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Internacional

Milei e Trump nascem do medo e são um ‘fascismo de novo tipo’, diz Gustavo Petro

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Em entrevista exclusiva ao g1 e à Globonews, presidente da Colômbia disse que apostar nas eleições na Venezuela foi um erro e criticou a ideia do Brasil de explorar petróleo na Amazônia. Petro: Milei representa ‘novo tipo de fascismo’
Expoente de uma esquerda em busca de renovação, num continente cada vez mais instável e dividido, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, decreta que “o neoliberalismo morreu, é coisa do passado”. Para o mandatário, o rival argentino Javier Milei, adepto de uma visão ultra-liberal da economia, se apega a teorias anacrônicas e ficará isolado na região. Na visão de Petro, o que ocorreu no G20 já foi uma mostra disso.
Em entrevista exclusiva ao g1 e à GloboNews, a primeira que concedeu à imprensa brasileira, Gustavo Petro classifica Milei e Donald Trump como “fascistas de novo tipo”, que surgem a partir do medo de uma parcela da população em perder privilégios e enfrentar mudanças na sociedade.
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Petro conversou com a reportagem logo após a sessão da cúpula do G20 que tratou de combate à fome e à pobreza. O colombiano sentenciou: não existirá multilateralismo enquanto houver poder de veto no Conselho de Segurança da ONU ou quando as decisões tomadas nas conferências climáticas não forem obrigatórias.
O colombiano admite que foi um erro apostar em eleições democráticas na Venezuela, mas entende que qualquer solução para o impasse venezuelano passa pelo fim das sanções econômicas dos Estados Unidos e por novas eleições presidenciais no país.
O mandatário reforçou as críticas à exploração de petróleo na margem equatorial, com o argumento que este é um antagonismo insolúvel. “Explorar petróleo na selva é uma contradição em termos, porque esse petróleo vai matar a selva, e se morre a selva, morre a humanidade.”
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Confira a entrevista com o presidente da Colômbia:
Presidente colombiano, Gustavo Petro, durante discurso em evento no dia 9 de maio de 2023
Luisa Gonzalez/REUTERS
Para o Brasil, as questões fundamentais no G20 são: multilateralismo, com a reforma do Conselho de Segurança da ONU; tributação dos super-ricos e discussões sobre clima. Acha que há espaço para avanços nessas agendas? Qual avaliação o senhor faz sobre as discussões do G20?
“Acredito que o grande problema hoje são os Estados Unidos. Hoje [no G20] havia um vai-e-vem em alguns dos pontos dessa agenda, mas é a última reunião [de Joe Biden]. A entrada de Trump e o gabinete que ele anunciou mostram uma atitude contrária à resolução dos principais problemas da humanidade. E me refiro basicamente à crise climática, que me parece ser a mãe de todos os problemas.
A guerra mesmo tem a ver com a disputa por combustíveis fósseis, que são a base da crise climática. A fome vai crescer exponencialmente com a crise climática e, portanto, o êxodo. Há uma atitude paradoxal do governo estadunidense: querem deter a imigração, mas negam a crise climática, que é o que faz acelerar o êxodo. É uma espécie de escorpião que morde seu próprio rabo.
A posição do Brasil em defender a reforma da governança global é acertada. Eu tenho outras palavras para expressar o que chamo de multilateralidade. Duas ações concretas que precisamos construir: uma é o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU. Isso destrói a multilateralidade. É uma decisão unilateral que se impõe ao resto do mundo. Outro problema que precisa ser resolvido são as COP [Conferências do Clima]. Elas não são vinculantes, são simplesmente declaratórias.
E por isso não resolvem nada. Se as COP se tornarem vinculantes, com decisões obrigatórias votadas pela maioria das nações do mundo, veríamos surgir uma democracia global, que aceita a diversidade, que não se impõem a ninguém. Isso levaria a um verdadeiro multilateralismo.”
A postura da Argentina nas negociações espantou diplomatas de vários países. A Argentina se recusou a assinar uma declaração sobre igualdade de gênero. Mudou de posição na discussão sobre taxar super-ricos. O que esperar de Javier Milei daqui pra frente?
“Não se pode esperar nada. Ele é defensor de um anacronismo. Ele mesmo não se deu conta de que seu discurso de liberdade de mercado é o que existe no mundo faz 40 anos e é o que nos levou à crise climática, ao aumento da pobreza e das doenças, como a Covid. A teoria econômica de Milei é um fiasco ante à realidade. E o mundo, depois de meio século, está saindo do neoliberalismo.
Até mesmo Trump tem outra perspectiva, quando fala de protecionismo, está saindo da teoria neoliberal. Busquemos alternativas porque sabemos que o livre-mercado nos leva a ausências básicas. Veja a Covid, quanta gente morreu e que poderia ter sido salva se houvesse uma regulação pública de medicamentos essenciais, como as vacinas.
A defesa do neoliberalismo é um discurso anacrônico, velho e absolutamente refutado pela realidade mundial. Por isso o discurso de Milei [no G20] quase não foi aplaudido, nesse fórum dos países mais poderosos do mundo. Ele vai ficar isolado. Não há um retorno ao neoliberalismo. Ele [Milei] tem como aliados forças econômicas muito poderosas que respaldam o que eu chamo de capital fóssil da indústria, que está por trás da ganância do petróleo, do carbono e dos ramos industriais derivados e sustentados por carbono e petróleo.
É isso que está produzindo a crise climática. Por isso a negam, não a aceitam, porque ao aceitar e ao atuar criativamente e proativamente para superar a crise climática teriam que aceitar que seus paradigmas teóricos não funcionam. É um erro achar que a liberdade do mercado nos leva à maximização do bem-estar, mas sim à destruição do ser humano.”
Qual é o impacto da eleição de Trump para a Colômbia, que tem uma comunidade imensa nos Estados Unidos?
“A comunidade colombiana nos Estados Unidos se divide em duas: uma minoria, que pode votar nos Estados Unidos, e uma maioria, que é ilegal, que está clandestinamente no país e não pode votar como todos os imigrantes não-legais. A minoria colombiana que vota, votou majoritariamente no Trump, principalmente na Flórida.
É uma situação antidemocrática, mas real. Votam contra seus próprios compatriotas. É uma circunstância psicológica que chamam de ‘teoria da escada’: aquele que subiu, tira a escada para que o que está atrás não consiga subir.
É um egoísmo social profundo, que não leva a nada, porque muitos dos colombianos, que inclusive votaram em Trump, vão sofrer as consequências da discriminação nas ruas. Não perguntam se você é legal ou ilegal, e sim olham o seu rosto, a cor de pele, e quem se parece latino-americano, independentemente de sua região, condição econômica e ética, vai ser discriminado.”
Qual deve ser a postura de Trump com a Colômbia em relação à guerra às drogas?
“A Colômbia foi fiel à política dos Estados Unidos durante meio século desde que foi criada, há exatos 50 anos, por Nixon. E é um fracasso total, porque nos Estados Unidos a política da guerra às drogas resulta em milhões de americanos presos, geralmente negros e latinos, e o surgimento de uma droga pior do que aquelas que foram proibidas no início, que eram a maconha, o LSD, cocaína: é o fentanil.
A cocaína produz mais ou menos 4 mil mortes por ano por overdose, enquanto o fentanil produz 100 mil. Do lado sul-americano e latino-americano, as máfias de hoje são muito mais poderosas. Já não são uma máfia colombiana, são máfias multinacionais: europeias, latino-americanas, norte-americanas e asiáticas. São cinco vezes mais poderosas que Pablo Escobar, por exemplo.
E, o que temos, são as mortes causadas pela guerra, seja entre cartéis, de cartéis contra cidadãos, seja o próprio Estado sobre os cartéis, etc. São um milhão de mortos, o que transforma a América Latina na região mais violenta do mundo, mesmo em comparação às guerras. Então, qual é o saldo final? Um fracasso total. O que Trump pensa sobre isso?”
Ou seja, hoje estamos pior do que há 30 anos?
“Estava lendo o último relatório das Nações Unidas que recebi, e fala de algo que me preocupou muito: o crescimento da procura de cocaína por parte da China e da Índia. Devido ao tamanho da população desses dois países, que já tem 2,7 milhões consumidores, segundo a ONU, praticamente é uma guerra perdida.
Uma procura muito maior, como a da China e da Índia, tornaria praticamente invencível o mundo da máfia, a menos que mudemos a nossa estratégia. E a estratégia em relação à cocaína, na minha opinião, é a mesma que a da maconha. Realmente não entendo como eles deixaram tantas pessoas morrerem assassinadas pelas plantações de maconha e pelas guerras entre máfias na Colômbia e em outros países, quando agora ela é comprada de graça em Wall Street.
E toda Wall Street cheira à maconha. Todas as vidas humanas derramadas, perdidas. O que é o reconhecimento de um erro meio século depois dos Estados Unidos e de outros países, mas com um paradoxo e um cinismo sem igual, porque durante esses 50 anos morreram centenas de milhares de latino-americanos.”
O senhor defende a regulamentação?
“Acho que a política de Portugal, por exemplo, pode ser a mais certeira. Tenho estudado um pouco isso, eles cobram por ter doses, quantidades desse tipo de droga, é uma taxa, é uma multa. Quem quiser consumir livremente essas substâncias tem que pagar, mas não para a máfia, porque a máfia compra, com isso, armas, funcionários, gera corrupção, gera violência, gera destruição democrática, mas ao Estado, e isso poderia ser usado para financiar campanhas de prevenção que, como no caso colombiano por exemplo, reduziram substancialmente o consumo de cigarros, de nicotina.
Quase, praticamente, já não se vê mais um cigarro em reuniões privadas e públicas na Colômbia. Ou o próprio álcool, não vejo mais bêbados na rua, que antes se via, passeando de uma rua para a outra por causa da embriaguez. Hoje o consumo é muito restringido, muito interno, muito íntimo, vamos chamar assim. Pode haver consumo social, mas não aparece no espaço público.
Isso me parece um sucesso, porque se deve a uma política educacional, não a uma política repressiva. Não é a polícia, é a educação, é o cérebro humano. E se isso fosse aplicado a essas outras drogas, incluindo a cocaína, que é o nosso grande problema, então teríamos sucesso. Então, em vez de mortos, teríamos pessoas educadas. Melhores consumidores, consumos não problemáticos.”
Representantes do regime de Nicolás Maduro têm feito ofensas a figuras do governo brasileiro, como o próprio presidente Lula. Como Brasil e Colômbia deveriam tratar a Venezuela daqui em diante?
“Acredito que as eleições [na Venezuela] foram um erro, vendo hoje. Fui um defensor de que fossem realizadas, mas não há voto livre se há um bloqueio [dos Estados Unidos]. Assim como se criticam as eleições sob o ponto de vista do comportamento obscuro do governo venezuelano — não houve clareza sobre o que afirmam, que ganharam as eleições, ficou obscuro porque não mostraram as atas — igualmente, e talvez seja mais sombrio, é que se force um país a fazer eleições quando há um fuzil na sua cabeça, que é o bloqueio econômico.
Estão lhe dizendo que se você não votar no candidato que eu quero, você morre de fome. As eleições livres não são assim. Então, alcançar o objetivo, hoje difícil, de realizar eleições verdadeiramente livres, que impliquem garantias plenas. Não pode haver garantias se aquele que vota na oposição vai preso no dia seguinte, sob ameaça de prisão. Mas também, garantia de voto livre para quem quiser votar na facção política que defende o governo. E essa liberdade significa que não haverá bloqueio no seu país.
A queda do bloqueio e a opção de garantias plenas para todos os que participam são as bases das eleições livres, que devem ser alcançadas a médio prazo. Temos que deixar passar um pouco de tempo do que aconteceu.
A exigência de uma mudança radical no governo neste momento não é realista, mas acredito que chegará um momento em que a Venezuela saberá, que o seu povo saberá, que é concordando entre si que irão livrar seu país de agentes nocivos para a sua sociedade, vindos das potências mundiais mais interessadas no petróleo do que em outra coisa. Nessa perspectiva, acredito que o lado colombiano deve insistir numa solução política, mas isso implica o levantamento do bloqueio e eleições livres para todos os que participam.”
Lula cumprimenta o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, na cúpula do G20, no Rio de Janeiro
Presidência do Brasil/Divulgação via Reuters
No ano passado, o senhor criticou publicamente, diante do presidente Lula, a ideia de explorar petróleo na Amazônia. O Brasil caminha para fazer a exploração da chamada margem equatorial, na Foz do Rio Amazonas. É possível compatibilizar a exploração de petróleo na Amazônia com a defesa do meio ambiente?
“Não, não! Petróleo e vida são antagônicos hoje no mundo. A ciência descobriu que vivemos uma crise climática. O que se choca com a ciência, se choca com o progressismo. No fim das contas, progressismo, politicamente, é colocar a razão na frente da paixão, não anular a paixão, mas é a razão que ilumina o ser humano desde a sua criação. O petróleo não tem culpa, o carvão também não. O problema é seu uso de maneira crescente e acumulada por um sistema econômico que é o capitalismo, que se baseia, precisamente, em acumular e gerar ganância.
A ambição, seja em nível individual, seja em nível do sistemas econômicos, vai contra a vida. É uma contradição antagônica. Ambição versus a vida. Estamos às portas de dias que vão estremecer o mundo e, dependendo que forças ganhem, vamos saber se viveremos ou não nesse planeta. Então, temos que tomar posições.
A selva amazônica é um dos pilares climáticos do mundo. Não pode perecer. Se perecer, vamos entrar na época do ponto sem retorno. Explorar petróleo na selva é uma contradição em termos, porque esse petróleo vai matar a selva, e se morre a selva, morre a humanidade.”
A extrema-direita tem ganhado espaço em muitas partes do mundo. Fala-se em uma onda de direita, um ciclo de direita. Por que isso está acontecendo?
“Precisamente por causa da atuação política frente à crise climática, eu chamo essa extrema-direita, lamentavelmente, de fascismo de novo tipo.”
Milei é fascista, por exemplo?
“Um fascismo de novo tipo. O fascismo italiano, ou alemão, ou espanhol, de meados do século 20, não era defensor do livre-comércio ou do livre-mercado. Era protecionista. Milei é do livre-mercado, é o discurso que ele sempre faz. Trump é protecionista. Há uma diversidade nos termos que faz com que não possamos igualar [ao fascismo do passado] porque a história não é igual. Mas, se tem algo que se equipara ao fascismo, é a eliminação violenta da diferença. Esse é o ponto comum. E querem eliminar a diferença porque tem medo.
Os nazistas chegaram ao poder pelo medo. Havia uma classe média e uma classe trabalhadora muito temerosa na Alemanha com a crise econômica de 1929. Hitler teve a astúcia de vincular a fome na Alemanha com os judeus e produziu um genocídio que se estendeu por toda a Europa. Foram 50 milhões de europeus mortos, a maioria soviéticos. A aliança contra o nazismo foi entre Estados Unidos e União Soviética.
Olha como é diferente hoje. A sociedade dos Estados Unidos não parece estar disposta a aliar-se com movimentos progressistas do mundo para deter os nazistas, mas sim parece estar disposta a eleger um nazismo em sua própria sociedade e romper a aliança democrática. Isso parece também acontecer na Argentina e em outras partes do mundo.”
Quais medos existem hoje?
“Medo da crise econômica, medo da crise climática, que estão relacionadas. A classe média sente que seu conforto está em xeque, porque seu conforto se deriva do consumo de combustíveis fósseis. Há medo da liberdade da mulher. Os homens, não todos, mas uma parte muito grande, tem medo de uma mulher independente porque deixa de segurá-la, de dobrá-la, de possuí-la, e isso quebra completamente uma tradição de milênios na história da humanidade. O patriarcado, que se chama. Muitos eleitores do Trump diziam: ‘como vamos deixar que as mulheres imponham suas decisões?’.
O medo do imigrante, que não é o judeu da época de Hitler, mas o latino-americano, o africano, o árabe, o asiático. Reproduzem a concepção dos romanos e bárbaros. Nos consideram bárbaros e se consideram a civilização. O Brasil realizou no mês passado eleições locais em que a esquerda teve um desempenho muito ruim. O mesmo se vê em outros países, como nos Estados Unidos. Muita gente diz que a esquerda está com discurso antigo e não consegue mais falar com os trabalhadores. Como vê isso?
Não se pode comparar uma eleição local com uma nacional. O progressismo pode ganhar nacionalmente e perder localmente. No caso dos Estados Unidos é muito diferente. Trump não ganhou. Ele não aumentou seus eleitores. Quem perderam foram os democratas. Tiveram milhões de votos a menos. Quando a gente olha, quem eles perderam? Os jovens. A juventude não passou a votar em Trump. Eles simplesmente não votaram.
É por Gaza, pelo apoio ao genocídio que Biden e os democratas foram cobrados. Perderam por apoiar o genocídio em Gaza. Por isso a juventude não votou. Então, não é que houve um milagre para a direita. Foram erros do progressismo, fundamentalmente nos Estados Unidos.”

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Postado em: 05:06

Internacional

Departamento de Justiça dos EUA quer que Google venda o navegador Chrome

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Proposta visa frear monopólio do Google e impõe restrições ao Android para evitar o favorecimento de seu mecanismo de pesquisa. O logotipo do Google é visto em um dos complexos de escritórios da empresa em Irvine, Califórnia, nos Estados Unidos
Mike Blake/Reuters/Arquivo
O Departamento de Justiça dos EUA está recomendando a separação entre o Google e o navegador Chrome. Os reguladores sugerem a venda do serviço como medida para evitar o monopólio da empresa no setor de buscas.
A proposta, divulgada nesta quarta-feira (20) em um documento de 23 páginas, ainda inclui restrições para impedir que o Android favoreça o mecanismo de busca do Google.
O Chrome, navegador mais usado no mundo, é essencial para os negócios da big tech, fornecendo dados dos usuários que permitem segmentar anúncios de maneira mais eficaz e lucrativa, segundo a agência Reuters.
“O campo de jogo não é nivelado devido à conduta do Google, e a qualidade do serviço reflete os ganhos ilícitos de uma vantagem adquirida ilegalmente”, afirmou o Departamento de Justiça em suas recomendações. “A solução deve fechar essa lacuna e privar o Google dessas vantagens”, completou.
Kent Walker, diretor jurídico do Google, atacou o Departamento de Justiça por buscar “uma agenda intervencionista radical que prejudicaria os americanos e a tecnologia global dos Estados Unidos”.
Em uma postagem no blog, Walker alertou que a “proposta excessivamente ampla” ameaçaria a privacidade pessoal enquanto minava a liderança inicial do Google em inteligência artificial, “talvez a inovação mais importante do nosso tempo”.
Medida pode afetar o Android
Embora os reguladores não tenham exigido a venda do Android, afirmaram que o juiz deve deixar claro que a empresa pode ser obrigada a se desfazer de seu sistema operacional para smartphones. Isso acontecerá se seu comitê de supervisão continuar encontrando evidências de má conduta, segundo a agência Associated Press.
As penalidades propostas refletem a gravidade com que os reguladores do governo Biden veem a necessidade de punir o Google, após a decisão de agosto do juiz Amit Mehta, do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia, que classificou a empresa como monopolista.
A equipe do Departamento de Justiça que assumirá o caso com o presidente eleito Donald Trump no próximo ano pode adotar uma postura menos rígida. As audiências sobre a punição do Google estão previstas para abril, com a decisão final do juiz Mehta esperada até o Dia do Trabalho, em 1º de maio.
Se Mehta adotar as recomendações do governo, o Google será forçado a vender seu navegador Chrome de 16 anos dentro de seis meses após a decisão final. Mas a empresa certamente apelaria de qualquer punição, prolongando a disputa.
O navegador rival do Google, DuckDuckGo, cujos executivos testemunharam durante o julgamento do ano passado, defendeu as recomendações e afirmou que o Departamento de Justiça está apenas fazendo o necessário para controlar um monopolista flagrante.
Decisão será tomada no governo Trump
Ainda é possível que o Departamento de Justiça possa aliviar as tentativas de dividir o Google, especialmente se Trump der o passo amplamente esperado de substituir o procurador-geral adjunto Jonathan Kanter, que foi nomeado por Biden para supervisionar a divisão antitruste da agência.
Trump recentemente expressou preocupação de que uma separação possa destruir o Google, mas não elaborou penalidades alternativas que ele poderia ter em mente.
“O que você pode fazer sem dividir é garantir que seja mais justo”, disse Trump no mês passado. Matt Gaetz, o ex-congressista republicano que Trump nomeou para ser o próximo procurador-geral dos EUA, já havia pedido a dissolução das grandes empresas de tecnologia.
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Mortes em Gaza passam de 44 mil

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O número de mortos na Faixa de Gaza por conta da ofensiva militar desde o início da guerra entre Israel e o Hamas passou de 44 mil pessoas, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (21) pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
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As mortes, ainda segundo o ministério, foram provocadas por bombardeios ou incursões por terra de militares de Israel. O balanço inclui não detalha quantos eram civis e quantos, terroristas do Hamas e de outros grupos armados que atuam na Faixa de Gaza.
Já o governo de Israel afirmou que cerca de 17 mil mortos em Gaza eram terroristas.

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Postado em: 09:00

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Internacional

Rússia diz ter derrubado dois mísseis do Reino Unido disparados pela Ucrânia

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Os mísseis Storm Shadow, fornecidos pelo Reino Unido, aliados da Ucrânia, são feitos para destruir alvos estáticos e muito grandes. Míssil de cruzeiro Storm Shadow, fabricado pelo Reino Unido.
AP Photo/Lewis Joly, File
A Rússia disse nesta quinta-feira (21) que derrubou dois míssies “Storm Shadow”, produzidos pelo Reino Unido e utlizados pela Ucrânia.
Nesta semana, o governo britânico autorizou a Ucrânia a utilizar os artefatos para atacar o país vizinho.
O ministro da Defesa russo disse que foguetes norte-americanos também foram derrubados. “As defesas aéreas derrubaram dois mísseis de cruzeiro Storm Shadow produzidos pelo Reino Unido, seis foguetes HIMARS dos Estados Unidos e 67 veículos aéreos não tripulados”, disse.
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A Ucrânia disparou mísseis Storm Shadow, britânicos e de longo alcance, contra a Rússia nesta quarta-feira (20), segundo a agência de notícias norte-americana “Bloomberg”. Esta é a primeira vez que os ucranianos utilizam esse tipo de míssil na guerra, iniciada em 2022.
Os mísseis Storm Shadow têm um alcance de 250 km e são feitos para destruir alvos estáticos e muito grandes. Ainda não se sabe se os projéteiss disparados pela Ucrânia nesta quarta foram interceptados pelas defesas russas.
A utilização dos Storm Shadow ocorreu dias após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, permitir que os ucranianos usassem mísseis de longo alcance ATACMS contra o território russo. O primeiro uso dos ATACMS ocorreu na terça.
O Reino Unido havia declarado anteriormente que a Ucrânia poderia usar os mísseis de cruzeiro Storm Shadow dentro do território ucraniano, mas o governo vinha pressionando os Estados Unidos há meses por permissão para utilizá-los em ataques a alvos dentro da Rússia.
Era esperado que o Reino Unido autorizasse a Ucrânia a utilizarem o Storm Shadow dentro do território russo após a autorização dos EUA. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou na terça que os ucranianos “têm que ter o que for necessário” para vencer a Rússia.
Uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia
Míssil americano ATACMS em lançamento teste pelo Exército dos EUA em dezembro de 2021.
John Hamilton/U.S. Army via AP, File
A Ucrânia utilizou pela primeira vez os mísseis ATACMS, os artefatos de longo alcance cedidos pelos Estados Unidos, em um ataque ao território russo nesta terça-feira (19).
A Rússia, que considera o uso desses mísseis uma ingerência direta dos EUA, prometeu retaliação e, também nesta terça, flexibilizou seus parâmetros para o uso armas nucleares (leia mais abaixo), indicando uma escalada — o país é a maior potência nuclear do mundo.
O Ministério da Defesa russo afirmou que Kiev lançou seis mísseis ATACMS em direção a Bryansk, região no sudoeste da Rússia e perto da fronteira com a Ucrânia, durante a madrugada.
Ainda segundo o ministério, cinco mísseis foram interceptados e o sexto, parcialmente destruído. Apenas alguns destroços de um dos artefatos caíram perto de uma área do Exército, causando um incêndio sem danos estruturais.
Também não houve vítimas, completou a pasta.
O governo ucraniano não havia se manifestado oficialmente sobre o caso até a última atualização desta reportagem, mas fontes do governo dos Estados Unidos e do Exército ucraniano confirmaram o ataque com os mísseis ATACMS à agência de notícias Reuters.
É praxe de Kiev não se pronunciar em acusações de ataques em território russo.
Em entrevista coletiva no Rio de Janeiro, onde foi para participar da cúpula do G20, o chanceler russo, Sergey Lavrov, disse que o ataque “é um sinal que o Ocidente busca uma escalada na guerra”.
1.000 dias
Também nesta terça-feira (19), a guerra da Ucrânia completou 1.000 dias sem nenhuma perspectiva de fim — não há negociações de paz em andamento, e a situação no front de guerra está estancada. Atualmente, militares russos controlam cerca de 20% do território ucraniano, mas não conseguem avançar.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lançou recentemente um plano para expulsar de vez as tropas russas, mas não deixou claro como vai implementá-lo.
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ATAQUES PRECISOS A ALVOS A ATÉ 300 KM: os detalhes do ATACMS, míssil americano que a Ucrânia usou para atacar a Rússia
AVAL PARA USO DOS ATACMS: como a decisão de Biden pode ampliar guerra
Nova doutrina para armas nucleares
Mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto flexibilizando o uso de armas nucleares por parte de seu Exército. A medida atualiza a doutrina russa que específica momentos em que seria autorizado o uso de armas nucleares.
Com a atualização, a Rússia agora considerará fazer um ataque nuclear se seu território ou de Belarus, país aliado, enfrentem uma agressão “com o uso de armas convencionais que crie uma ameaça crítica à sua soberania e (ou) à sua integridade territorial”, segundo o texto.
A doutrina anterior, estabelecida em um decreto de 2020, dizia que a Rússia poderia usar armas nucleares no caso de um ataque nuclear por um inimigo ou um ataque convencional que ameaçasse a existência do Estado.
Segundo um Kremlin, foi uma “resposta necessária” diante de novas ameaças do Ocidente.
No domingo (17), o presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance ATACMS, fornecidos pelos americanos, para atacar o território da Rússia, revelou no jornal americano “The New York Times” no domingo (17).
A liberação do uso dos mísseis americanos pela Ucrânia ocorre como reação ao envio de tropas norte-coreanas para lutarem na guerra na Ucrânia ao lado dos russos, e marca uma mudança de posição de Biden sobre o tema, dois meses antes de que ele deixe a presidência dos EUA — desde o início da guerra, Washington vinha resistindo autorizar o uso de mísseis para evitar escalada no conflito.
A Rússia disse que Biden “quis jogar lenha na fogueira”.
Os mísseis ATACMS
ATACMS: os mísseis americanos que a Ucrânia poderá usar contra a Rússia
▶️ O que são os mísseis ATACMS? A sigla ATACMS significa Army Tactical Missile Systems (em português, Sistemas de Mísseis Táticos do Exército dos EUA). Leia mais sobre o míssil ATACMS aqui.
Os ATACMS são considerados um armamento avançado e permitem ataques com precisão a uma distância de até 300 km.
Por outro lado, a Rússia tem o mais vasto arsenal de mísseis do mundo — segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) —, como o 9k720 Iskander, que se assemelha às capacidades do ATACMS.
Veja a comparação entre os dois mísseis no infográfico abaixo:
Ficha técnica de mísseis ATACMS, dos EUA, e Iskander, da Rússia.
Bruna Azevedo/equipe de arte g1
Apesar do ATACMS ser considerado um míssil de longo alcance pelo governo dos EUA e pelo fabricante, Lockheed Martin, outros parâmetros, como o da enciclopédia Britannica e do CSIS o considerarem de curto alcance (até 480 km de distância).
De acordo com levantamento do CSIS, a Rússia tem ao menos tipos de 24 mísseis em seu arsenal, que variam entre mísseis de curto alcance, como o Iskander, até mísseis de cruzeiro e intercontinentais (alcance maior que 5.300 km).
Escalada do conflito
Presidente dos EUA, Joe Biden (à esquerda), e presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Reprodução
Até agora, a Ucrânia estava vetada de utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA. O disparo de mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA contra a Rússia era um tabu, porque o presidente russo, Vladimir Putin, considera que isso muda o caráter do conflito e havia prometido represálias. Entre as ameaças que fez ao Ocidente, Putin disse que realizaria testes nucleares.
Biden mudou de posição a menos de dois meses de deixar a Casa Branca. Em janeiro, o republicano Donald Trump assume a presidência americana, e não se sabe se ele manterá o apoio à Ucrânia no conflito.
A retirada da restrição ocorre em um momento de escalada nas tensões entre países da Ásia, da Europa e dos EUA. Uma nova fase da ofensiva russa em território ucraniano a partir de maio fez Otan e EUA, aliados da Ucrânia, considerarem a autorização para utilização de mísseis de longo alcance fornecidos aos ucranianos.
Com essa nova fase da guerra, os EUA começaram a levantar algumas restrições, deixando apenas a dos mísseis de longo alcance. Já países da Europa reforçaram os pacotes de ajuda financeira e o presidente da França, Emmanual Macron, chegou até a considerar enviar tropas francesas para a Ucrânia, e foi ameaçado por Putin.
▶️ Por que isso é importante? Os russos afirmam que uma linha vermelha seria ultrapassada se mísseis ocidentais fossem usados em seu território.
Zelensky e Biden após assinarem acordo nesta quinta-feira (13).
Alessandro Garofalo/Reuters
Os Estados Unidos e outros membros da OTAN –enquanto apoiam a Ucrânia com armas, treinamento e ajuda financeira– estão tentando evitar um confronto direto com a Rússia.
Por isso, a decisão de retirar a proibição do uso dos mísseis americanos de longo alcance é uma grande mudança na postura de Biden, que se manteve cauteloso sobre esse assunto durante seu governo. A permissão ocorre também após a vitória de Trump nas eleições dos EUA.
A agência de notícias Tass noticiou que parlamentares russos consideram a permissão para que a Ucrânia ataque dentro da Rússia com mísseis dos EUA um passo sem precedentes, que pode levar a uma terceira guerra mundial. A nota afirma, ainda, que a resposta será imediata.
A Rússia e a Coreia do Norte estreitaram relações –diplomáticas e militares–, o que levou ao posicionamento de tropas norte-coreanas para lutarem na Ucrânia ao lado das russas. Diante disso, o Pentágono já havia dito que não haveria restrição de armas que a Ucrânia poderia utilizar.
Segundo as autoridades americanas ouvidas pelo “The New York Times”, o temor de que Putin suba ainda mais o tom por conta da autorização do uso de mísseis americanos pela Ucrânia ainda existe, mas foi superado pela urgência do atual cenário da guerra.
Ucrânia e Rússia estão em guerra desde fevereiro de 2022, após uma invasão de tropas russas em território ucraniano. O avanço russo continua: na última semana de outubro, tropas de Putin fizeram o avanço mais rápido desde o início do conflito. Na Ucrânia, o presidente Zelensky apresentou um “plano da vitória” na guerra contra a Rússia aos EUA e ao Parlamento ucraniano em outubro.
A ameaça de Putin caso Ucrânia passe a usar mísseis de longo alcance contra a Rússia
Tropas da Coreia do Norte na guerra da Ucrânia
Míssil americano ATACMS em lançamento teste pelo Exército dos EUA em dezembro de 2021.
John Hamilton/U.S. Army via AP, File
Em meados de outubro, a agência de inteligência da Coreia do Sul disse ter descoberto o envio de 1.500 tropas norte-coreanas à Rússia. O número foi atualizado e a estimativa dos governos sul-coreano e ucraniano é que entre 10 e 12 mil soldados norte-coreanos sejam enviados até dezembro.
Segundo o “The New York Times”, esse número pode chegar até 50 mil soldados da Coreia do Norte fornecidos às forças russas, e eles poderiam ser utilizados em uma nova fase de ofensiva contra a Ucrânia.
Segundo a Coreia do Sul, cerca de 12 mil soldados norte-coreanos já foram enviados à Rússia em segredo e estão recebendo treinamento em bases militares russas. A inteligência ucraniana disse ainda que cerca de 12 mil soldados da Coreia do Norte já estão na Rússia, e o treinamento das tropas está ocorrendo em cinco bases militares.
Os EUA estimam que o emprego das tropas norte-coreanas na guerra foi concretizado no final de outubro.
O envolvimento da Coreia do Norte na guerra entre Rússia e Ucrânia aumentou o nível de alerta e as tensões com a Coreia do Sul e países do Ocidente membros da Otan. Os EUA, a Holanda e a própria Otan afirmaram terem provas do envio das tropas à Rússia, e consideram uma escalada “muito séria” no conflito. Autoridades de Seul afirmaram que o país avalia fornecer armas à Ucrânia como resposta.
O presidente russo Vladimir Putin disse nesta sexta que “é da nossa conta” se o país utiliza tropas norte-coreanas e pode fazer o que quiser para garantir a segurança da Rússia.
De acordo com o presidente, o Exército russo está avançando por todas as frentes de batalha no território ucraniano e encurralou um grande número de tropas na região de Kursk. Em meio à polêmica, parlamentares russos ratificaram um pacto com a Coreia do Norte que prevê assistência militar mútua.

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Postado em: 08:04

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