha consigo um documento manuscrito de três páginas que mostrava uma “aversão” às empresas americanas.
Um funcionário de alto escalão disse ao jornal The New York Times que o documento dizia: “Esses parasitas mereceram” e “Peço desculpas por qualquer conflito e trauma, mas era algo que tinha que ser feito”.
Solidariedade com vítima — e com suspeito
A UnitedHealth tem sido alvo de protestos de pessoas que tiveram seus pedidos por atendimento negados.
Getty Images via BBC
Enquanto isso, as reações mistas ao assassinato e à prisão de Mangione continuam — variando da condolência por Thompson e sua família versus raiva pela situação do caro e extremamente complicado sistema de saúde dos Estados Unidos.
Na internet, o crime provocou algumas críticas à indústria de seguros de saúde, e Mangione foi até aclamado como herói.
A polícia de Altoona disse ter recebido centenas de e-mails e ligações, incluindo ameaças de morte.
Algumas pessoas teriam ligado apoiando Mangione, alegando que a polícia é parte do grupo de verdadeiros culpados.
Enquanto isso, a polícia aconselhou funcionários do McDonald’s a não darem entrevistas ou declarações, por preocupação com a segurança deles.
A lanchonete recebeu centenas de avaliações negativas na internet, com funcionários sendo chamados de “ratos” devido a um deles ter chamado a polícia.
Mas outros condenaram tais opiniões.
“Na América, não matamos pessoas a sangue frio para resolver diferenças políticas ou expressar um ponto de vista”, disse o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, a repórteres.
“Eu entendo que as pessoas têm uma frustração real com nosso sistema de saúde… Mas eu não tenho tolerância, nem ninguém deveria, com um homem usando uma arma fantasma ilegal para assassinar alguém porque ele acha que sua opinião importa mais.”
“Em alguns cantos sombrios, esse assassino está sendo aclamado como um herói. Ouça-me: ele não é um herói”, defendeu Shapiro.
Com reportagem adicional de Cai Pigliucci, Jessica Parker e Madeline Halpert
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Postado em: 07:00
Internacional
Cartas de amor de Einstein: o romântico por trás do gênio
Albert Einstein (1879-1955) se estabeleceu bem cedo como um astro da ciência: já em 1905, com apenas 26 anos, apresentou vários trabalhos pioneiros. Um deles, em que lança a teoria da relatividade restrita, o tornou mundialmente famoso: 12 anos mais ele receberia o Prêmio Nobel da Física. Mas de onde veio a força, inspiração e tranquilidade para realizar tudo isso?
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Parte da resposta certamente está na coleção de cartas de amor do gênio natural de Ulm, que a casa de leilões Christie’s, de Londres pôs em pregão nesta quarta-feira (11). Quem certamente pode avaliar é o historiador da ciência alemão Jürgen Renn, um profundo conhecedor do assunto.
Ele trabalhou de 1986 a 1992 como coeditor dos Collected papers of Albert Einstein, lançados pela editora americana Princeton University Press. Ele se ocupou especialmente das cartas de amor dos anos 1897 a 1903, entre Einstein e sua primeira esposa, Mileva Marić (1875-1948).
“Essas cartas acabavam de ser descobertas na época. Minha tarefa era lê-las, comentá-las e classificá-las historicamente.”
Até hoje transparece a fascinação do professor do Instituto Max Planck de Geoantropologia pelo tema: “Era um material sensacional, porque não continha só votos de amor, mas também conteúdo científico da fase mais criativa de Einstein, sobre o qual ele manteve intercâmbio intensivo com sua namorada e futura esposa.”
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Mileva Marić: romance anticonvencional com final amargo
Albert Einstein foi um homem multifacetado e apaixonado – com uma tendência ao transbordamento romântico
Frank Rumpenhorst/dpa/picture-alliance
O gênio da física encontrara a jovem sérvia em 1896, no Instituto Politécnico de Zurique. Ele concluíra o estudo médio na Suíça, depois de ter largado o colégio em Munique. Marić vinha da província de Voivodina, então Império Austro-Húngaro, cursara o colégio em Zagreb e estudava física, como única mulher de sua classe e primeira sérvia no geral.
A singularidade da colega agradou o estudante quatro anos mais jovem. Ela engolia os escritos filosóficos de Arthur Schopenhauer, adotava uma atitude antiburguesa. Entre os dois nasceu um amor inconvencional. “Com ela, Einstein podia legar a vida amorosa à vida científica, eles podiam falar literalmente sobre tudo”, conta Jürgen Renn.
Obviamente Mileva era pelo menos tão versada em questões matemáticas quanto o seu Albert. Se não, por que até hoje o mundo da física especularia sobre a participação dela no desenvolvimento da teoria da relatividade?
“Querida Doxerl”, escreve Albert de Winterthur, por volta de 1901, “eu gosto de ti, minha doce garota […] Como foi lindo a última vez em que pude apertar contra mim tua amada pessoinha, como a natureza manda; recebe meu beijo mais carinhoso, alma querida!”
Os seis anos que essa correspondência cobre são decisivos para o casal: em 1901 a jovem apaixonada engravida e dá à luz uma criança ilegítima, dois anos mais tarde ela e ex-colega se casam. O matrimônio, de que resultam três filhos, só dura formalmente até 1918, e o fim da relação não é nada romântico.
“Tu vais renunciar a todas as relações pessoais comigo”, estipula Einstein numa carta de 1914. “Não deves nem esperar carícias da minha parte, nem me fazer qualquer tipo de acusações.” No termo de divórcio, ele concederia a Marić o prêmio em dinheiro do Nobel. Como fiduciária dos dois filhos homens, ela teve que esperar até 1922 para pôr as mãos na quantia.
Elsa Einstein, segunda mulher de um Don Juan desgrenhado
Elsa e Einstein eram primos e começaram um relacionamento quando o físico se casou com Mileva
Getty Images
Após estadas em Zurique e Praga, a partir de 1914 Einstein se mudou para Berlim. Nesse meio tempo, adoecera gravemente, e quem o acolhe é uma prima de segundo grau, Elsa Löwenthal (nascida Einstein). Pouco após a separação de Marić, ele vai morar com a atriz e recitante divorciada e mãe de duas filhas, que se tornaria sua segunda esposa.
O relacionamento é bastante franco, ríspido até: Elsa critica a falta de higiene pessoal dele – e lhe presenteia uma escova de cabelo. O gênio notoriamente desgrenhado responde: “Se sou repulsivo demais para ti, então procura um amigo mais agradável aos gostos femininos. Eu, porém, preservo a minha indolência.” Em casos extremos, Elsa Einstein tomava a tesoura nas próprias mãos.
Ao que tudo indica, as falhas do cientista enquanto cavalheiro não diminuíam seu impacto sobre as mulheres – pelo contrário: onde quer que ele fosse, as damas locais disputavam suas atenções. Em muitas de suas viagens acadêmicas, teve casos amorosos.
Até mesmo em Berlim ele tinha uma amante, paralelamente ao casamento com Elsa, que durou até a morte dela, em 1936. “A maior provação para o matrimônio eram os casos de Einstein”, escreve o biógrafo Armin Hermann no prefácio a uma edição das cartas de amor, e resume: “Einstein se sentia fortemente atraído por tudo o que é feminino.”
Mais do que um gênio, um homem normal?
Albert Einstein, ganhador do Prêmio Nobel de física, em Buenos Aires, em 1925
Arquivo Geral da Nação Argentina
“Ao ler a tua carta, para mim foi como ver minha sepultura sendo cavada, o restinho de felicidade que ainda me restava foi aniquilado, só resta uma desconsolada obrigação de viver.”
Essas tão patéticas palavras, o grande cientista alemão não dirige à primeira esposa nem à segunda, ou a suas numerosas amantes, mas sim à primeira namorada, Marie Winteler.
Ela era a filha da família com que ele se hospedara por um ano, enquanto se preparava concluir a madureza. Na prática, contudo, esse amor foi tão intenso quanto efêmero: em breve o jovem estudante se fixaria em Mileva Marić.
Ainda assim, essas cartas para sua paixão de juventude – que ficaram ocultas no Museu Histórico de Berna, até serem publicadas em 2018 – revelam o gênio do século como um romântico com uma queda para o transbordamento: “Que alegria infinita este sentimento: somos juntos uma alma. O amor nos faz grandes e ricos, e nenhum Deus pode tirá-lo de nós.”
Essas cartas de amor revelam, acima de tudo, alguém que amava a ciência, a amizade e as mulheres. Portanto Albert Einstein não era só o gênio admirado por todos: ele era também um homem perfeitamente normal.
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Postado em: 04:05
Internacional
Três irmãos são acusados de drogar e estuprar mulheres por mais de uma década nos EUA
Al Diaz/Miami Herald via AP
Autoridades dos Estados Unidos acusaram, nesta quarta-feira (11), três irmãos por tráfico sexual, em um caso no qual se alega que eles utilizaram suas conexões de alto nível no mundo imobiliário de luxo para abusar de mulheres durante anos.
Os gêmeos Alon e Oren Alexander, de 37 anos, junto com seu irmão Tal, de 38, foram acusados de terem utilizado “engano, fraude e coerção” — incluída a promessa de alojamentos de luxo — para se dedicar ao tráfico sexual, assim como para drogar, agredir sexualmente e estuprar dezenas de mulheres.
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Eles usavam “sua riqueza e suas posições de destaque no setor imobiliário para criar e facilitar oportunidades” para cometer os crimes, disse a promotoria do distrito sul de Nova York em comunicado.
As agressões datam pelo menos de 2010 até 2021, de acordo com os promotores.
Oren e Tal são os fundadores da imobiliária Official, com escritórios em Miami e Nova York. Já Alon trabalhava na empresa de segurança privada da família, segundo a imprensa americana.
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Oren Alexander e Tal Alexander falam em um painel em 3 de setembro de 2013, em Nova York
Amy Sussman/arquivo AP
Há apenas dois anos, o jornal The New York Times dedicou aos irmãos um artigo que detalhava seus sucessos no setor imobiliário, incluída a venda de uma cobertura de 2.230 m² em Manhattan por 234 milhões de dólares (R$ 1,4 bilhão).
Tal ostentava um estilo de vida “sem folgas”, exibindo constantemente residências glamorosas para clientes ricos.
Os três irmãos atraíam mulheres para eventos e festas, as drogavam com cocaína, cogumelos e ácido gama-hidroxibutírico, conhecido como GHB, e abusavam delas, segundo os promotores.
Os Alexander e as pessoas de seu entorno usavam “as redes sociais, aplicativos de namoro, encontros em pessoa […] e promotores de festas que recrutavam mulheres para esses eventos”, acrescentaram.
Susan Necheles, advogada de Oren, disse em comunicado que seu cliente é inocente e que “as provas vão demonstrar que nem ele nem seus irmãos cometeram crime algum”.
Alon, Oren e Tal são acusados dos crimes de participar em conspiração para tráfico sexual e tráfico sexual por força, fraude ou coação, que têm como pena máxima a prisão perpétua.
Tal também responde a uma segunda acusação de tráfico sexual por força, fraude ou coação.
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Postado em: 03:04
Internacional
Turismo de guerra atrai viajantes à Ucrânia e levanta questões morais
Antes do conflito e da invasão russa, a Ucrânia era procurada por turistas em busca de novos destinos na Europa. O dinamismo de Kiev, os cassinos, lojas de luxo e edifícios históricos e religiosos da capital também atraíam os visitantes, assim como as praias, florestas e montanhas do país. Atualmente, a Ucrânia desperta o interesse de outro tipo de viajantes, seduzidos pelo chamado “turismo de guerra”.
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O site de turismo Visit Ukraine afirma que embora a lei marcial esteja em vigor no país e o tráfego aéreo suspenso, os estrangeiros ainda podem entrar e sair da Ucrânia por terra, seguindo algumas regras. Entre elas, ter um passaporte válido, em alguns casos um visto e um bom seguro de saúde que inclua cobertura para riscos militares.
Uma vez no país, o site lembra que é necessário respeitar o toque de recolher, ficar atento aos alarmes de ataques aéreos, andar sempre com um documento de identidade e evitar lugares muito cheios e multidões.
As instruções parecem de uma viagem até certo ponto normal, se não fosse pelo fato de o país estar em guerra há quase três anos. Além do custo humano e material, o conflito atingiu duramente o setor turístico. Publicado em meados deste ano, um estudo da Unesco estimou o custo dos danos à cultura e ao turismo no país em US$ 3,5 bilhões.
Para sobreviver, as agências locais oferecem passeios chamados Donation Tours, que acompanham missões humanitárias para localidades destruídas pela guerra. Parte da renda do passeio é convertida em ajuda para organizações humanitárias e para o país.
Visit Ukraine, por exemplo, fundado em 2018, se dedicava à promoção e popularização do turismo ucraniano no mercado interno e externo, mas depois da guerra, teve que rever suas atividades.
No site, um pacote de dois dias de visita a Mykolaiv, cidade do sul do país que foi palco de bombardeios russos e apagões constantes, custa € 1.871 (R$ 11.880). O passeio de dois dias inclui pontos de distribuição humanitária e um tour pela cidade. Tudo acompanhado por um guia local e um intérprete.
Como toda viagem turística também estão incluídas compras de lembranças, jantares nos restaurantes locais e sessão de fotos. Visitas do mesmo tipo também existem para a região de Kherson.
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Visita ‘com respeito’
Bombeiros trabalham em local de ataque russo em Kharkiv, na Ucrânia, em 10 de maio
Vyacheslav Madiyevskyy/Reuters
O espanhol Alberto Blasco Ventas, de 23 anos, é um destes turistas em busca de emoções fortes.
“É minha primeira vez numa zona de guerra”, afirma, emocionado, o engenheiro espanhol. “Estou com um pouco de medo, não vou mentir, numa zona de guerra nunca se sabe.”
Para chegar à Ucrânia, Blasco primeiro superou a relutância da sua família e amigos. Voou para a Moldávia e depois fez uma viagem de trem de 18 horas.
Após visitar a ponte de Irpin, destruída na guerra e depois reconstruída, passou por um cemitério de veículos queimados em Borodianka, uma cidade devastada no início da invasão russa.
O espanhol, que se considera um “influencer”, gravou cada etapa da viagem, que pretende publicar no seu canal no YouTube, que tem 115.000 assinantes. O “hospital psiquiátrico mais horrível” dos Estados Unidos e a “fronteira mais perigosa” do mundo, entre China, Rússia e Coreia do Norte são algumas das reportagens realizadas por ele e publicadas no seu canal.
Para as pessoas que consideram a viagem algo mórbido ou imoral, Blasco responde que faz a visita “com respeito”.
Excursões à linha de frente
Bombeiros combatem fogo após ataque russo em área residencial de Kharkiv, na Ucrânia
Yevhen Titov/Associated Press
As excursões geralmente se concentram em Kiev e nos subúrbios devastados pelos soldados russos no início de 2022. Mas algumas se aproximam do front, incluindo uma visita de vários dias ao sul da Ucrânia por € 3.300 (R$ 20.942).
O americano Nick Tan, que trabalha numa empresa de tecnologia em Nova York, visitou áreas distantes de Kiev. Em julho, ele viajou até Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, alvo de bombardeios constantes das forças russas, posicionadas a cerca de 20 km de distância.
“Eu queria ver porque considero que as nossas vidas no Ocidente são muito confortáveis e fáceis”, disse Tan, de 34 anos.
Ele conta que desejava se aproximar ainda mais da linha de frente, mas o guia turístico se negou.
O autodenominado caçador de emoções diz que já praticou paraquedismo e faz aulas de boxe, além de frequentar festas de música eletrônica.
“Saltar de um avião, festejar à noite e dar socos na cara das pessoas não era mais suficiente. Qual era a próxima opção? Ir para uma zona de guerra”, disse.
‘Dinheiro manchado de sangue’
Pessoas observam obra de Tvboy na parede da casa da cultura de Irpin, perto de Kiev, na Ucrânia: com o dedo em riste, uma menina com um urso de pelúcia na mão, vestida com as cores da bandeira ucraniana, fala com um soldado armado
Valentyn Ogirenko/Reuters
O interesse dos turistas surpreende alguns moradores de Irpin, que vivem sob ameaça constante de ataques aéreos russos.
Mikhailina Skorik-Shkarivska, vereadora de Irpin e ex-vice-presidente de Bucha, palco de um dos piores massacres de civis da guerra, diz que a maioria dos moradores não se importa com este “turismo sombrio”, mas alguns consideram que a renda gerada por ele é um “dinheiro manchado de sangue”.
“Por que eles estão aqui? Por que querem ver a nossa dor?'”, disse a vereadora sobre as reações de alguns moradores.
Mariana Oleskiv, diretora da Agência Nacional de Desenvolvimento Turístico, admite que o turismo de guerra levanta muitas questões éticas, mas afirma que o mercado pode crescer.
No ano passado, o país registrou quatro milhões de visitantes estrangeiros, segundo Oleskiv, o dobro de 2022, embora sejam principalmente visitas de negócios.
A Ucrânia prepara-se para o pós-guerra e já assinou acordos com as empresas Airbnb e TripAdvisor. “A guerra chamou a atenção para a Ucrânia, então temos uma marca mais forte. Todos conhecem o nosso país”, disse Oleskiv.
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Postado em: 02:04
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